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Novas sacolinhas somem do comércio em SP

Pequenos e médios comerciantes enfrentam dificuldades para conseguir as sacolas verdes e cinza

Sacola plástica: a espera pelo produto pode chegar a 40 dias (Fabio Arantes/Secom/PMSP/Fotos Públicas)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2015 às 08h22.

São Paulo - Dez dias depois de a lei das sacolinhas entrar em vigor, pequenos e médios comerciantes enfrentam dificuldades para conseguir as sacolas verdes e cinza, autorizadas pela Prefeitura em substituição às tradicionais sacolinhas brancas, que foram proibidas.

Segundo uma das principais fabricantes das novas embalagens, a demanda hoje é três vezes superior à oferta. A espera pelo produto pode chegar a 40 dias.

"A procura é de 30 milhões de sacolas, mas em produção temos apenas 10 milhões garantidas hoje, entre sacolas verdes e cinza. Antes da lei, a demanda pela sacola de polietileno verde era de 10%, agora subiu para 30%", afirmou Roberto Brito, diretor da Extrusa-Pack Indústria e Comércio de Embalagens. A fabricante atende mais de cem clientes na capital, entre revendedores e supermercados.

"Penso que os pequenos comerciantes não se anteciparam. Deixaram tudo para a última hora. Se tivessem feito isso, a indústria teria se preparado."

Custo

Para dar conta da demanda, a empresa ampliou a jornada de trabalho dos funcionários, incluindo hora extra, além de quadruplicar o número de equipamentos de produção.

Brito explica que o material da nova sacola é feito de polietileno verde, da cana-de-açúcar, que custa 7,5% mais do que o polietileno das sacolas comuns. Antes, um comerciante pagava R$ 40 por um pacote com mil embalagens.

Hoje, a mesma quantidade das novas sacolas custa R$ 90, mais do que o dobro.

Jairo Braz, proprietário do Cara Melada, mercado de pequeno porte na Rua do Comércio, no centro de São Paulo, sentiu o aumento no bolso. Ele comprava 1 kg de sacolas brancas a R$ 10; com as embalagens verdes, gastou R$ 19. Em cinco dias, as 2 mil sacolinhas, recebidas na quinta-feira passada e oferecidas gratuitamente aos clientes, se esgotaram.

"O fornecedor diz que ainda não tem a matéria-prima em quantidade para atender a cidade. A gente tenta comprar em todo lugar e não tem. O fornecedor deu um pouquinho para cada comércio porque, se chegar o fiscal, você diz: 'Olha aqui, estou tentando'. Mas ninguém fiscalizou, deram uma aliviada até o negócio funcionar", disse Braz. A alternativa do comerciante foi comprar sacolas na cor verde e amarela na Rua 25 de Março. Ele não cobra dos clientes por considerar "injusto".

O distribuidor do comércio de Braz é a Iramag, que atende cerca de 200 clientes. Segundo Irajy Padula, proprietário da empresa, a situação é "muito complicada", e os distribuidores com maior tempo de mercado têm vantagem. "O tempo de relacionamento com a fábrica conta. Se peço dez, fazem uma forcinha e me arranjam oito. Se um fornecedor novo pede, dão duas. Fidelidade é tudo."

Na Rua São Bento, também no centro da capital, a gerente Maria Valéria da Silva, do Empório São Bento, diz que ficou uma semana sem as novas sacolas. O estabelecimento solicitou 10 mil unidades, mas o fornecedor entregou apenas 2 mil.

A Valbags, fabricante de sacolas plásticas com sede em Minas Gerais, atende cerca de 200 clientes na capital. O gerente comercial Marcelo Beviláqua diz que, como a demanda por sacolas verdes vem apenas de São Paulo, não pode fazer estoque e "deixar o material no chão".

"Não podemos fazer estoque dessas sacolinhas verdes. Esse produto só serve para isso (cumprir a lei paulistana). Se São Paulo não quiser comprar, não vou ter ninguém para comprar em outros Estados. Ainda não temos a confiança de que vamos ter os pedidos suficientes para evitar perdas." Na Valbags, o prazo de entrega das novas sacolas pode chegar a 40 dias.

Associações

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga), Álvaro Furtado, culpa a Prefeitura pela situação. "Mostramos que era melhor ir devagar, mas a Prefeitura não se sensibilizou e criou essa situação ruim."

Para a Federação do Comércio e a Associação Comercial, faltou diálogo entre a administração municipal e o setor.

Em nota, a Prefeitura disse que este é um período de adaptação e que, eventualmente, os estabelecimentos podem receber orientação ou advertência.

O diretor da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Paulo Pompílio, confirmou que tem recebido reclamações de associados com dificuldade de encontrar as nova sacolas, mas tranquilizou o mercado. "É adequação de oferta e demanda, isso é ajustável com o tempo."

