Lula: "ele foi eleito para governar São Paulo, parar de fazer pirotecnia e governar a cidade" (Paulo Whitaker/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de abril de 2017 às 14h35.
Última atualização em 7 de abril de 2017 às 20h41.
O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, 7, em entrevista à rádio O Povo, do Ceará, que está "ansioso" para depor ao juiz federal Sérgio Moro, no dia 3 de maio, em Curitiba.
"É a primeira oportunidade que vou ter de saber qual é a acusação e a prova que tem contra mim", afirmou Lula, que transmitiu a entrevista ao vivo pela sua conta no Facebook.
Ele disse também que Moro "cumpre um papel importante na história do País". "A única coisa que eu condeno nisso tudo é utilizar a imprensa para condenar as pessoas previamente, antes de haver provas", afirmou o ex-presidente.
"A única coisa que ouvi até agora é 'não esperem prova, tenho convicção'. As pessoas não podem dizer que têm convicção, é preciso mostrar", disse Lula, em referência à suposta declaração do procurador Deltan Dallagnol, que viralizou na internet, quando apresentou a denúncia contra Lula.
Sobre o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode levar à cassação da chapa Dilma-Temer, Lula definiu como "uma certa confusão política desnecessária no Brasil". "O PSDB (partido autor do processo) deveria ter pensado no que está fazendo no Brasil. Você tentar, nessa altura do campeonato, cassar a Dilma que já foi cassada? Penso que a desgraça que tinha de ser feita contra Dilma eles já fizeram, que foi inventar uma mentira da pedalada."
O ex-presidente da República falou que, para que o País tenha tranquilidade, é necessário que os eleitores vão às urnas escolher um novo presidente. "Que saia o candidato que quiser, que coloque o Tite da seleção brasileira, o Alckmin, Doria, Aécio, Temer, Renan, Ciro Gomes, todo mundo. Que saiam 500 candidatos e o povo escolha um e depois assuma a responsabilidade por quem escolheu."
Lula afirmou, na entrevista, que é preciso "ordenar o País". "O Poder Executivo precisa governar, o Legislativo legislar, e o Judiciário, sobretudo a Suprema Corte, ser o garante da Constituição", disse o ex-presidente, que aproveitou para criticar a atuação de alguns juízes. "Eu vejo juiz dando declaração na televisão fora dos autos do processo. As pessoas que querem emitir opinião sobre política deveriam deixar um cargo vitalício e entrar num partido político."
O ex-presidente falou também sobre as críticas que recebeu do prefeito de São Paulo, João Doria Jr. (PSDB). "Aprendi quando um político quer ter dois minutos de glória", disse. "No fundo, no fundo, ele quer que eu o transforme num personagem antagônico que eu não vou transformar. Ele foi eleito para governar São Paulo, parar de fazer pirotecnia e governar a cidade."
Sobre as próximas eleições presidenciais, Lula disse que vai deixar para pensar em 2018. "Eu tenho que deixar o tempo passar para ver como a política vai se arrumar. Está muito complicada a política brasileira. De todos ligados a partidos políticos, o único que tem uma performance acima da média sou eu."
Lula também saiu em defesa de Ciro Gomes (PDT). "Eu tenho um profundo carinho e respeito pela lealdade do Ciro. Não vai ser uma palavra mal colocada que vai fazer que eu tenha uma maior divergência."