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Militares fazem ato em SP em comemoração ao golpe de 64

Chamada de "revolução democrática" pelo Ministério da Defesa, evento não contou com declarações de comandantes

Soldados do Exército brasileiro: militares tiveram aval de Bolsonaro para celebrar o 31 de março (Ricardo Moraes/Reuters)

Soldados do Exército brasileiro: militares tiveram aval de Bolsonaro para celebrar o 31 de março (Ricardo Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de março de 2019 às 13h07.

São Paulo — Com aval do presidente Jair Bolsonaro para comemorar o golpe militar de 1964, militares do Exército fizeram, nesta quinta-feira, 28, uma comemoração silenciosa da data no Comando Militar do Sudeste, em São Paulo. No entanto, houve orientação expressa para que os generais não dessem declarações durante a cerimônia ou concedessem entrevistas, para evitar que o ato se transformasse em alvo de polêmica e questionamentos judiciais.

O evento durou menos de uma hora e contou com a leitura da ordem escrita pelo Ministério da Defesa em que as Forças Armadas dizem "reconhecer" o papel da geração militar que deu início à ditadura, chamada de "revolução democrática" na comemoração. A orientação foi para que a comemoração não ultrapassasse o limite de leitura da ordem da Defesa e da execução de músicas.

Um general relatou ao Broadcast Político que houve resistência interna para que a comemoração fosse realizada. Além disso, houve pedidos para que a imprensa não participasse. O aval do presidente Jair Bolsonaro, no entanto, foi interpretado pelos comandantes como garantia de que a comemoração poderia ser realizada sem preocupação em relação a eventuais consequências judiciais. Nesta semana, Procuradorias em diversos estados publicaram notas contra os atos.

Cerimônia

O evento foi aberto com uma declaração do cerimonial de que a se tratava de uma "rememoração do fato histórico" de 1964. O local escolhido foi a Praça Mário Kozel Filho, "morto no cumprimento do dever em 26 de junho de 1968", de acordo com inscrição em uma placa, em referência ao soldado morto durante a ditadura militar na explosão de um carro-bomba.

Ao passar pela área onde estava a imprensa, o comandante militar do Sudeste, Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, justificou a adoção do protocolo reservado. "Não há nada que a gente possa fazer que vocês não possam filmar e fotografar. Alguns questionaram: mas vai ter imprensa? Claro, imprensa livre e democrática. Estou muito feliz pela presença de vocês, só não posso dar nenhuma entrevista. Recebi ordens", disse. Ao final da cerimônia, ele cumprimentou os jornalistas e mandou um beijo às câmeras.

Houve execução do hino nacional e de músicas militares. Deputados estaduais do PSL vieram da Assembleia Legislativa e atravessaram a rua para acompanhar a cerimônia, que também contou com membros do Judiciário.

Na área reservada a visitantes, somente dez pessoas ocupavam as cadeiras. Ao final, o general Ramos quebrou o protocolo e, pedindo desculpas por estar fazendo uma declaração pública, pediu que a banda tocasse a música "Amigos para sempre" em homenagem às autoridades presentes.

Entre elas, estavam o vice-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador Artur Marques da Silva Filho, e o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Fábio de Salles Meirelles.

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