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Pantanal tem recorde de queimadas em 22 anos no Mato Grosso do Sul

Em duas semanas, os incêndios destruíram 35 mil hectares de vegetação nativa no Pantanal. Mais de 3,4 mil focos de incêndio já foram registrados em 2020

. (Governo do MS/Divulgação)

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Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 23 de julho de 2020 às 12h43.

Última atualização em 23 de julho de 2020 às 12h45.

Os incêndios florestais destruíram, em duas semanas, 35 mil hectares de vegetação nativa no Pantanal de Mato Grosso do Sul, um dos principais ecossistemas brasileiros. Em todo o bioma, desde o início do ano, foram registrados 3.415 focos de incêndio maior número desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) passou a monitorar as queimadas.

Cerca de 180 bombeiros foram deslocados para a região, mas as chamas continuam se espalhando. Nesta quinta-feira, 23, um comitê formado pela Defesa Civil e Corpo de Bombeiros pediu apoio de aeronaves ao governo federal para ampliar as frentes de combate aos focos.

O Pantanal abrange áreas do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Brasil, e se estende aos territórios da Bolívia e do Paraguai. Em todo o bioma, o número de queimadas disparou de janeiro a julho deste ano, com aumento de 189% em relação ao mesmo período de 2019.

As chamas atingem principalmente o município de Corumbá, considerado a capital pantaneira. A cidade lidera o ranking nacional de queimadas dos últimos cinco anos, com 2.423 focos, bem à frente da segunda colocada, Poconé (MT), com 544. Corumbá também é líder no ranking dos últimos cinco meses e dos cinco últimos dias.

Na cidade, de 92 mil habitantes, as unidades de saúde registraram aumento de 20% na procura por pacientes com doenças respiratórias causadas pela fumaça. O problema é agravado pela baixa umidade do ar decorrente da estiagem. A neblina cinzenta encobre a área urbana e obriga os moradores a manterem portas e janelas fechadas.

À noite, as queimadas se tornam visíveis do outro lado do Rio Paraguai. Na manhã desta quinta, 15 bombeiros e brigadistas combatiam uma grande queimada na região do Itajiloma, entre Corumbá e Ladário, outro município do Pantanal.

De acordo com o Corpo de Bombeiros de Corumbá, embora não seja possível precisar a origem dos incêndios, muitos resultam de ação humana. Nesta época, fazendeiros usam o fogo para renovação de pastagem e abertura de áreas para lavoura, porém, em muitos casos, a queimada foge do controle. Conforme a corporação, não chove há meses e áreas normalmente alagadas estão secas.

"Nesta época do ano, a região está com farta biomassa e muito propensa a ocorrências dessa natureza", informou. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil pediram ao governo federal o envio de aeronaves para o transporte de equipes e ajuda direta no combate às chamas.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que está disponibilizando equipes e recursos para o combate às chamas, através da brigada do Centro Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo), em Corumbá.

No ano passado, os incêndios florestais queimaram um milhão de hectares de matas, lavouras e pastagens no Mato Grosso do Sul. Foi montada uma operação de guerra, com apoio de bombeiros e brigadistas de outros estados, para fazer frente à destruição.

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