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Maioria dos usuários de crack querem se tratar, diz pesquisa

De acordo com o estudo, é baixo o acesso dos usuários aos serviços disponíveis, como postos e centros de saúde

Usuária de droga na cracolândia: pesquisa indica que 44,5% das mulheres entrevistadas relataram já ter sofrido violência sexual na vida, enquanto entre os homens o percentual foi 7% (Tânia Rêgo/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2013 às 11h36.

Brasília - Quase oito em cada dez usuários regulares de crack no país querem ser submetidos a tratamento contra o uso da substância. De acordo o estudo Perfil dos Usuários de Crack e/ou Similares no Brasil, divulgado hoje (19) pelos ministérios da Justiça e da Saúde, o desejo foi relatado por 78,9% dos entrevistados.

De acordo com o estudo, no entanto, é baixo o acesso deles aos serviços disponíveis, como postos e centros de saúde, procurados por apenas 20% dos usuários nos 30 dias anteriores à pesquisa; unidades que fornecem alimentação gratuita (17,5%) ou instituições que fazem acolhimento, a exemplo de abrigos, casas de passagem, e os centros de referência de assistência social (Cras), buscados por 12,6% dos usuários.

Em relação aos serviços para tratamento ambulatorial da dependência química nos 30 dias anteriores à pesquisa, o Centro de Atenção Psicossocial para atendimento a usuários de álcool, crack e outras drogas (Caps-AD) foi o mais acessado, ainda que por apenas 6,3% dos usuários.

De acordo com os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsáveis pela pesquisa encomendada pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad), esse fato reforça "a premente necessidade de ampliação e fortalecimento desses equipamentos no âmbito da rede de saúde, assim como as pontes (serviços intermediários, agentes de saúde, redes de pares, consultórios de rua) entre as cenas de uso e os serviços já instalados".

A pesquisa também revela que os usuários manifestaram interesse por serviços associados à assitência social e por serviços de atenção à saúde não necessariamente voltados ao tratamento da dependência química, como os ligados à higiene, à distribuição de alimento, ao apoio para conseguir emprego, escola ou curso e atividades de lazer.

Esses aspectos foram citados por mais de 90% dos entrevistados como fundamental para facilitar o acesso e o uso de serviços de atenção e tratamento.

O levantamento aponta ainda que aproximadamente metade dos usuários de crack e/ou similares já foi presa ao menos uma vez, sendo que 41,6% foram detidos no último ano. Entre os motivos da detenção, destacaram-se o uso ou posse de drogas (13,9%); assalto ou roubo (9,2%); furto, fraude ou invasão de domicílio (8,5%) e tráfico ou produção e drogas (5,5%).


Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores é que cerca de 10% das mulheres usuárias relataram estar grávidas no momento da entrevista. Além disso, mais da metade das usuárias de crack já havia engravidado ao menos uma vez desde que iniciaram o uso da droga.

"Trata-se de achado preocupante devido às consequências importantes do consumo do crack durante a gestação sobre o desenvolvimento neurológico e intelectual das crianças expostas", apontam no texto.

A pesquisa indica, ainda, que 44,5% das mulheres entrevistadas relataram já ter sofrido violência sexual na vida, enquanto entre os homens o percentual foi 7%.

Em relação ao tempo médio de uso, o estudo aponta que nas capitais se estende por aproximadamente 91 meses (cerca de oito anos), enquanto nos demais municípios esse tempo foi 59 meses (5 anos).

Mais da metade dos usuários tem padrão de consumo diário, sendo que cada usuário consome em média 16 pedras de crack por dia nas capitais e nos demais municípios, 11 pedras. Quando consideradas as diferenças entre os gêneros, nota-se que os homens usam crack por tempo mais prolongado, em média por 83,9 meses, enquanto as mulheres fazem uso por aproximadamente 72,8 meses. O consumo diário, no entanto, é mais intenso entre elas: 21 pedras de crack. Já os homens consomem 13 pedras por dia.

Para fazer o levantamento, cerca de 500 profissionais, como pesquisadores, assistentes sociais e psicólogos, foram a locais usados para consumo da droga, mapeados com ajuda de fontes locais - secretarias de Saúde, Assistência Social e Segurança, além de organizações não-governamentais e lideranças comunitárias.

Nesses locais, as equipes identificaram usuários, que foram entrevistados entre novembro de 2011 e junho de 2013. Ao todo, 7.381 usuários de crack em 112 municípios de portes variados - incluindo todas as capitais brasileiras - responderam às perguntas.

