Queimadas: governo proibiu queimadas durante 120 dias (Bruno Kelly/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de julho de 2020 às 16h13.
Última atualização em 17 de julho de 2020 às 16h30.
A organização não governamental Greenpeace flagrou diversos focos de queimada em florestas no Mato Grosso na semana passada, apesar de uma determinação do estado para que não haja fogo desde o dia 1º de julho. Em sobrevoo sobre região do estado coberta pela Floresta Amazônica no dia 9, foram capturadas imagens de focos ativos e muita fumaça. Além das áreas completamente queimadas, o Greenpeace também registrou imagens de áreas sendo preparadas para a queima.
Para toda a região da Amazônia e também para o Pantanal, o governo federal baixou um decreto nesta quinta, 16, também instituindo uma moratória do fogo por 120 dias.
De acordo com o Programa Queimadas, do Inpe, o mês de junho teve 2.248 focos de queimadas no bioma Amazônia, o maior valor desde 2007, com um aumento de 19,57% comparado a junho de 2019. Entre 1º e 16 de julho, já foram 1.444 focos. No mesmo período do ano passado haviam sido 1.289.
O Greenpeace fez um recorte nos dados do Mato Grosso e observou que desde o início do ano, até 13 de julho, já foram registrados 4.437 focos de incêndio dentro do bioma amazônico no estado. Com isso, o Mato Grosso já conta com o maior número de queimadas na Amazônia brasileira neste ano, representando 49,52% de todas as queimadas na região em 2020.
"Essas imagens e o aumento recorde do desmatamento neste ano são o resultado da política antiambiental do governo para a Amazônia que ainda tenta usar a crise provocada pela covid-19 como uma cortina de fumaça para permitir ainda mais desmatamento, grilagem e garimpo na floresta. A única coisa que este governo está fazendo é colocando o clima e mais vidas em risco, especialmente as dos povos indígenas", disse Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Florestas do Greenpeace Brasil, em nota divulgada à imprensa.
"Incêndios não ocorrem de forma natural na Amazônia. O fogo é ateado por fazendeiros e grileiros para remover a floresta ou quando ela já está derrubada e seca pelo sol, visando aumentar as áreas de pastagem ou agrícola, especulação de terras e grilagem. A prática tornou-se ainda mais comum com a falta de fiscalização e desmantelamento dos órgãos ambientais promovido por este governo, pois gera a sensação de certeza da impunidade" disse o ambientalista.
A Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso foi procurada pela reportagem, mas ainda não se manifestou. Quando houver uma resposta, a reportagem será atualizada.