Michel Temer: o presidente quer marcar de ser um "reformador" (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de agosto de 2017 às 18h28.
Brasília - O presidente Michel Temer acompanha em seu gabinete a sessão da Câmara que analisa a denúncia por corrupção passiva contra ele e, segundo auxiliares, avalia até o momento o cenário como positivo. O fato de o governo ter conseguido garantir o quórum desde cedo e o ritmo acelerado da sessão são fatores apontados como favoráveis ao governo.
De acordo com interlocutores, Temer está finalizando o discurso que pretende fazer assim que a sessão for encerrada e espera barrar a denúncia.
Uma fonte disse que a linha adotada deve reforçar a identidade que o presidente quer marcar de ser um "reformador".
A agenda de reformas é, inclusive, a grande aposta de Temer para o pós-denúncia. O governo quer que o Congresso, assim que encerrar esse capítulo da denúncia, retome a sua pauta, principalmente em torno da reforma da previdência.
Há também, segundo fontes, na lista de prioridades do governo, o Refis, a reforma tributária e várias Medidas Provisórias que precisam ser votadas.
Há ainda a reforma política que o presidente mesmo admitiu já estar conversando e que, segundo um auxiliar, o governo quer incentivar o tema para que ele avance.
Para amanhã, o Planalto está planejando inclusive um evento para mostrar a "nova fase" do governo. Segundo uma fonte, há a tentativa de realizar algum anúncio na área do meio ambiente. A agenda, entretanto, ainda não está completamente fechada.
Apesar de o responsável por fazer as planilhas com previsão de votos, o deputado Beto Mansur (PRB-SP), afirmar que o placar contra a denúncia pode chegar a 300 votos, no Planalto, o discurso do resultado de hoje é de "cautela".
Interlocutores do presidente querem evitar que um placar mais baixo contamine o discurso e passe a ideia de que o governo terá dificuldades na Previdência, por exemplo, que precisa de 308 votos para ser aprovada.
Justamente por isso, o discurso dos auxiliares do presidente é que a votação de hoje "não é a mesma conta" para análise de outras matérias no Parlamento.
O governo também evita falar ainda de possíveis retaliações a traições na base. Segundo uma fonte, como o próprio presidente se empenhou em garantir o quórum de hoje, mesmo com votos contrários, a avaliação do cenário pós-denúncia também será cautelosa para que o governo consiga manter a pauta reformista.
No Planalto, a avaliação é de que a próxima denúncia não foi apresentada até agora porque a Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda está tentando juntar elementos para fortalecê-la.
Entendem ainda que a derrubada da primeira delas, como está previsto para esta quarta-feira, no plenário da Câmara, acabará por enfraquecê-la ainda mais.
Justamente por isso, auxiliares dizem que, derrubada a denúncia hoje, o presidente seguirá em busca da retomada da economia.