Além desse estudo, os ministérios divulgaram hoje a pesquisa Estimativa do Número de Usuários de Crack e/ou Similares nas Capitais do País, que indica a existência de 370 mil usuários regulares de crack nas capitais e no Distrito Federal. O conjunto de dados é, segundo o Ministério da Justiça, o maior e mais completo levantamento feito sobre o assunto no mundo.

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Brasília - Quase oito em cada dez usuários regulares de crack no país querem ser submetidos a tratamento contra o uso da substância. De acordo o estudo Perfil dos Usuários de Crack e/ou Similares no Brasil, divulgado hoje (19) pelos ministérios da Justiça e da Saúde, o desejo foi relatado por 78,9% dos entrevistados.

De acordo com o estudo, no entanto, é baixo o acesso deles aos serviços disponíveis, como postos e centros de saúde, procurados por apenas 20% dos usuários nos 30 dias anteriores à pesquisa; unidades que fornecem alimentação gratuita (17,5%) ou instituições que fazem acolhimento, a exemplo de abrigos, casas de passagem, e os centros de referência de assistência social (Cras), buscados por 12,6% dos usuários.

Em relação aos serviços para tratamento ambulatorial da dependência química nos 30 dias anteriores à pesquisa, o Centro de Atenção Psicossocial para atendimento a usuários de álcool, crack e outras drogas (Caps-AD) foi o mais acessado, ainda que por apenas 6,3% dos usuários.

De acordo com os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsáveis pela pesquisa encomendada pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad), esse fato reforça "a premente necessidade de ampliação e fortalecimento desses equipamentos no âmbito da rede de saúde, assim como as pontes (serviços intermediários, agentes de saúde, redes de pares, consultórios de rua) entre as cenas de uso e os serviços já instalados".

A pesquisa também revela que os usuários manifestaram interesse por serviços associados à assitência social e por serviços de atenção à saúde não necessariamente voltados ao tratamento da dependência química, como os ligados à higiene, à distribuição de alimento, ao apoio para conseguir emprego, escola ou curso e atividades de lazer.

Esses aspectos foram citados por mais de 90% dos entrevistados como fundamental para facilitar o acesso e o uso de serviços de atenção e tratamento.

O levantamento aponta ainda que aproximadamente metade dos usuários de crack e/ou similares já foi presa ao menos uma vez, sendo que 41,6% foram detidos no último ano. Entre os motivos da detenção, destacaram-se o uso ou posse de drogas (13,9%); assalto ou roubo (9,2%); furto, fraude ou invasão de domicílio (8,5%) e tráfico ou produção e drogas (5,5%).


Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores é que cerca de 10% das mulheres usuárias relataram estar grávidas no momento da entrevista. Além disso, mais da metade das usuárias de crack já havia engravidado ao menos uma vez desde que iniciaram o uso da droga.

"Trata-se de achado preocupante devido às consequências importantes do consumo do crack durante a gestação sobre o desenvolvimento neurológico e intelectual das crianças expostas", apontam no texto.

A pesquisa indica, ainda, que 44,5% das mulheres entrevistadas relataram já ter sofrido violência sexual na vida, enquanto entre os homens o percentual foi 7%.

Em relação ao tempo médio de uso, o estudo aponta que nas capitais se estende por aproximadamente 91 meses (cerca de oito anos), enquanto nos demais municípios esse tempo foi 59 meses (5 anos).

Mais da metade dos usuários tem padrão de consumo diário, sendo que cada usuário consome em média 16 pedras de crack por dia nas capitais e nos demais municípios, 11 pedras. Quando consideradas as diferenças entre os gêneros, nota-se que os homens usam crack por tempo mais prolongado, em média por 83,9 meses, enquanto as mulheres fazem uso por aproximadamente 72,8 meses. O consumo diário, no entanto, é mais intenso entre elas: 21 pedras de crack. Já os homens consomem 13 pedras por dia.

Para fazer o levantamento, cerca de 500 profissionais, como pesquisadores, assistentes sociais e psicólogos, foram a locais usados para consumo da droga, mapeados com ajuda de fontes locais - secretarias de Saúde, Assistência Social e Segurança, além de organizações não-governamentais e lideranças comunitárias.

Nesses locais, as equipes identificaram usuários, que foram entrevistados entre novembro de 2011 e junho de 2013. Ao todo, 7.381 usuários de crack em 112 municípios de portes variados - incluindo todas as capitais brasileiras - responderam às perguntas.

Além desse estudo, os ministérios divulgaram hoje a pesquisa Estimativa do Número de Usuários de Crack e/ou Similares nas Capitais do País, que indica a existência de 370 mil usuários regulares de crack nas capitais e no Distrito Federal. O conjunto de dados é, segundo o Ministério da Justiça, o maior e mais completo levantamento feito sobre o assunto no mundo.

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