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Lula defende, em Angola, que FMI transforme a dívida dos países africanos em obras

Segundo o petista, o débito total das nações com o organismo internacional passa dos US$ 800 bilhões e tem se tornado impagável devido aos juros embutidos na dívida

Angola e Brasil também assinaram nesta sexta sete acordos de cooperação entre os países (Ricardo Stuckert/PR/Divulgação)
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 25 de agosto de 2023 às 12h57.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) converta a dívida dos países africanos em obras de infraestrutura para fomentar o desenvolvimento do continente.

Segundo o petista, o débito total das nações com o organismo internacional passa dos US$ 800 bilhões e tem se tornado impagável devido aos juros embutidos na dívida. Para Lula, os países ricos poderiam abrir mão do dinheiro para financiar obras públicas que coloquem a África no chamado "sul global", termo usado para designar nações em desenvolvimento.

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"Sei da dívida que o continente africano tem com o FMI (...) essa dívida vai ficando impagável. Por que ao invés de quererem receber essa dívida, não transformam em obras públicas? (...) Precisamos abrir uma nova discussão. Essa é uma briga que nós precisamos fazer. A partir de agora, se preparem meus amigos do FMI, vai fazer parte do meu discurso cobrar do FMI transformar dívida dos países africanos em obras", disse Lula em declaração à imprensa ao lado do presidente da Angola, João Lourenço.

O presidente brasileiro voltou a dizer que o país africano ficou "esquecido" durante a gestão de Jair Bolsonaro e criticou a política internacional do antecessor. "Apenas nos últimos tempos quando o país foi tomado pelo ódio, pela fake news e pela mentira, um presidente que não gostava de ninguém, Angola foi esquecida. Brasil vai voltar ao continente africano, quero visitar o máximo de país que eu puder visitar. Angola sempre será nossa porta de entrada nesse continente", destacou.

Lula também convidou João Lourenço a participar da próxima reunião do G20, que deve acontecer em 2024, no Rio de Janeiro. O Brasil assumirá a presidência do grupo das 20 nações mais ricas do mundo em dezembro deste ano.

Relações com o Brasil

Lourenço afirmou que é o momento de Angola "relançar" as relações com o Brasil. "Vamos reforçar nossos laços de cooperação. Queremos desenvolver domínios da agropecuária, educação, saúde e turismo, entre outras áreas", destacou ele, que ainda disse que o país também quer destinar investimentos ao Brasil e nações vizinhas. "Queremos ver o Brasil como nossa porta de entrada para a região do Mercosul."

Acordos de cooperação

A agenda em Angola faz parte do giro do presidente Lula pelo continente africano. Ele desembarcou no país na noite desta quinta-feira, 24, após cumprir agenda de três dias na cúpula de líderes do Brics, na África do Sul. Durante o encontro, o grupo anunciou que pretende ampliar o bloco e convidou Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos para se tornarem membros.

O presidente foi condecorado nesta sexta-feira com a Ordem Agostinho Neto, oferecida pelo governo angolano a figuras nacionais e estrangeiras, em particular chefes de Estado e líderes políticos. Já Lula entregou a Lourenço a Ordem Nacional Cruzeiro do Sul, a maior honraria concedida pelo governo brasileiro a personalidades estrangeiras.

Outros acordos

Angola e Brasil também assinaram nesta sexta sete acordos de cooperação entre os países. Entenda, abaixo, o teor de cada ato, de acordo com informações divulgadas pelo Ministério das Relações Exteriores brasileiro:

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