PSDB encaminha ação ao STF contra MP sobre dados telefônicos
Medida editada por Bolsonaro obriga empresas de telefonia a fornecerem ao IBGE dados de todos os cidadãos brasileiros que sejam clientes cadastrados
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de abril de 2020 às 14h22.
Última atualização em 20 de abril de 2020 às 14h24.
O PSDB encaminhou neste domingo, 19, ao Supremo Tribunal Federal uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra a medida provisória (MP) 954/20, editada na sexta-feira pelo presidente Jair Bolsonaro, que obriga empresas de telefonia fixa e móvel a fornecerem ao IBGE o nome, endereço, e número telefônico de todos os cidadãos brasileiros que sejam clientes cadastrados. A coleta dos dados visa, de acordo com o texto da medida, a "produção estatística oficial durante a situação de emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus".
Segundo o pedido do partido, "a inconstitucionalidade do ato é inequívoca" e "amplamente desassistida da necessária razoabilidade e proporcionalidade". "O perigo latente da medida legislativa é de tamanha envergadura que, podemos dizer, aproxima o ato de uma medida de exceção, típica dos Estados ditatoriais", informa a ação.
O pedido menciona a ação, em curso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sobre o uso de disparos de mensagens de WhatsApp em favor do atual presidente durante a campanha eleitoral de 2018 e aponta o risco de uso dos dados coletados pela MP para outros fins além dos desejados pela medida. "Se houver o nome e endereço de cada pessoa, além do disparo, é possível fazer o que de mais relevante há no marketing digital, ou seja, o microsegmentação de destinatários", informa a ação do partido.
A ação ainda cita medida semelhante que foi anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para a coleta, conforme informou em entrevista coletiva no último dia 9, de "dados anonimizados" para ações de inteligência contra o novo coronavírus. De acordo com a ação "a conduta abusiva da medida provisória muito difere daquela adotada pelo Governo do Estado de São Paulo. Ali, em que pese a crítica das hordas de apoio de outras administrações, os dados repassados pelas empresas de telefonia para monitorar o alcance do isolamento protetivo à epidemia do Covid-19 no Estado são concentrados, sem individualização das pessoas monitorados".
Além do PSDB, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ingressou, também no domingo, com pedido semelhante contra a medida provisória.