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Protestos dividem espaço com festa por abertura do Mundial

Policiais e manifestantes que ocuparam as ruas para protestar contra o Mundial entraram em confronto nas cidades-sede da competição


	Manifestantes queimam bandeira do Brasil durante protestos contra a Copa, em Belo Horizonte
 (Sergio Moraes/Reuters)

Manifestantes queimam bandeira do Brasil durante protestos contra a Copa, em Belo Horizonte (Sergio Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2014 às 09h51.

São Paulo/Rio de Janeiro - Enquanto brasileiros e estrangeiros enfeitados de verde-amarelo se reuniam nesta quinta-feira para assistir à partida de abertura da Copa do Mundo, policiais e manifestantes que ocuparam as ruas para protestar contra o Mundial entraram em confronto em cidades-sede da competição.

A manhã começou violenta na capital paulista algumas horas antes da abertura do Mundial. Manifestantes que pretendiam bloquear a avenida Radial Leste, principal via de acesso à Arena Corinthians onde o Brasil venceria a Croácia horas mais tarde por 3 x 1, entraram em confronto com policiais. Ao menos seis pessoas ficaram feridas, entre elas duas jornalistas estrangeiras.

As manifestações contra a Copa também tomaram as ruas de outras cidades. No Rio, a confusão teve início quando a Polícia Militar deteve um manifestante acusado de afrontar policiais na região dos Arcos da Lapa, tradicional ponto turístico carioca.

"Eu até gosto de futebol, mas a maneira que foi feita essa Copa a gente não pode concordar", afirmou um manifestante que se identificou apenas como Luciano e disse ser servidor público.

"A gente não protestou em 2007 quando o Brasil foi escolhido porque não tinha ideia da sangria que ia ser no país. O lucro fica com a Fifa e os patrocinadores, e o povo com nada. É um evento elitizado, mas quem paga é o povo", disse.

Temendo uma repetição dos atos de vandalismo ocorridos nos protestos do ano passado durante a Copa das Confederações, lojas e agências bancárias do centro do Rio estavam com portas fechadas ou com tapumes de madeira na fachada.

Também houve confusão na praia de Copacabana, onde a Fifa montou um local para o público assistir aos jogos da Copa em um telão. Um grupo de manifestantes que marchou pela orla danificou um quiosque e assustou pessoas que estavam no local.

Houve um reforço no policiamento, que contou com 5 mil policiais. Mais de 20 mil pessoas, em sua maioria estrangeiros, compareceram ao Fan Fest da Fifa para assistir ao jogo inaugural da Copa em Copacabana.

Em Belo Horizonte, um fotógrafo da Reuters foi atingido na cabeça durante um protesto no centro da capital mineira e foi levado para o hospital. A PM informou que 12 pessoas foram detidas durante os protestos, incluindo um menor.

"Que jeito horrível de começar a Copa do Mundo, era para ser um dia de festa", disse Liliane Durão, funcionária de um restaurante de Belo Horizonte, diante de um carro de polícia virado e de uma agência bancária com vidraças quebradas.

"Eu entendo as reclamações, mas isso não justifica a violência, especialmente quando o mundo está vendo."

Em Porto Alegre, cerca de 1 mil pessoas participaram de passeata que percorreu as ruas da cidade. Houve ao menos 10 detidos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, um PM foi ferido sem gravidade e dois manifestantes sofreram cortes nas mãos.

Hora de Torcer

A Copa tem sido alvo de protestos desde o ano passado. Manifestantes insatisfeitos com os investimentos no torneio, cujos gastos totalizaram 25,8 bilhões de reais, têm tomado as ruas de cidades do país para protestar contra serviços públicos deficitários nas áreas de saúde, educação, transporte e segurança.

Torcedores que lotaram a Arena Corinthians não pouparam a presidente Dilma Rousseff de constrangimento. Ela foi hostilizada e vaiada ao comemorar o gol de pênalti marcado por Neymar na vitória do Brasil sobre a Croácia.

Os preparativos do Brasil para a Copa foram alvo de críticas pelos atrasos e não realização de projetos de infraestrutura que haviam sido prometidos.

Dos 12 estádios, apenas dois ficaram prontos no prazo determinado pela Fifa, e a maioria das obras de infraestrutura atrasou, sendo que algumas delas foram abandonadas.

Apesar dos atos contrários à Copa, torcedores brasileiros e estrangeiros lotaram bares, ruas e os locais organizados pela Fifa para assistir aos jogos nas cidades-sede, os chamados Fan Fest.

"Apesar de toda polêmica, é a Copa do Mundo e nós somos brasileiros. Temos que esquecer tudo isso agora e torcer pelo Brasil", disse Natia Souza, torcedora que estava no centro de São Paulo.

O clima no estádio em São Paulo para a estreia da seleção brasileira foi de festa.

Torcedores vestidos com camisas do Brasil e com bandeiras e adereços verde-amarelos chegaram ao estádio num clima tranquilo e festivo, e encontraram nas arquibancadas um ambiente diferente da tensão que tomou conta das proximidades de ruas de acesso ao estádio.

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