PF faz operação em apartamento de Aécio no Rio e no Congresso
Operação foi deflagrada depois que o senador foi gravado pedindo 2 milhões de reais ao empresário Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS
Reuters
Publicado em 18 de maio de 2017 às 08h19.
Última atualização em 18 de maio de 2017 às 10h04.
Rio de Janeiro - Policiais federais cumprem na manhã desta quinta-feira mandados de busca e apreensão em um apartamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) no Rio de Janeiro e em gabinetes de parlamentares no Congresso Nacional, em um desdobramento da operação Lava Jato , segundo a emissora Globonews.
Imagens do canal de televisão mostraram agentes da PF entrando em um prédio de frente para a praia de Ipanema onde Aécio, que também é o presidente do PSDB, tem um apartamento, segundo a Globo. O local estava vazio e a polícia precisou da ajuda de um chaveiro para ingressar, acrescentou.
A operação foi deflagrada depois que Aécio foi gravado pedindo 2 milhões de reais ao empresário Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, segundo reportagem do jornal O Globo na quarta-feira confirmada à Reuters por três fontes.
A Polícia Federal também cumpre mandados nesta manhã no Congresso Nacional, onde faz buscas nos gabinetes de Aécio, do também senador Zezé Perrela (PMDB-MG) e do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), de acordo com a Globonews.
Um ex-assessor do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) também está entre os alvos da ação no Rio de Janeiro, segundo a emissora.
Agentes da PF também realizam buscas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tendo como alvo a Procuradoria-Geral Eleitoral, informou o TSE.
Procurada, a Polícia Federal disse que irá se manifestar "assim que for possível".
Segundo reportagem do jornal O Globo de quarta-feira, confirmada pela Reuters com três fontes com conhecimento do assunto, o empresário Joesley Batista gravou um pedido de dinheiro de Aécio e a cena foi filmada pela Polícia Federal.
Aécio, que até recentemente era apontado como possível candidato à Presidência nas eleições de 2018, já teve o nome mencionado em delações da Lava Jato e tem perdido força quando se trata da disputa nacional, o que deve se agravar com a nova ação.
Em nota sobre a reportagem, o senador disse estar "absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos" e afirmou que sua relação com o empresário era "estritamente pessoal".
A reportagem de O Globo também afirma que Joesley Batista gravou uma conversa com o presidente Michel Temer em que o presidente dá aval para a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha. Na conversa, Temer também indica ao empresário o deputado Rocha Loures para resolver um assunto da J&F, holding que controla a JBS.
Loures, de acordo com o jornal, foi filmado recebendo 500 mil reais enviados por Joesley.
Em nota, a assessoria do deputado disse que ele estava fora do país e que, quando retornar, o que deve acontecer nesta quinta-feira, "deverá se inteirar e esclarecer os fatos divulgados".
Temer, também em nota, negou que tenha pedido o pagamento para conseguir o silêncio de Cunha ou tenha autorizado qualquer movimento nesse sentido. "O presidente jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar", disse a assessoria de imprensa da Presidência.
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