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Na pandemia, mortes no Brasil crescem 13,7%, sete vezes mais que média anual

A maior alta de mortes no primeiro ano da pandemia de covid foi no Amazonas, que enfrentou o colapso do sistema de saúde

Paciente com coronavírus no Hospital Nossa Senhora da Conceição,  Porto Alegre
 19/11/2020 (Diego Vara/Reuters)

Paciente com coronavírus no Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre 19/11/2020 (Diego Vara/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de março de 2021 às 08h31.

Com a pandemia de covid-19, o número de mortes registradas nos últimos 12 meses no Brasil subiu 13,7% em relação ao período anterior, aumento sete vezes maior do que a média de crescimento anual de óbitos dos últimos 17 anos. De acordo com o Portal da Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) e que traz dados dos cartórios, 1.498.910 pessoas morreram no País entre março de 2020 - quando a primeira morte por coronavírus foi confirmada - e fevereiro de 2021.

Nos 12 meses anteriores, foram 1.318.186 óbitos. O primeiro ano da pandemia no Brasil teve, portanto, 180.724 mortes a mais do que o período anterior.

Se analisados os mesmos intervalos de 12 meses desde 2003/2004, a média de crescimento anual de óbitos no País era de 1,76%, com incremento médio de 23 mil óbitos a cada novo ano, sete vezes menos do que o observado no primeiro ano após a chegada do coronavírus.

Para o epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), os dados reforçam a agressividade com que a pandemia atingiu o País. "Sair de uma média de 1,76% para 13,7% é muito expressivo. Isso não foi um fenômeno localizado no tempo, explicável por um acidente como terremoto ou furacão, mas, sim, algo espalhado durante todo o ano e por todo o território", diz.

Lotufo explica que o excedente de mortes de um ano para outro (180.724) não chega ao número de óbitos por covid no País (255 mil no fim de fevereiro) porque mortes por outras causas diminuíram com o isolamento. "Caíram, por exemplo, as mortes por acidentes de trânsito, as infantis", diz.

Por outro lado, além do impacto de uma nova doença, o número de mortos no País pode ter aumentado de forma expressiva também por efeitos indiretos da pandemia, como explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil. "Tivemos também situações de pessoas que morreram sem assistência médica tanto por medo de ir ao hospital e se contaminar quanto por falta de um leito", lembra ele.

Dados por Estado

O impacto do esgotamento da capacidade do sistema de saúde na mortalidade pode ser visto nos números da Arpen-Brasil por unidade da federação. A maior alta de mortes no primeiro ano da pandemia foi justamente no Amazonas, Estado que enfrentou o colapso do sistema de saúde nas duas ondas da doença. Na última delas, em janeiro, pacientes internados morreram por falta de oxigênio.

No Amazonas, as mortes registradas entre março de 2020 e fevereiro de 2021 cresceram 44,78% em relação aos 12 meses anteriores, passando de 16.741 para 24.238. O Estado de São Paulo também ficou acima do índice de crescimento médio brasileiro, com incremento de 19,55% nos óbitos registrados em seu território.

Pior mês

Os dados do Portal da Transparência do Registro Civil mostram também um aumento de mortes ainda mais preocupante em fevereiro deste ano, quando o País já era afetado por uma explosão de casos.

O número de brasileiros que morreram nesse último mês foi 28% maior do que em fevereiro de 2020 - os óbitos passaram de 93.164 para 119.335 no período.

Essa diferença pode ficar ainda maior porque a base de dados de fevereiro último ainda pode receber registros uma vez que o prazo para notificação da morte em cartório e envio do dado para o sistema federal da Arpen-SP é de 15 dias.

Antes de 2021, o total de mortos em fevereiro nunca havia ultrapassado os 100 mil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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