Brasil

OAB divulga estudo com questionamentos ao Projeto de Lei Anticrime de Moro

Medidas que pretendem aprimorar e digitalizar processos criminais são vistas como positivas, enquanto outras são vistas como incoerentes e inconstitucionais

Moro: o relatório da OAB divide as medidas do projeto em dois grupos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Moro: o relatório da OAB divide as medidas do projeto em dois grupos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 21 de maio de 2019 às 12h31.

Última atualização em 21 de maio de 2019 às 13h42.

São Paulo — A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apresentou nesta segunda-feira (20) ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, um amplo estudo sobre o Projeto de Lei Anticrime apresentado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, e atualmente em tramitação no Congresso Nacional.

“Reconhecemos que o tema da segurança pública saiu do período eleitoral como prioridade. É uma mazela que deve ser enfrentada de forma dura, frontal e transformadora, mas com inteligência e à luz dos institutos que criamos em nosso texto constitucional", afirmou o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz durante a cerimônia.

O documento, aprovado por unanimidade pelo Conselho da OAB, traz 81 páginas de considerações sobre o projeto  elaboradas por dezenas de especialistas em direito penal, processo penal, criminalistas e entidades diversas.

Uma das críticas é que o projeto não foi discutido com a sociedade antes de sua elaboração.

"Há convergência total por parte da comunidade científica de que a proposta do Ministério da Justiça não foi precedida do indispensável debate público que se esperava em um projeto com esse impacto", diz trecho do documento.

O impacto se daria pela abrangência do projeto, que altera 14 leis brasileiras incluindo o Código Penal, Código de Processo Penal, Lei de Execução Penal, Lei de Crimes Hediondos e o Código Eleitoral. Durante a entrega do relatório, Maia reforçou a necessidade de maior debate:

“Vivemos em um momento de transformações em todo o mundo e as relações se aproximam, mas muitas vezes os radicalismos se sobrepõem ao diálogo, principalmente nas redes sociais", declarou.

O que sugere o estudo da OAB

O relatório divide as medidas do projeto em dois grupos. O primeiro, que a OAB vê como positivo, inclui mudanças para aprimorar e digitalizar processos criminais no Brasil.

São eles: criminalização do Caixa 2; criação de Banco de Perfil Genético de condenados; regulamentação da conexão de crimes da competência da Justiça Eleitoral; criação da figura do Informante do Bem; alteração do regime jurídico dos presídios federais; interrogatório e audiências por videoconferências; aperfeiçoamento do conceito de organizações criminosas; regulamentação das escutas ambientais; modificação do sistema de cobrança das multas penais.

De acordo com o estudo, essas propostas podem ser aprovadas se forem procedidas de debates suficientes na Câmara dos Deputados e no Senado, em conjunto com outros projetos já em tramitação sobre os mesmos temas.

No segundo eixo estão as propostas que tem "expressa oposição" da OAB. São eles execução antecipada da pena; execução antecipada das decisões do Tribunal do Júri; modificação dos embargos infringentes; mudanças no instituto da legítima defesa, em especial aos agentes de segurança pública; alterações no regime da prescrição; mudanças no regime de pena; mudanças ao crime de resistência; criação do confisco alargado; acordo penal; e interceptação de advogados em parlatório.

O estudo apresenta uma série de incoerências nesses temas e avalia a maior parte das proposições como inconstitucional.

As oposições da OAB vão ao encontro de críticas feitas tanto por advogados quanto especialistas em segurança pública ouvidos por EXAME quando o projeto foi apresentado inicialmente.

Leia o estudo da OAB na íntegra

[scribd id=410966951 key=key-XT9Y80isFVbbOyMJ8UP7 mode=scroll]

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosGoverno BolsonaroOABRodrigo MaiaSergio Moro

Mais de Brasil

Avião cai em avenida principal de Gramado, na Serra Gaúcha

São Paulo tem 88 mil imóveis que estão sem luz desde ontem; novo temporal causa alagamentos

Planejamento, 'núcleo duro' do MDB e espaço para o PL: o que muda no novo secretariado de Nunes

Lula lamenta acidente que deixou ao menos 38 mortos em Minas Gerais: 'Governo federal à disposição'