Segundo Pompílio, a Apas tem oferecido aos pequenos e médios comerciantes a possibilidade de compras conjuntas, a fim de baratear o custo e usar a influência de outros mercados tradicionais com as fabricantes das novas sacolas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - Dez dias depois de a lei das sacolinhas entrar em vigor, pequenos e médios comerciantes enfrentam dificuldades para conseguir as sacolas verdes e cinza, autorizadas pela Prefeitura em substituição às tradicionais sacolinhas brancas, que foram proibidas.

Segundo uma das principais fabricantes das novas embalagens, a demanda hoje é três vezes superior à oferta. A espera pelo produto pode chegar a 40 dias.

"A procura é de 30 milhões de sacolas, mas em produção temos apenas 10 milhões garantidas hoje, entre sacolas verdes e cinza. Antes da lei, a demanda pela sacola de polietileno verde era de 10%, agora subiu para 30%", afirmou Roberto Brito, diretor da Extrusa-Pack Indústria e Comércio de Embalagens. A fabricante atende mais de cem clientes na capital, entre revendedores e supermercados.

"Penso que os pequenos comerciantes não se anteciparam. Deixaram tudo para a última hora. Se tivessem feito isso, a indústria teria se preparado."

Custo

Para dar conta da demanda, a empresa ampliou a jornada de trabalho dos funcionários, incluindo hora extra, além de quadruplicar o número de equipamentos de produção.

Brito explica que o material da nova sacola é feito de polietileno verde, da cana-de-açúcar, que custa 7,5% mais do que o polietileno das sacolas comuns. Antes, um comerciante pagava R$ 40 por um pacote com mil embalagens.

Hoje, a mesma quantidade das novas sacolas custa R$ 90, mais do que o dobro.

Jairo Braz, proprietário do Cara Melada, mercado de pequeno porte na Rua do Comércio, no centro de São Paulo, sentiu o aumento no bolso. Ele comprava 1 kg de sacolas brancas a R$ 10; com as embalagens verdes, gastou R$ 19. Em cinco dias, as 2 mil sacolinhas, recebidas na quinta-feira passada e oferecidas gratuitamente aos clientes, se esgotaram.

"O fornecedor diz que ainda não tem a matéria-prima em quantidade para atender a cidade. A gente tenta comprar em todo lugar e não tem. O fornecedor deu um pouquinho para cada comércio porque, se chegar o fiscal, você diz: 'Olha aqui, estou tentando'. Mas ninguém fiscalizou, deram uma aliviada até o negócio funcionar", disse Braz. A alternativa do comerciante foi comprar sacolas na cor verde e amarela na Rua 25 de Março. Ele não cobra dos clientes por considerar "injusto".

O distribuidor do comércio de Braz é a Iramag, que atende cerca de 200 clientes. Segundo Irajy Padula, proprietário da empresa, a situação é "muito complicada", e os distribuidores com maior tempo de mercado têm vantagem. "O tempo de relacionamento com a fábrica conta. Se peço dez, fazem uma forcinha e me arranjam oito. Se um fornecedor novo pede, dão duas. Fidelidade é tudo."

Na Rua São Bento, também no centro da capital, a gerente Maria Valéria da Silva, do Empório São Bento, diz que ficou uma semana sem as novas sacolas. O estabelecimento solicitou 10 mil unidades, mas o fornecedor entregou apenas 2 mil.

A Valbags, fabricante de sacolas plásticas com sede em Minas Gerais, atende cerca de 200 clientes na capital. O gerente comercial Marcelo Beviláqua diz que, como a demanda por sacolas verdes vem apenas de São Paulo, não pode fazer estoque e "deixar o material no chão".

"Não podemos fazer estoque dessas sacolinhas verdes. Esse produto só serve para isso (cumprir a lei paulistana). Se São Paulo não quiser comprar, não vou ter ninguém para comprar em outros Estados. Ainda não temos a confiança de que vamos ter os pedidos suficientes para evitar perdas." Na Valbags, o prazo de entrega das novas sacolas pode chegar a 40 dias.

Associações

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga), Álvaro Furtado, culpa a Prefeitura pela situação. "Mostramos que era melhor ir devagar, mas a Prefeitura não se sensibilizou e criou essa situação ruim."

Para a Federação do Comércio e a Associação Comercial, faltou diálogo entre a administração municipal e o setor.

Em nota, a Prefeitura disse que este é um período de adaptação e que, eventualmente, os estabelecimentos podem receber orientação ou advertência.

O diretor da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Paulo Pompílio, confirmou que tem recebido reclamações de associados com dificuldade de encontrar as nova sacolas, mas tranquilizou o mercado. "É adequação de oferta e demanda, isso é ajustável com o tempo."

Segundo Pompílio, a Apas tem oferecido aos pequenos e médios comerciantes a possibilidade de compras conjuntas, a fim de baratear o custo e usar a influência de outros mercados tradicionais com as fabricantes das novas sacolas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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