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Novo manifesto engrossa coro pela saída de Abraham Weintraub do MEC

Educadores e membros da sociedade civil listam problemas da gestão do ministro da educação em carta aberta antecipada com exclusividade para EXAME

Ministro Abraham Weintraub chega ao Palácio do Planalto 3/10/2019 (Adriano Machado/Reuters Brazil)

João Pedro Caleiro

Publicado em 6 de junho de 2020 às 16h30.

Última atualização em 8 de junho de 2020 às 11h57.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub , segue sob pressão. Em meio aos relatos na imprensa de que sua saída do cargo seria iminente, um grupo da sociedade civil lança neste sábado (06) o manifesto #ForaWeintraub, antecipado com exclusividade para EXAME.

Liderados por dez especialistas da área, o grupo divulgou uma carta e agora coleta assinaturas. Já aderiram os jornalistas Ana Paula Padrão e Marcelo Tas, o senador Randolfe Rodrigues (Rede/AM) e os deputados Alessandro Molon (PSB/RJ), Túlio Gadelha (PDT/PE), João Campos (PSB-PE) e Tabata Amaral (PDT/SP).

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"A educação brasileira precisa ir em frente e isso requer mudanças na alta gestão do MEC. Os problemas de Weintraub não são apenas retóricos e nem começaram agora. Precisamos de uma bússola, mas as ações da alta gestão do MEC desorientam", diz a carta.

São citados a falta de liderança da pasta no debate sobre o FUNDEB, principal mecanismo de financiamento da educação básica e que vence este ano, assim como no processo de volta às aulas no pós pandemia.

Eles também destacam a falta de execução dos recursos da pasta, a rotatividade em cargos-chave (o INEP teve quatro presidentes em um ano), a escala de problemas no ENEM 2019 e a resistência em mudar a data do ENEM 2020. O MEC só acabou cedendo após o avanço do adiamento no Legislativo.

"Precisamos compensar o atraso histórico da educação, mas no último ano a educação no Brasil andou para trás", diz o texto.

Histórico

Sem experiência específica na área de educação, Weintraub assumiu o MEC em abril do ano passado no lugar de Ricardo Veléz, que durou três meses no cargo e também teve uma gestão marcada por crises.

Uma das primeiras ações de Weintraub foi o anúncio de um contingenciamento de 30% no orçamento de universidades federais que promovessem “balbúrdia” e tivessem desempenho abaixo do esperado.

Foi o estopim para manifestações de rua em defesa da educação em 190 cidades, incluindo todas as capitais, no que seria o maior protesto do primeiro ano de governo Bolsonaro.

Recentemente, Weintraub se tornou alvo de um inquérito, pedido pela Procuradoria-Geral da República e aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), por alegação de racismo contra chineses no Twitter. O embaixador da China, Yang Wanming, chamou Weintraub de racista e o ministro apagou a publicação.

Já a fala do ministro na reunião ministerial do dia 22 de abril, pedindo a prisão de ministros do STF e os chamando de "vagabundos", colocou Weintraub sob investigação do inquérito que apura disseminação de notícias falsas, ameaças a integrantes da Corte e subversão da ordem constitucional.

Em um movimento inédito, o ministro da Justiça, André Mendonça, entrou com um habeas corpus preventivo a favor de Weintraub, que será julgado pelo STF no próximo dia 12.

A saída de Weintraub do cargo neste momento também serviria, portanto, como fator de distensão da escalada da tensão institucional e risco político no país.

O ministro da educação também foi condenado por entidades judaicas brasileiras e internacionais ao comparar, nas redes sociais, as ordens de busca e apreensão do inquérito com a Noite de Cristais.

A série de ataques nazistas a estabelecimentos judeus na Alemanha em 09 de novembro de 1938 deixou dezenas de mortos, e é avaliada com um dos marcos iniciais do Holocausto.

Acompanhe tudo sobre:abraham-weintraubEducaçãoMEC – Ministério da Educação

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