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Discurso de Cardozo em comissão "não interessa", diz relator

Relator do impeachment elogiou oratória do ministro, mas afirmou que vai se ater ao conteúdo dos autos para dar parecer

Jovair Arantes, relator do processo de impeachment: "Não posso e não vou dar nenhuma margem para judicializar o processo". (Valter Campanato/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2016 às 14h36.

Brasília - O relator do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na comissão especial, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), confirmou que vai apresentar na quarta-feira, 6, a partir das 14 horas, seu parecer sobre a admissibilidade do processo.

Após a apresentação da defesa da petista, Jovair disse que o relatório está de 60% a 70% pronto, mas seus colegas só conhecerão o inteiro teor na hora da apresentação, já que o protocolo será feito durante a sessão.

O deputado disse ter passado a noite debruçado sobre a denúncia dos juristas Miguel Reale Júnior, Hélio Bicudo e da advogada Janaina Paschoal, além do conteúdo da defesa apresentada ontem pelo advogado-geral da União, ministro José Eduardo Cardozo.

Apesar de elogiar a oratória do ministro, Jovair disse que vai se ater ao conteúdo dos autos e que as oitivas realizadas na comissão não lhe acrescentaram nada.

"Só estou centrado no que está escrito no documento da defesa. O que falou José Eduardo Cardozo (na comissão) posso dizer que não me interessa", declarou.

Em tom crítico, o relator disse que, na exposição de ontem, o ministro falou de outras questões que estão fora do processo e que, portanto, não cabem em seu relatório, que terá um teor técnico.

Durante mais de uma hora e meia de apresentação, Cardozo insistiu que não há crime de responsabilidade configurado contra a presidente da República, que o andamento do processo é "golpe" e que sua abertura foi motivada por vingança do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "O meu relatório não vai se ater a outros problemas", avisou.

A preocupação da comissão é com a possibilidade de ações judiciais paralisarem o processo, por isso Jovair tem evitado dar pistas sobre qual será seu voto.

"Não posso e não vou dar nenhuma margem para judicializar um processo que é tão importante para o País", enfatizou.

O parlamentar disse que cabe a ele se concentrar na questão técnica dos autos, mas ressaltou que o clamor social "certamente vai servir para os deputados que vão votar".

"Se (um dos lados) julgar que não está contemplado (no parecer), que não vote o relatório e busquem outra alternativa que eles acharem melhor", destacou.

Sobre eventuais interferências externas, o relator afirmou que está se esforçando para se tornar imune a qualquer tipo de pressão. "Não posso deixar contaminar o relatório com esse tipo de comportamento (de pressão)", justificou. Jovair disse que não aceitará intimidações ou pressões que não sejam "republicanas".

Questionado sobre a possibilidade de perder espaço no governo com os cargos indicados por ele, Jovair respondeu que os cargos pertencem ao Estado e que não são seus.

"Demite quem tem a caneta e põe quem tem a caneta. É assim que vai acontecer, não estou preocupado com isso. Minha vida é no Legislativo".

Rito

Enquanto Jovair finaliza seu parecer, a cúpula da comissão discute a melhor forma de garantir que sua votação ocorra até a próxima segunda-feira, 11.

O presidente da comissão, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), estuda a possibilidade de iniciar a votação a partir da sexta-feira, 8, à tarde.

Os parlamentares contam com os governistas pedindo vista do relatório amanhã. Assim, seria necessário esperar mais duas sessões do plenário da Câmara para retomar a votação do parecer de Jovair.

A reunião de sexta-feira na comissão ocorreria após a sessão do plenário principal, que vem sendo feita pelas manhãs.

Se não for possível a sessão na sexta-feira, já se discute a possibilidade de realizar reuniões no sábado, 9, e no domingo, 10. Na segunda-feira, prazo final de apreciação do relatório, os trabalhos começariam na madrugada - provavelmente às 3 horas - e se estenderiam por todo o dia.

