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Não tem um alfinete no governo indicado por mim, diz Cunha

Cunha se defendeu das acusações de que mesmo afastado estaria indicando aliados para atuar em setores importantes da gestão Michel Temer


	Eduardo Cunha: "Não tem um alfinete nesse governo indicado por Eduardo Cunha, mas não estou suspenso de exercer minha militância política"
 (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Eduardo Cunha: "Não tem um alfinete nesse governo indicado por Eduardo Cunha, mas não estou suspenso de exercer minha militância política" (Antonio Cruz/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2016 às 16h57.

Brasília - O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já depõe há mais de cinco horas no Conselho de Ética da Casa.

Na tarde desta quinta-feira, 19, durante embate com o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), Cunha se defendeu das acusações de que mesmo afastado estaria indicando aliados para atuar em setores importantes da gestão Michel Temer, como na nomeação de André Moura (PSC-SE) para a liderança do governo.

"Não tem um alfinete nesse governo indicado por Eduardo Cunha, mas não estou suspenso de exercer minha militância política", declarou.

Ao responder os questionamentos de seus adversários, Cunha tem "distribuído" alfinetadas. A Molon, que é suplente no colegiado, ele fez questão de destacar que "no plenário daria a atenção que ele merecia".

O líder da Rede criticou as negativas de Cunha sobre a sua interferência no processo de escolha do governo Temer.

O peemedebista, por sua vez, disse que Molon faz parte de "uma oposição sistemática e constante que, em sua ânsia e seu ódio, exagera no que quer".

"Não indiquei e não indico ninguém, mas se fizesse tenho legitimidade, pois é o meu partido que está no poder", afirmou. Cunha disse ainda que os parlamentares não são "seus capachos".

Para Molon, "o exercício do poder de Cunha não cessou, talvez tenha aumentado". Ele ainda ressaltou que o processo que analisa o futuro do mandato de Cunha é o mais longo da história da Câmara.

"Os deputados vão dizer se acreditam na história (dos trustes). O banco suíço e o Banco Central brasileiro não acreditam, o ministério público suíço também não, e o Supremo Tribunal Federal também parece não estar acreditando. Será que só o Conselho (de Ética) vai acreditar?", questionou.

Cunha não tem poupado seus desafetos políticos. Mais cedo, quando inquirido por Júlio Delgado (PSB-MG), Cunha disse que o deputado não deve ter se conformado com derrota na última disputa pela presidência da Câmara.

"Vossa excelência vai disputar todas e não vai ganhar nenhuma, vossa excelência faz da sua derrota uma querela pessoal, porque no voto vossa excelência não ganha".

O peemedebista provocou Delgado dizendo que seria "bom que ele se candidatasse de novo para ser derrotado de novo".

STF

Em seu depoimento, Cunha sugeriu que poderia haver algum interesse oculto na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em afastá-lo.

"Essa decisão foi construída para ter algum tipo de objetivo", afirmou. Segundo ele, o tempo dirá qual era o objetivo da Corte.

Acusado de usar a presidência da Câmara para interferir nos trabalhos do colegiado, Cunha se defendeu. Ele voltou a afirmar que foram erros no processo que adiaram a análise de sua denúncia.

"Querer me culpar do atraso do tempo do processo é me atribuir atos que não pratiquei", defendeu.

Cunha questionou ainda a confiabilidade das delações premiadas, usuais na Operação Lava Jato. "Se a moda de delação pega, uns 500 teriam denúncia aceita, incluindo Dilma Rousseff", disse.

Diversos membros do Conselho de Ética utilizaram depoimentos de lobistas e empresários, como Fernando Soares, o "Baiano", João Henriques e Ricardo Pernambuco Júnior, indicando que Cunha teria recebido vantagem indevida.

O peemedebista, contudo, se recusou a responder perguntas que não estejam direcionadas à acusação de que ele mentiu sobre possuir contas na Suíça.

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