Sindicato denuncia tortura na Esplanada durante ditadura
Comitiva entregou à Subcomissão da Verdade do Senado relatório preliminar em que estão transcritas cerca de 20 horas de depoimentos de mais de 30 jornalistas
Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2014 às 16h49.
Brasília - A Comissão da Memória e da Verdade do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal denunciou nesta quarta-feira, 19, a existência de centros de tortura no período da ditadura militar em prédios das Forças Armadas localizados na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Uma comitiva entregou à Subcomissão da Verdade do Senado um relatório preliminar em que estão transcritas cerca de 20 horas de depoimentos de mais de 30 jornalistas.
Para o secretário-geral da comissão do sindicato, Francisco Cláudio Sant'Anna, a partir dos depoimentos que apontam os centros de torturas em prédios que sediavam, à época, os ministérios do Exército e da Marinha, é possível concluir que os chefes do governo militar estavam envolvidos nos casos de violação aos direitos humanos.
"Pelo menos quatro relatos apontam a existência, durante aquele período, de centros de tortura a menos de 500 metros do Palácio do Planalto. É uma prova cabal de que era de conhecimento da cúpula do poder a ocorrência de tortura contra jornalistas", afirmou.
O jornalista Hélio Doyle participou da audiência pública no Senado e foi um dos que revelou a utilização de prédios das Forças Armadas para torturas.
"Fui levado e colocado em uma pequena sala cercada de isolantes acústicos e com vidros. Não sei quanto tempo durou, talvez algumas horas. Depois fui retirado de lá e levado para o Setor Militar Urbano. Não voltei mais àquele local, mas para mim ficou muito claro que ali funcionava um centro de detenção", descreveu.
Armando Rollemberg contou ter sido encapuzado e levado a um lugar que se assemelha a uma das garagens existentes nos subsolos de prédios da Esplanada.
Sant'Anna explicou que já foram colhidas mais de 40 horas de depoimentos de jornalistas que sofreram de alguma forma com a ditadura militar.
"Foram sofrimentos desde a censura, do confisco de equipamentos, da demissão, além de prisão e tortura", destacou o integrante da comissão do sindicato. No relatório, a comissão destaca que houve jornalistas sequestrados, presos, "mantidos em cárceres secretos e submetidos a torturas físicas e psicológicas, entre as quais, simulações de fuzilamento".
As conclusões do sindicato, a partir dos relatos colhido, aponta o Pelotão de Investigações Criminais (PIC), ao DOI-Codi do Exército e o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) da Polícia Federal como responsáveis pelas ações em Brasília.
Após receber o relatório e ouvir relatos de alguns dos depoentes, o presidente da Subcomissão Permanente da Memória, Verdade e Justiça do Senado, João Capiberibe (PSB-AP), disse que vai colher mais depoimentos e fazer um requerimento para visitar as instalações dos prédios citados.
"É um fato novo porque aproxima muito o local de tortura do centro do poder. Vamos aprovar um requerimento para uma visita acompanhados das pessoas que, eventualmente, tenham sido torturadas nesses ambientes", disse o senador.
Brasília - A Comissão da Memória e da Verdade do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal denunciou nesta quarta-feira, 19, a existência de centros de tortura no período da ditadura militar em prédios das Forças Armadas localizados na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Uma comitiva entregou à Subcomissão da Verdade do Senado um relatório preliminar em que estão transcritas cerca de 20 horas de depoimentos de mais de 30 jornalistas.
Para o secretário-geral da comissão do sindicato, Francisco Cláudio Sant'Anna, a partir dos depoimentos que apontam os centros de torturas em prédios que sediavam, à época, os ministérios do Exército e da Marinha, é possível concluir que os chefes do governo militar estavam envolvidos nos casos de violação aos direitos humanos.
"Pelo menos quatro relatos apontam a existência, durante aquele período, de centros de tortura a menos de 500 metros do Palácio do Planalto. É uma prova cabal de que era de conhecimento da cúpula do poder a ocorrência de tortura contra jornalistas", afirmou.
O jornalista Hélio Doyle participou da audiência pública no Senado e foi um dos que revelou a utilização de prédios das Forças Armadas para torturas.
"Fui levado e colocado em uma pequena sala cercada de isolantes acústicos e com vidros. Não sei quanto tempo durou, talvez algumas horas. Depois fui retirado de lá e levado para o Setor Militar Urbano. Não voltei mais àquele local, mas para mim ficou muito claro que ali funcionava um centro de detenção", descreveu.
Armando Rollemberg contou ter sido encapuzado e levado a um lugar que se assemelha a uma das garagens existentes nos subsolos de prédios da Esplanada.
Sant'Anna explicou que já foram colhidas mais de 40 horas de depoimentos de jornalistas que sofreram de alguma forma com a ditadura militar.
"Foram sofrimentos desde a censura, do confisco de equipamentos, da demissão, além de prisão e tortura", destacou o integrante da comissão do sindicato. No relatório, a comissão destaca que houve jornalistas sequestrados, presos, "mantidos em cárceres secretos e submetidos a torturas físicas e psicológicas, entre as quais, simulações de fuzilamento".
As conclusões do sindicato, a partir dos relatos colhido, aponta o Pelotão de Investigações Criminais (PIC), ao DOI-Codi do Exército e o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) da Polícia Federal como responsáveis pelas ações em Brasília.
Após receber o relatório e ouvir relatos de alguns dos depoentes, o presidente da Subcomissão Permanente da Memória, Verdade e Justiça do Senado, João Capiberibe (PSB-AP), disse que vai colher mais depoimentos e fazer um requerimento para visitar as instalações dos prédios citados.
"É um fato novo porque aproxima muito o local de tortura do centro do poder. Vamos aprovar um requerimento para uma visita acompanhados das pessoas que, eventualmente, tenham sido torturadas nesses ambientes", disse o senador.