A pressão se deve ao calendário idealizado por Cunha, que quer levar a votação da admissibilidade do impeachment ao plenário no dia 15 e concluir a votação no dia 17, um domingo. Para que isso ocorra, o relatório precisa ser votado na comissão até segunda-feira, 11, ser lido no plenário e publicado no Diário Oficial até quarta-feira, 13, e assim poder ser pautado para o plenário 48 horas depois da publicação.

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Após a apresentação da defesa da petista, Jovair disse que o relatório está de 60% a 70% pronto, mas seus colegas só conhecerão o inteiro teor na hora da apresentação, já que o protocolo será feito durante a sessão.

O deputado disse ter passado a noite debruçado sobre a denúncia dos juristas Miguel Reale Júnior, Hélio Bicudo e da advogada Janaina Paschoal, além do conteúdo da defesa apresentada ontem pelo advogado-geral da União, ministro José Eduardo Cardozo.

Apesar de elogiar a oratória do ministro, Jovair disse que vai se ater ao conteúdo dos autos e que as oitivas realizadas na comissão não lhe acrescentaram nada.

"Só estou centrado no que está escrito no documento da defesa. O que falou José Eduardo Cardozo (na comissão) posso dizer que não me interessa", declarou.

Em tom crítico, o relator disse que, na exposição de ontem, o ministro falou de outras questões que estão fora do processo e que, portanto, não cabem em seu relatório, que terá um teor técnico.

Durante mais de uma hora e meia de apresentação, Cardozo insistiu que não há crime de responsabilidade configurado contra a presidente da República, que o andamento do processo é "golpe" e que sua abertura foi motivada por vingança do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "O meu relatório não vai se ater a outros problemas", avisou.

A preocupação da comissão é com a possibilidade de ações judiciais paralisarem o processo, por isso Jovair tem evitado dar pistas sobre qual será seu voto.

"Não posso e não vou dar nenhuma margem para judicializar um processo que é tão importante para o País", enfatizou.

O parlamentar disse que cabe a ele se concentrar na questão técnica dos autos, mas ressaltou que o clamor social "certamente vai servir para os deputados que vão votar".

"Se (um dos lados) julgar que não está contemplado (no parecer), que não vote o relatório e busquem outra alternativa que eles acharem melhor", destacou.

Sobre eventuais interferências externas, o relator afirmou que está se esforçando para se tornar imune a qualquer tipo de pressão. "Não posso deixar contaminar o relatório com esse tipo de comportamento (de pressão)", justificou. Jovair disse que não aceitará intimidações ou pressões que não sejam "republicanas".

Questionado sobre a possibilidade de perder espaço no governo com os cargos indicados por ele, Jovair respondeu que os cargos pertencem ao Estado e que não são seus.

"Demite quem tem a caneta e põe quem tem a caneta. É assim que vai acontecer, não estou preocupado com isso. Minha vida é no Legislativo".

Rito

Enquanto Jovair finaliza seu parecer, a cúpula da comissão discute a melhor forma de garantir que sua votação ocorra até a próxima segunda-feira, 11.

O presidente da comissão, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), estuda a possibilidade de iniciar a votação a partir da sexta-feira, 8, à tarde.

Os parlamentares contam com os governistas pedindo vista do relatório amanhã. Assim, seria necessário esperar mais duas sessões do plenário da Câmara para retomar a votação do parecer de Jovair.

A reunião de sexta-feira na comissão ocorreria após a sessão do plenário principal, que vem sendo feita pelas manhãs.

Se não for possível a sessão na sexta-feira, já se discute a possibilidade de realizar reuniões no sábado, 9, e no domingo, 10. Na segunda-feira, prazo final de apreciação do relatório, os trabalhos começariam na madrugada - provavelmente às 3 horas - e se estenderiam por todo o dia.

A pressão se deve ao calendário idealizado por Cunha, que quer levar a votação da admissibilidade do impeachment ao plenário no dia 15 e concluir a votação no dia 17, um domingo. Para que isso ocorra, o relatório precisa ser votado na comissão até segunda-feira, 11, ser lido no plenário e publicado no Diário Oficial até quarta-feira, 13, e assim poder ser pautado para o plenário 48 horas depois da publicação.

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