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Pesquisa mostra relação entre o clima de SP e doenças

Cruzamento de informações climatológicas com dados sobre morbimortalidade pode ajudar no planejamento preventivo de males à saúde da população paulistana

São Paulo é uma das mais afetadas pelas mudanças climáticas entre as áreas urbanas no Brasil (Germano Lüders/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de março de 2012 às 12h08.

São Paulo - Com índices de congestionamentos crescentes e acentuada diminuição das áreas verdes, a cidade de São Paulo é uma das mais afetadas pelas mudanças climáticas entre as áreas urbanas no Brasil, devido ao imenso contingente de habitantes e de diferentes fatores que decorrem de sua área super construída, impermeabilizada e povoada.

Além do uso inapropriado do solo, da contaminação das águas e da poluição atmosférica provocada pelo uso excessivo de veículos automotores na Capital paulista, sua população apresenta alta incidência de doenças que podem estar relacionadas direta e indiretamente a essas questões.

Coordenada por Miguel Cendoroglo Neto, uma pesquisa desenvolvida em parceria entre o Hospital Albert Einstein e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) utilizou informações fornecidas pela Secretaria Municipal da Saúde sobre o número de internações e mortes na maior cidade do Brasil, no período entre 2002 e 2006, com vistas ao desenvolvimento de um Atlas de Saúde, uma base de dados com acesso público pela internet.

Para tanto, o uso de um sistema de informação geográfica (SIG), que mostra a relação entre a oferta e a demanda de serviços de saúde, ajudou no mapeamento de óbitos segundo causas específicas, com incidência e prevalência de doenças e agravos, além de recursos e infraestr utura em saúde no município.

De acordo com Bento Fortunato Cardoso dos Santos, que coordena o projeto no hospital Albert Einstein, os índices de morbimortalidade e de variações climáticas nas diferentes regiões da cidade permitiram chegar a um perfil que pode ajudar na definição de prioridades de prevenção e atendimento das necessidades da população.

“O Atlas faz uma abordagem de georeferenciamento, e nos dá subsídios para uma ação conjunta entre o hospital e a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. A ideia é manter disponível a análise da demanda e da mortalidade por hospitais, fazendo do Atlas um diferencial para o gestor de saúde”. Entre as moléstias com maior agravamento devido ao clima est&ati lde;o as doenças isquêmicas, hipertensivas, cerebrovasculares, gripe e pneumonia, além de outras relacionadas às vias aéreas, infecções e doenças infecciosas intestinais.


Embora a relação entre doenças e mudanças climáticas tenha sido relatada por diferentes estudos, ao longo dos últimos anos, eles apresentam resultados controversos. Por isso, o uso de indicadores distintos, de ordem econômica, cultural e ambiental, pode representar um avanço na detecção de algumas doenças e um instrumento para a tomada de decisões no âmbito da saúde.

A fim de constatar casos em que a variação da temperatura apresente algum tipo de influência em diferentes patologias e eventos, como acidente vascular cerebral (AVC), asma, pneumonia e doenças cardíacas, o pesquisador buscou reunir informações sobre incidentes dessa natureza na Capital paulista em relação às car acterísticas ambientais registradas na cidade.

Na pesquisa, verificou-se que a sazonalidade de algumas doenças está diretamente relacionada à temperatura, mas também com outros fatores climáticos que podem influenciar no aparecimento de enfermidades ou mesmo intensificar seus efeitos. De acordo com o estudo, entre a população acima de 65 anos, considerada grupo de risco para variações climáticas, foram constatados índices como 40,1% de óbitos por doenças circulatórias e 16,3% por doenças respiratórias, entre os meses de maio e agosto durante o período observado, quando as temperaturas médias são mais baixas na cidade.

Também foi detectado um índice de mortes de 19,8% por neoplasias, ou seja, relacionadas com algum tipo de câncer. No entanto, entre os 12.007 óbitos por infarto do miocárdio analisados, foi constatado haver menor mortalidade quando a temperatura ficava entre 21,6° e 22,6°C, bem como nos dias em que a umidade relativa do ar era maior. Já quando constatado maior presença de dióxido de enxofre, os casos de morte aumentaram 3,4%.

