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Penas de morte nos ofendem diretamente, diz Patriota

Chanceler brasileiro usou como exemplo o caso da iraniana Sakineh Ashtiani

O chanceler Antonio Patriota: questão da tortura também preocupa o diplomata (Telam/ABr)

O chanceler Antonio Patriota: questão da tortura também preocupa o diplomata (Telam/ABr)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 10h34.

Brasília - A tentativa de reverter a condenação à morte e o apedrejamento da viúva iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 42 anos, acusada de infidelidade e cumplicidade no assassinato do marido, transformou-se em tema de política externa para o Brasil, ao simbolizar a defesa da preservação dos direitos humanos. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, defendeu hoje (18) que a comunidade internacional observe as violações em quaisquer países “pobres” ou “ricos”.

Patriota disse ainda que a posição do Brasil em defesa dos direitos humanos é clara. “Defenderemos, sim, nos diferentes órgãos [internacionais], uma abordagem mais equilibrada, justa e unânime [sobre a preservação de direitos humanos]. Há situação que nos ofendem diretamente, como a pena de morte e a pena por apedrejamento, além da questão da tortura, que também nos preocupa muito”, disse.

O chanceler concedeu hoje entrevista, que durou cerca de uma hora, a 12 rádios regionais, durante o programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços. A entrevista foi ao ar nesta manhã. “Temos de ter cuidado para não cair em armadilhas”, afirmou ele. Segundo o ministro, a preocupação é para não concentrar as atenções apenas em “países pobres”, pois há registros de violações em várias regiões ricas do mundo. “Não se pode poupar um país e condenar outros”, ressaltou.

Patriota lembrou que vários “países ricos” foram responsáveis pela exterminação das populações indígenas, assim como a escravidão também esteve presente em várias regiões desenvolvidas no mundo. Segundo ele, a defesa dos direitos humanos depende do país “fazer o dever de casa”. Como exemplo, o chanceler afirmou que o Brasil está empenhado.

Os esforços do governo brasileiro, segundo o chanceler, estão concentrados na melhoria da qualidade de vida da população, adotando medidas de redução de pobreza por exemplo. “Uma pessoa que não tem o que comer não terá seus direitos [civis e humanos] preservados, um país só será respeitado quando cumprir o dever de casa”, disse ele.

No caso da viúva iraniana, o governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, informou que o processo está na Justiça e aguarda mais uma etapa de julgamento. Sakineh espera a sentença em uma prisão no interior do país. O caso dela virou uma espécie de símbolo, mas os iranianos negam que a viúva seja inocente.

A posição do governo do Brasil, em defesa do fim da punição da pena de morte e apedrejamento, causou mal-estar nas relações com o Irã. No entanto, Patriota rebateu a possibilidade de estremecimento ou mudanças nos esforços de apoiar a aproximação do Irã com a comunidade internacional.

“O Irã é um país importante na região, de confluência, consideramos que é importante manter o diálogo até para diminuir as tensões. O isolamento pode levar ao conflito. Nosso papel é também de contribuir para a paz mundial”, afirmou o chanceler, durante a entrevista às rádios.

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