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Sete assessores de Flávio Bolsonaro fizeram depósitos para ex-motorista

Investigação da Revista VEJA mostra depósitos na conta de Fabrício Queiroz; ex-assessor de Flávio Bolsonaro também recebeu R$ 1,2 milhão

Flávio Bolsonaro: filho de Jair Bolsonaro disse confiar em Fabricio Queiroz e que ex-funcionário irá apresentar justificativas para os valores em sua conta (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Guilherme Dearo

Publicado em 8 de dezembro de 2018 às 11h29.

Última atualização em 8 de dezembro de 2018 às 11h48.

São Paulo - Uma conta do ex-policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz recebeu transferências bancárias de sete servidores da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que passaram pelo gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). As transferências foram descobertas pela Revista VEJA.

O levantamento foi feito por VEJA com base em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda. Segundo o relatório, esses servidores transferiram no total 116.556 reais para a conta de Queiroz entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017.

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Além dos servidores, o próprio Fabrício Queiroz depositou 94.812 reais nesta conta. A conta é do banco Itaú e a agência fica em Freguesia, bairro da zona oeste da cidade do Rio.

O ex-PM trabalhou durante cerca de dez anos com Flávio e foi seu motorista na Alerj. Registrado como assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz também era segurança do filho do presidente eleito Jair Bolsonaro . Queiroz foi exonerado do gabinete no último dia 15 de outubro.

Nessa semana, uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo revelou que o Coaf havia identificado uma movimentação atípica em uma conta de Queiroz, de R$ 1,2 milhão. O documento que revela a movimentação foi anexado pelo Ministério Público Federal (MPF) à investigação que criou a Operação Furna da Onça. Realizada em novembro, a operação da Polícia Federal prendeu dez deputados estaduais da Alerj.

Flávio Bolsonaro não é alvo direto da Operação Furna da Onça. Mas, a pedido da Polícia Federal, todos os deputados da Alerj tiveram suas contas bancárias esmiuçadas.

Os nomes dos servidores que fizeram os depósitos, citados de acordo com o relatório da Coaf, são: os da filha do ex-PM Nathalia Melo de Queiroz – que trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados -, o de sua mulher, Márcia Oliveira Aguiar, e dos servidores Agostinho Moraes da Silva, Jorge Luís de Souza, Luiza Souza Paes, Raimunda Veras Magalhães e Wellington Servulo Rômulo da Silva.

No documento do Coaf, o órgão cita uma “recorrência de transferências envolvendo servidores da Alerj”. Uma das transações suspeitas apontadas pelo órgão é a emissão de uma cheque de 24.000 reais para a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Segundo a Alerj, o salário de Fabrício Queiroz, antes da exoneração, era de 9.190 reais.

Defesa

Na sexta-feira (7), Flávio Bolsonaro disse que havia conversando com seu ex-funcionário Fabrício Queiroz e que recebera dele uma explicação plausível para o valor de 1,2 milhão de reais em sua conta.

Ele ainda disse que ficara incomodado e surpreso com o tema, mas que o ex-assessor ainda tinha sua confiança. Segundo o deputado, Queiroz iria dar explicações às autoridades sobre o dinheiro e provar a legalidade da movimentação.

“Hoje ele conversou comigo e fui cobrar esclarecimentos do que está acontecendo; não temos nada a esconder de ninguém e ele me relatou uma história bastante plausível”, disse Flávio Bolsonaro a jornalistas no Rio.

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