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O que é Síndrome de Guillain-Barré? Causas, transmissão, como evitar

De acordo com o Ministério da Saúde, o risco de um surto da doença no Brasil é baixo

Guillain-Barré: síndrome ocorre após quadro de infecção (mdisk/Getty Images)

Guillain-Barré: síndrome ocorre após quadro de infecção (mdisk/Getty Images)

Publicado em 11 de julho de 2023 às 16h39.

Última atualização em 11 de julho de 2023 às 16h52.

Um surto de casos da Síndrome de Guillain-Barré (SGB) levou o governo peruano a declarar emergência nacional de saúde por 90 dias. O objetivo das autoridades é acelerar o acesso a insumos para o tratamento. De acordo com o Ministério da Saúde do Peru, o número de mortos pela síndrome chegou a quatro, e os casos ultrapassaram 180 entre janeiro e julho.

Não é a primeira vez que os peruanos sofrem com o crescimento de diagnósticos da SGB. Em 2019, o país andino notificou 900 casos para a doença, com uma queda abrupta nos anos seguintes (em 2021 e 2022 não foram registrados mais de 225 casos).

A síndrome é autoimune, ou seja, ela leva o próprio sistema de defesa do paciente a atacar frações do sistema nervoso que conectam o cérebro com outras partes do corpo. Ela é rara e se manifesta como uma fraqueza muscular que surge em um período de duas a quatro semanas e pode afetar também o sistema respiratório.

Como ocorre a síndrome?

A Síndrome de Guillain-Barré não é transmissível, mas ocorre em decorrência de infecção bacteriana ou viral aguda, que afeta o sistema nervoso periférico. Seus sintomas incluem fraqueza e formigamento nos pés e nas pernas que, posteriormente, se estendem para a parte superior do corpo entre duas quatro semanas. Em casos extremos, a doença pode provocar paralisia. A SGB é, inclusive, a causa mais comum de paralisia flácida no mundo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se de “distúrbio pelo qual o sistema imunitário do próprio corpo ataca parte do sistema nervoso periférico”. Esses nervos periféricos controlam os músculos do corpo, por isso os sintomas na mobilidade.

O que causa a Síndrome de Guillain-Barré?

Cerca de 75% dos casos de Síndrome de Guillain-Barré são desencadeados por um processo infeccioso. O mais comum ocorre por meio da bactéria Campylobacter jejuni. Agentes etiológicos como os vírus que da Zika, dengue e chikungunya, entre outros, também podem estar associados a casos de SGB. Por essa razão, segundo a OMS, países tropicais, como o Peru e Brasil, têm maiores chances de registrar quantidades elevadas de infectados.

Principais sintomas

Os sintomas principais da Síndrome de Guillain-Barré são fraqueza muscular ascendente: começam pelas pernas, podendo, em seguida, progredir ou afetar o tronco, braços e face, com redução ou ausência de reflexos. A síndrome pode apresentar diferentes graus de agressividade, provocando leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia total dos quatro membros.

  • Sonolência
  • Confusão mental
  • Coma
  • Crise epiléptica
  • Alteração do nível de consciência
  • Perda da coordenação muscular
  • Visão dupla
  • Fraqueza facial
  • Tremores
  • Redução ou perda do tono muscular
  • Dormência, queimação ou coceira nos membros

Como é o tratamento?

O protocolo prevê, entre outros tratamentos, a disponibilidade do medicamento imunoglobolina intravenosa (IgIV) e do procedimento plasmaférese, que é uma técnica de transfusão que permite retirar plasma sanguíneo de um doador ou de um doente.

A fisioterapia é outro tratamento para que o paciente recupere os movimentos perdidos. O médico é o profissional responsável por indicar o melhor tratamento para o paciente, conforme cada caso.

Qual é o risco para o Brasil?

De acordo com o Ministério da Saúde, o risco da doença no Brasil é baixo. “Com relação ao evento de aumento de casos de SGB no Peru e a declaração de emergência pelo governo peruano, considera-se baixo o risco em nível nacional, considerado principalmente que a doença não é transmissível de pessoa para pessoa, com base nas informações disponíveis. Desta forma, não há risco significativo de restrição de turismo, comércio e/ou circulação de pessoas”, disse o Ministério da Saúde em nota técnica.

A avaliação é feita com base em critérios de probabilidade de ocorrência do evento no país, somado aos impactos na saúde humana e sociais, também na capacidade de resposta à doença com base nas informações e evidências disponíveis. A nota foi emitida pelo Departamento de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.

(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)

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