Metade dos cubanos que atuou no Mais Médicos já deixou o Brasil
Mais de 4.000 profissionais cubanos deixaram o país após o fim da parceria
EFE
Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 21h40.
Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 10h19.
Havana - Mais de 4.000 dos 8.332 profissionais cubanos que trabalhavam no Programa Mais Médicos já deixaram o país após o fim da parceira em novembro, uma resposta do governo de Havana às críticas feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro.
O governo de Cuba fretou 20 voos para repatriar os médicos do país em cidades como Brasília, São Paulo, Manaus e Salvador, informou o Ministério de Relações Exteriores em nota.
"Essa volta está sendo rápida e ordenada. Não geramos essa situação. A decisão tomada pelo nosso país de não continuar participando do Programa Mais Médicos foi dolorosa mas necessária. No entanto, é responsabilidade e uma prioridade para Cuba garantir a integridade física e a segurança de nossos colaboradores", afirmou a diretora de Comunicação e Imagem do Ministério de Relações Exteriores, Yaira Jiménez, citada pela imprensa estatal da ilha.
"A situação atual, sob a qual se criaram circunstâncias lamentáveis que tornaram impossível a continuidade da cooperação cubana no Brasil, é responsabilidade exclusiva do governo brasileiro que tomará posse no próximo dia 1º de janeiro", completou Jiménez, sem citar diretamente o presidente eleito Jair Bolsonaro.
A representante do governo cubano também confirmou que todos os profissionais do país que trabalharam no Mais Médicos voltarão à ilha até o fim do ano. Eles serão reincorporados ao sistema de saúde de Cuba em condições similares às que tinham antes de vir ao Brasil. Parte dos médicos que já voltou, segundo Jiménez, está atuando na província de Santiago de Cuba, no leste do país.
Se desejarem, os profissionais também poderão se inscrever para cumprir missões médicas em outros países.
O Ministério de Saúde Pública de Cuba (Minsap) anunciou que deixaria o Programa Mais Médicos no dia 14 de novembro. A decisão, segundo o governo da ilha, foi tomada depois das condições propostas por Bolsonaro para modificar o acordo entre os dois países.
Na época, o Minsap divulgou nota afirmando que as declarações de Bolsonaro sobre os profissionais do país eram "ameaçantes e depreciativas". Entre outras coisas, o presidente eleito disse que os médicos cubanos eram "escravos" de uma "ditatura". EFE