Mais de 300 mulheres denunciam João de Deus, incluindo até a filha dele
Para apurar as denúncias por abuso sexual, foi criado um canal de denúncias que recebeu um total de 330 mensagens e contatos por telefone
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de dezembro de 2018 às 20h14.
Última atualização em 13 de dezembro de 2018 às 20h16.
A força-tarefa instituída pelo Ministério Público de Goiás para apurar as denúncias contra o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, por abuso sexual, recebeu desde segunda-feira, 10, data em foi criado o canal de denúncias, um total de 330 mensagens e contatos por telefone. O e-mail específico para essa finalidade é o denuncias@mpgo.mp.br. As informações foram divulgadas pela Promotoria nesta quinta-feira, 13.
Nesta quarta, 12, a Promotoria de Goiás requereu à Justiça a prisão preventiva de João de Deus, que alega inocência.
Médium e curandeiro, ele ficou famoso internacionalmente por suas sessões. Desde setembro de 2018, porém, várias denúncias de abuso sexual começaram a ser feitas por mulheres que iam às cerimônias conduzidas por João no Centro Dom Inácio de Loyola, onde realiza "cirurgias espirituais" em Abadiânia, no interior de Goiás.
Sua própria filha, Dalva Teixeira, o acusa. Afirma ter sido molestada quando era criança.
O médium nasceu na cidade Cachoeira de Goiás no ano de 1942. Quando era adolescente saiu da pequena cidade, pois tinha descoberto seu "dom" como médium.
Em 1976, fundou o Centro Dom Inácio de Loyola, onde recebeu várias personalidades como Bill Clinton, Chico Anysio e Hugo Chávez.
As vítimas que estão denunciando João de Deus são de Goiás, Distrito Federal, Minas, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará e Santa Catarina.
A força-tarefa instituída pelo procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto, é formada por cinco promotores e duas psicólogas da equipe do Ministério Público .
O grupo é composto pelo promotor de Justiça Steve Gonçalves Vasconcelos, que está em substituição da Promotoria de Abadiânia, onde os fatos teriam acontecido e onde tramitarão eventuais ações penais; o coordenador e o coordenador adjunto do Centro de Apoio Operacional (CAO) Criminal do MP, Luciano Miranda Meireles e Paulo Eduardo Penna Prado; a coordenadora do CAO dos Direitos Humanos, Patrícia Otoni, e a promotora Gabriella de Queiroz Clementino, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
As psicólogas são as servidoras Liliane Domingos Martins e Lícia Nery Fonseca.
O procurador-geral também encaminhou no dia 11 um ofício-circular aos procuradores-gerais de Justiça dos MPs Estaduais e do Distrito Federal solicitando que sejam designadas unidades de atendimento para coleta de depoimentos de possíveis vítimas do médium.
O advogado de João de Deus, Alberto Zacharias Toron, afirmou não ter sido oficialmente notificado de um pedido de prisão preventiva contra seu cliente. "Não tenho essa informação. Mas se ela for confirmada, ela é descabida: ele está à disposição da Justiça, está trabalhando normalmente", disse.
Nesta quarta-feira, 12, pela manhã, o médium fez uma visita tumultuada no Centro Dom Inácio de Loyola. Em um rápido pronunciamento, disse que era inocente e que estaria à disposição da Justiça. Foi a primeira aparição pública do médium depois que mulheres vieram a público acusá-lo de abuso sexual.