Still da primeira campanha em vídeo do ex-presidente Lula (YouTube/PT/Reprodução)
Reuters
Publicado em 22 de agosto de 2018 às 14h43.
Brasília - O PT soltou nesta quarta-feira o primeiro de seis vídeos já prontos para a campanha eleitoral, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato, mas dando destaque a Fernando Haddad, candidato a vice na chapa, em um primeiro movimento para tornar conhecido o nome que deverá substituir Lula no caso da provável impugnação da sua candidatura.
Os primeiros vídeos preparados pela campanha seguem o padrão de apresentar Haddad mas se concentrar em Lula como candidato. A dificuldade maior hoje para a equipe de comunicação petista é definir como e quando fazer a transição de uma campanha centrada em Lula para uma possível mudança para Haddad, no momento em que, muito provavelmente, o registro de Lula seja negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa.
Aos poucos, os vídeos serão usados para apresentar Haddad, mas nesse momento apenas como vice de Lula. Transformá-lo no candidato em vez do ex-presidente precisará de muita "delicadeza", disse uma fonte petista com conhecimento do assunto. Existe um vídeo em que Lula elogia pessoalmente o ex-prefeito, para ser usado no momento em que Haddad tiver que assumir o posto.
Já nestes primeiros vídeos, o partido apresentou uma pequena mudança no slogan da campanha e passou a incluir o nome do ex-prefeito para vinculá-lo a Lula e à campanha: "É Lula, é Haddad, é o povo, é o Brasil feliz de novo". Aos poucos, a idéia é transformar essa frase, em "Lula é Haddad", para mostrar que o ex-prefeito é o nome escolhido pessoalmente pelo ex-presidente.
O vídeo apresentado nesta quarta, de pouco mais de 2 minutos e meio, começa com imagens de Haddad falando e da marcha de milhares de pessoas que chegou a Brasília em 15 de agosto para o registro da candidatura de Lula.
"Muita gente imaginou que esse dia não chegaria, o dia do registro da candidatura do presidente Lula à Presidência da República. Achavam que o povo ia abandoná-lo, achavam que nós íamos abandoná-lo. Nada disso aconteceu. Todas as pesquisas de opinião dão Lula em primeiro lugar", diz o ex-prefeito de São Paulo, enquanto seu nome aparece ao lado, já com a estrela do PT e "vice-presidente" embaixo.
Em seguida, assina: "Eu sou Fernando Haddad, candidato a vice-presidente na chapa do Lula e te convido para essa caminhada por todo Brasil."
Haddad é o protagonista do primeiro minuto, mas em seguida passa para Lula, em uma das dezenas de vídeos que o ex-presidente deixou prontos nos últimos dias antes de ser preso. De blazer e camisa, sorridente, Lula agradece "a todo povo brasileiro que vai continuar indo para rua para defender a sua aposentadoria, para defender a sua educação, para defender o seu aumento de salário, sobretudo para defender o seu emprego e conquistar novos empregos."
"O governo não pode só falar em corte, corte, corte, corte e só corta dos mais pobres. Então é preciso mudar o tom da música. Nós já provamos que é possível o Brasil ser melhor. Só tem um jeito para o Brasil, é a gente voltar a acreditar no povo brasileiro, a gente voltar a inserir o povo na economia, com emprego, com financiamento, com crédito", diz ainda o ex-presidente.
"Eu acredito no Brasil e, juntos, seremos capazes de reconstruir esse país, economicamente e politicamente", conclui.
Segundo uma fonte ouvida pela Reuters, o partido já tem prontos seis vídeos, todos seguindo o mesmo padrão: Haddad inicia, se apresenta, fala de Lula e o ex-presidente aparece em um dos textos gravados antes de sua prisão, intercalado com imagens de pessoas defendendo sua candidatura.
Nas semanas posteriores ao julgamento pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que o condenou em segunda instância, o que faz com que seja enquadrado na Lei da Ficha Limpa, Lula começou a preparar uma série de vídeos com a sua equipe para a campanha eleitoral, prevendo a possibilidade de chegar a ser preso --mesmo que, no momento, nem ele nem sua equipe mais próxima acreditassem que isso aconteceria.
Outros tantos foram feitos durante os dois dias em que o ex-presidente se manteve entrincheirado com aliados no Sindicado dos Metalúrgicos do ABC, antes de se entregar à Polícia Federal.
Preso desde 7 de abril em Curitiba, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP), Lula não pode gravar áudios, vídeos ou dar entrevistas. Tem, no entanto, escrito cartas.
Esta semana, Haddad iniciou uma viagem de cinco dias pelo Nordeste, região em que Lula tem intenções de voto acima de 50 por cento em todos os nove estados. O ex-prefeito tenta se tornar conhecido na região como o nome de Lula, especialmente nos Estados onde o PT tem uma base forte e candidatos aos governos estaduais competitivos.