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Justiça de SP determina prisão temporária de suposto mentor do ataque a assentamento do MST

Segundo o delegado Marcos Rogério Pereira Machado, "Nero do Piseiro" está detido no centro de triagem de Taubaté

Tremembé: ataque a assentamento deixa dois mortos, seis feridos e levanta debate sobre milícias e reforma agrária. (Polícia Federal/ Governo Federal/Divulgação)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 12 de janeiro de 2025 às 20h41.

O Tribunal de Justiça de São Paulo decretou a prisão temporária de Antonio Martins dos Santos Filho, conhecido como "Nero do Piseiro", acusado de ser o mentor do ataque ao assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, na região do Vale do Paraíba. O crime, ocorrido na última sexta-feira à noite, deixou dois mortos e seis feridos.

"Nero do Piseiro" foi preso no sábado após ser reconhecido por testemunhas. Após audiência de custódia realizada neste domingo, a Justiça determinou sua prisão por 30 dias. De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, o suspeito começou a colaborar com as investigações. Ele já tinha passagens pela polícia por porte ilegal de armas.

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Além de Nero, a Polícia Civil de Taubaté pediu a prisão de um segundo suspeito, identificado como Ítalo Rodrigues da Silva, apontado como comparsa no ataque. Ítalo ainda não foi localizado.

Segundo o delegado Marcos Rogério Pereira Machado, "Nero do Piseiro" está detido no centro de triagem de Taubaté. Baseado nos relatos de testemunhas, a polícia estima que 10 pessoas participaram do ataque, utilizando pelo menos cinco carros e duas motos.

A principal linha de investigação é de que o ataque foi motivado por um desentendimento sobre uma possível venda irregular de lotes do terreno do assentamento.

O ataque

De acordo com integrantes do MST, o grupo invadiu a propriedade por volta das 23h e iniciou os disparos sem aviso. As vítimas estavam reunidas em um espaço coletivo do assentamento.

Os mortos foram identificados como Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos. Os outros feridos, com idades entre 18 e 49 anos, foram atendidos no pronto-socorro de Tremembé e no Hospital Regional de Taubaté.

Entre os feridos está Deni Carvalho, que levou um tiro na cabeça e permanece na UTI em coma induzido. Seu estado de saúde é considerado grave.

Repercussões e medidas

O ataque foi classificado pelo MST como um "massacre" e atribuído à atuação de milícias armadas que estariam invadindo lotes de reforma agrária próximos às zonas urbanas para especulação imobiliária.

"Famílias estavam lá para impedir a entrada dessa milícia e foram abordados por um arsenal. Por sorte não morreu mais gente", declarou Gilmar Mauro, dirigente nacional do MST.

O velório das vítimas ocorreu neste domingo no Cemitério Municipal de Tremembé, com a cremação prevista para o início da tarde.

Intervenção federal

A Polícia Federal (PF) foi acionada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para investigar o ataque, com base na possível violação de direitos humanos. Uma equipe composta por agentes, peritos e papiloscopistas já foi deslocada para o local.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura, Paulo Teixeira, afirmou que o ataque tem relação com o crime organizado, reforçando a necessidade de segurança nos territórios de reforma agrária.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu visitar o local assim que possível, de acordo com lideranças do movimento.

Acompanhe tudo sobre:JustiçaMST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

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