Pezão critica possível redução da vazão do Paraíba do Sul
O governador confirmou que enviará à Assembleia Legislativa projeto de lei para obrigar indústrias a usar água de reúso
Da Redação
Publicado em 30 de janeiro de 2015 às 18h35.
Rio - O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) afirmou nesta sexta-feira, 30, que a eventual redução da vazão na bacia do Paraíba do Sul para 110 mil litros por segundo, cogitada pela Agência Nacional de Águas (ANA), "representa risco para o abastecimento da capital e da região metropolitana do Rio".
"Essa não foi a vazão acordada com o ministro (Luiz) Fux (do Supremo Tribunal Federal) na reunião com os três governadores (do Rio, de São Paulo e de Minas)", disse Pezão.
A audiência com Fux, em 27 de novembro passado, resultou em acordo técnico para a busca de soluções aplicáveis à crise hídrica.
O cumprimento das normas estabelecidas extinguiria ações do Ministério Público Federal contra a vazão menor do Paraíba - na época, reduzida para 160 mil litros por segundo.
A partir do encontro com o ministro foram autorizadas licitações e obras, mas não se definiu uma vazão mínima para a elevatória de Santa Cecília, em Barra do Piraí (RJ), onde ocorre a transposição de dois terços das águas do Paraíba para o rio Guandu, que abastece o Rio.
A atribuição é da ANA, que desde maio de 2014 vem emitindo resoluções para preservar estoques.
Atualmente, está autorizada a vazão de 140 mil litros por segundo, mas uma nova marca será definida na próxima reunião com os órgãos gestores, no próximo dia 5.
Na quarta-feira, 28, em reunião com a presidente Dilma Rousseff e Pezão, técnicos da ANA apontaram a necessidade de redução para 110 mil litros por segundo.
Dos quatro reservatórios que abastecem o Rio, dois já entraram no volume morto e dois estão com níveis próximos a zero. Está prevista para fevereiro uma nova audiência com Fux.
"Nenhum estado vai ser prejudicado. A decisão será tomada pelos três governos junto com os órgãos ambientais. Estamos vendo outras medidas para garantir o abastecimento", disse Pezão.
Segundo ele, técnicos estudam modelos para saber até onde a vazão poderá ser reduzida.
Pezão confirmou que enviará à Assembleia Legislativa projeto de lei para obrigar indústrias a usar água de reúso.
"As empresas do distrito industrial de Santa Cruz já dão uma boa folga para o abastecimento humano, que é a nossa prioridade."
Instalada na foz do Guandu, a Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC) vê com preocupação a decisão do governo de exigir o emprego exclusivo de água de reúso.
Ainda não foram passados os custos da construção da adutora que levará a água até a FCC e a outras gigantes da região, como Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), Gerdau e Furnas, tampouco datas.
A empresa, líder na América Latina no setor de catalisadores para refino de petróleo e que tem a Petrobras entre os acionistas, já pensa em métodos alternativos, como a dessalinização da água do mar e a diminuição do consumo interno da fábrica.
"A gente pergunta qual o prazo, e não dão, nem dizem como ficariam divididos os custos. Ficamos sem opções, mas teremos que achar. Não adianta ser bom só para a sociedade, tem que ser bom para as empresas. São 8 mil empregos e um faturamento estimado em cerca R$ 2 bilhões ao ano", disse Abílio Faia, coordenador de segurança e meio ambiente da FCC.
O governador voltou a negar a necessidade de racionamento e sobretaxa para alto consumo. "Por enquanto, não está em cogitação." Ele disse que trará técnicos de Israel e Espanha para discutir projetos de dessalinização.
No Recreio dos Bandeirantes (zona oeste), moradores de baixa renda sofrem desde dezembro com a falta d'água.
"Sem luz até vai, mas sem água não dá", disse o ajudante de pedreiro Júlio César Silva, que buscava água em bica no Canal das Tachas, habitat de jacarés.