Assim, constatou-se que a variação de temperatura tem maior influência nesses casos do que a sazonalidade, isto é, sua influência nesses quadros depende mais da amplitude térmica do que da época do ano. No caso do AVC do tipo hemorrágico, por exemplo, constatou-se maior incidência quando há maior variação entre a temperatura mínima e a máxima no mesmo dia.

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Além do uso inapropriado do solo, da contaminação das águas e da poluição atmosférica provocada pelo uso excessivo de veículos automotores na Capital paulista, sua população apresenta alta incidência de doenças que podem estar relacionadas direta e indiretamente a essas questões.

Coordenada por Miguel Cendoroglo Neto, uma pesquisa desenvolvida em parceria entre o Hospital Albert Einstein e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) utilizou informações fornecidas pela Secretaria Municipal da Saúde sobre o número de internações e mortes na maior cidade do Brasil, no período entre 2002 e 2006, com vistas ao desenvolvimento de um Atlas de Saúde, uma base de dados com acesso público pela internet.

Para tanto, o uso de um sistema de informação geográfica (SIG), que mostra a relação entre a oferta e a demanda de serviços de saúde, ajudou no mapeamento de óbitos segundo causas específicas, com incidência e prevalência de doenças e agravos, além de recursos e infraestr utura em saúde no município.

De acordo com Bento Fortunato Cardoso dos Santos, que coordena o projeto no hospital Albert Einstein, os índices de morbimortalidade e de variações climáticas nas diferentes regiões da cidade permitiram chegar a um perfil que pode ajudar na definição de prioridades de prevenção e atendimento das necessidades da população.

“O Atlas faz uma abordagem de georeferenciamento, e nos dá subsídios para uma ação conjunta entre o hospital e a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. A ideia é manter disponível a análise da demanda e da mortalidade por hospitais, fazendo do Atlas um diferencial para o gestor de saúde”. Entre as moléstias com maior agravamento devido ao clima est&ati lde;o as doenças isquêmicas, hipertensivas, cerebrovasculares, gripe e pneumonia, além de outras relacionadas às vias aéreas, infecções e doenças infecciosas intestinais.


Embora a relação entre doenças e mudanças climáticas tenha sido relatada por diferentes estudos, ao longo dos últimos anos, eles apresentam resultados controversos. Por isso, o uso de indicadores distintos, de ordem econômica, cultural e ambiental, pode representar um avanço na detecção de algumas doenças e um instrumento para a tomada de decisões no âmbito da saúde.

A fim de constatar casos em que a variação da temperatura apresente algum tipo de influência em diferentes patologias e eventos, como acidente vascular cerebral (AVC), asma, pneumonia e doenças cardíacas, o pesquisador buscou reunir informações sobre incidentes dessa natureza na Capital paulista em relação às car acterísticas ambientais registradas na cidade.

Na pesquisa, verificou-se que a sazonalidade de algumas doenças está diretamente relacionada à temperatura, mas também com outros fatores climáticos que podem influenciar no aparecimento de enfermidades ou mesmo intensificar seus efeitos. De acordo com o estudo, entre a população acima de 65 anos, considerada grupo de risco para variações climáticas, foram constatados índices como 40,1% de óbitos por doenças circulatórias e 16,3% por doenças respiratórias, entre os meses de maio e agosto durante o período observado, quando as temperaturas médias são mais baixas na cidade.

Também foi detectado um índice de mortes de 19,8% por neoplasias, ou seja, relacionadas com algum tipo de câncer. No entanto, entre os 12.007 óbitos por infarto do miocárdio analisados, foi constatado haver menor mortalidade quando a temperatura ficava entre 21,6° e 22,6°C, bem como nos dias em que a umidade relativa do ar era maior. Já quando constatado maior presença de dióxido de enxofre, os casos de morte aumentaram 3,4%.

Assim, constatou-se que a variação de temperatura tem maior influência nesses casos do que a sazonalidade, isto é, sua influência nesses quadros depende mais da amplitude térmica do que da época do ano. No caso do AVC do tipo hemorrágico, por exemplo, constatou-se maior incidência quando há maior variação entre a temperatura mínima e a máxima no mesmo dia.

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