Luiz Inácio Lula da Silva: presidente deu entrevista coletiva nesta quinta-feira, 18 (Ricardo Stuckert/PR/Divulgação)
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 14h15.
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, 18, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que defende “sem ressalvas” as investigações da Polícia Federal sobre as fraudes no INSS, mesmo diante de questionamentos sobre a suspeita de envolvimento de um de seus filhos, Fábio Luis Lula da Silva, conhecido como Lulinha, nos autos da Operação Sem Desconto.
“Se tiver filho meu metido nisso, será investigado”, disse o presidente. Segundo Lula, as apurações foram iniciadas e requisitadas pelo próprio governo, como parte do compromisso de combate às irregularidades no sistema previdenciário.
A declaração ocorre após a divulgação de trechos de uma decisão do ministro André Mendonça que embasou a nova fase da operação, deflagrada nesta quinta-feira.
A Polícia Federal identificou tratativas internas de que Antônio Carlos Camilo Antunes, apontado pela investigação como articulador do esquema, citando o pagamento de R$ 300 mil ao “filho do rapaz”, expressão usada em mensagens apreendidas.
As mensagens foram trocadas Camilo Antunes e Milton Salvador de Almeida Júnior, apontado como operador financeiro do grupo.
Nas mensagens, há a determinação para o pagamento de uma nova parcela no valor de R$ 300 mil e, diante do questionamento sobre o destinatário, a resposta foi dada de forma genérica. Em seguida, foi encaminhado um comprovante de transferência para a empresa RL Consultoria e Intermediações LTDA, que funcionaria como empresa de fachada do esquema.
A Polícia Federal afirma que, pelo contexto das conversas e pela dinâmica financeira identificada, o valor não correspondia à prestação real de serviços, mas sim a beneficiar o “filho do rapaz”. Relatórios de inteligência financeira citados na decisão indicam que a empresa recebeu R$ 18,27 milhões, parte relevante oriunda de companhias ligadas ao núcleo do esquema investigado.
A decisão judicial informa que a RL Consultoria tem como sócios uma empresária apontada como amiga de Lulinha e o pai dela. O texto do ministro André Mendonça e os relatórios citados, no entanto, não estabelecem ligação direta entre a expressão “filho do rapaz” e o filho do presidente.
Segundo um investigador, a referência ainda será apurada e, até o momento, não há conclusão sobre o destinatário final dos recursos.
Lulinha tinha o nome ligado às suspeitas envolvendo o INSS pela relação de proximidade com Antônio Carlos Camilo Antunes, apontado pela PF como o líder da organização criminosa responsável pelos descontos fraudulentos de aposentados.