"Não se passou ainda para a população a real dimensão do problema. Acho que vai ser difícil criar novos hábitos agora, no carnaval, em pleno verão", disse Decio Tubbs, diretor-geral do Comitê Guandu e presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos.
Rio - O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) afirmou nesta sexta-feira, 30, que a eventual redução da vazão na bacia do Paraíba do Sul para 110 mil litros por segundo, cogitada pela Agência Nacional de Águas (ANA), "representa risco para o abastecimento da capital e da região metropolitana do Rio".
"Essa não foi a vazão acordada com o ministro (Luiz) Fux (do Supremo Tribunal Federal) na reunião com os três governadores (do Rio, de São Paulo e de Minas)", disse Pezão.
A audiência com Fux, em 27 de novembro passado, resultou em acordo técnico para a busca de soluções aplicáveis à crise hídrica.
O cumprimento das normas estabelecidas extinguiria ações do Ministério Público Federal contra a vazão menor do Paraíba - na época, reduzida para 160 mil litros por segundo.
A partir do encontro com o ministro foram autorizadas licitações e obras, mas não se definiu uma vazão mínima para a elevatória de Santa Cecília, em Barra do Piraí (RJ), onde ocorre a transposição de dois terços das águas do Paraíba para o rio Guandu, que abastece o Rio.
A atribuição é da ANA, que desde maio de 2014 vem emitindo resoluções para preservar estoques.
Atualmente, está autorizada a vazão de 140 mil litros por segundo, mas uma nova marca será definida na próxima reunião com os órgãos gestores, no próximo dia 5.
Na quarta-feira, 28, em reunião com a presidente Dilma Rousseff e Pezão, técnicos da ANA apontaram a necessidade de redução para 110 mil litros por segundo.
Dos quatro reservatórios que abastecem o Rio, dois já entraram no volume morto e dois estão com níveis próximos a zero. Está prevista para fevereiro uma nova audiência com Fux.
"Nenhum estado vai ser prejudicado. A decisão será tomada pelos três governos junto com os órgãos ambientais. Estamos vendo outras medidas para garantir o abastecimento", disse Pezão.
Segundo ele, técnicos estudam modelos para saber até onde a vazão poderá ser reduzida.
Pezão confirmou que enviará à Assembleia Legislativa projeto de lei para obrigar indústrias a usar água de reúso.
"As empresas do distrito industrial de Santa Cruz já dão uma boa folga para o abastecimento humano, que é a nossa prioridade."
Instalada na foz do Guandu, a Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC) vê com preocupação a decisão do governo de exigir o emprego exclusivo de água de reúso.
Ainda não foram passados os custos da construção da adutora que levará a água até a FCC e a outras gigantes da região, como Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), Gerdau e Furnas, tampouco datas.
A empresa, líder na América Latina no setor de catalisadores para refino de petróleo e que tem a Petrobras entre os acionistas, já pensa em métodos alternativos, como a dessalinização da água do mar e a diminuição do consumo interno da fábrica.
"A gente pergunta qual o prazo, e não dão, nem dizem como ficariam divididos os custos. Ficamos sem opções, mas teremos que achar. Não adianta ser bom só para a sociedade, tem que ser bom para as empresas. São 8 mil empregos e um faturamento estimado em cerca R$ 2 bilhões ao ano", disse Abílio Faia, coordenador de segurança e meio ambiente da FCC.
O governador voltou a negar a necessidade de racionamento e sobretaxa para alto consumo. "Por enquanto, não está em cogitação." Ele disse que trará técnicos de Israel e Espanha para discutir projetos de dessalinização.
No Recreio dos Bandeirantes (zona oeste), moradores de baixa renda sofrem desde dezembro com a falta d'água.
"Sem luz até vai, mas sem água não dá", disse o ajudante de pedreiro Júlio César Silva, que buscava água em bica no Canal das Tachas, habitat de jacarés.
"Não se passou ainda para a população a real dimensão do problema. Acho que vai ser difícil criar novos hábitos agora, no carnaval, em pleno verão", disse Decio Tubbs, diretor-geral do Comitê Guandu e presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos.