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Mesmo após votação na CCJ, Temer afirma que PSDB fica no governo

A maioria do partido votou a favor da admissibilidade da denúncia contra o presidente; ainda assim, Temer garantiu que não fará uma reforma ministerial

Michel Temer: "Nem cogito isso, se alguém fala é porque quer falar" (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Michel Temer: "Nem cogito isso, se alguém fala é porque quer falar" (Antonio Cruz/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 21 de julho de 2017 às 20h42.

Brasília - Em discurso que também é reverberado em público por aliados, o presidente Michel Temer garantiu nesta semana a um dirigente tucano que não cogita fazer qualquer reforma ministerial para desalojar ministros do PSDB do governo, mesmo após a maioria dos deputados do partido na CCJ da Câmara ter votado a favor da autorização para que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue a denúncia contra o peemedebista por corrupção passiva.

"Nem cogito isso, se alguém fala é porque quer falar", disse Temer, segundo relato desse dirigente do PSDB à Reuters, sob a condição do anonimato.

O recado do presidente foi transmitido ao ministro das Cidades, Bruno Araújo, titular de uma das pastas que têm sido alvo de assédio de partidos da base aliada, principalmente do chamado centrão, desde que cinco dos sete deputados do PSDB na CCJ votaram a favor de o STF julgar o presidente.

Na quinta-feira da semana passada, após a Comissão de Constituição e Justiça ter aprovado um parecer pela rejeição da denúncia, outros interlocutores de Temer disseram à Reuters que o presidente pretende fazer uma reforma ministerial para retirar partidos "traidores" da Esplanada.

A reforma, contudo, disseram essas fontes, fica para depois da votação em plenário, prevista para ocorrer a partir do dia 2 de agosto.

Prestígio

Para demonstrar prestígio aos tucanos - principais parceiros de Temer que ocupam quatro pastas no governo -, Bruno Araújo participa na semana que vem de um evento em Caruaru (PE) com o presidente para a entrega de cartões de reforma de unidades habitacionais.

A avaliação feita por integrantes do Planalto é que tanto o ministro das Cidades quanto o secretário de Governo, o também tucano Antonio Imbassahy, têm desenvolvido um bom trabalho nas respectivas áreas e não haveria motivos para a mudança.

A possibilidade de troca em pastas comandadas pelo PSDB decorre da pressão de integrantes da legenda para entregar os cargos do governo desde que Temer virou alvo das acusações feitas por Joesley Batista, da JBS.

Há duas semanas, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), chegou a dizer que o governo caminha para a "ingovernabilidade" com Temer e sugeriu que o presidente da Câmara, Rodrigo (DEM-RJ), poderia fazer a "travessia" para a estabilidade do país até 2018, ano de eleições gerais.

Nos bastidores, contudo, importantes quadros tucanos como o presidente licenciado do partido, senador Aécio Neves (MG), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o senador José Serra (SP) e o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, atuam para garantir a permanência do partido no governo.

Um dos vice-líderes do governo na Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS), defendeu a permanência do PSDB no governo, mesmo que deputados tucanos votem para autorizar o julgamento de Temer pelo STF.

Ele contabiliza que metade da bancada deverá votar contra o presidente no plenário. Atualmente, o PSDB é a quarta maior bancada da Câmara, com 46 deputados.

Segundo Perondi, ainda assim, o partido é um "parceiro essencial" para a agenda das reformas do governo.

"O governo entende que pode haver deserções, mas é fundamental a participação do PSDB", disse o deputado, ao classificar como "normal" a pressão de partidos da base pelos cargos ocupados por tucanos na Esplanada.

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