Juiz manda quebrar sigilo de jornalista para descobrir fonte
Juiz determinou a quebra do sigilo telefônico da jornalista para descobrir uma fonte de reportagens, mesmo ela não sendo suspeita de crime
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de novembro de 2016 às 08h58.
Última atualização em 30 de novembro de 2016 às 09h06.
São Paulo - O juiz Rubens Pedreiro Lopes, do Departamento de Inquéritos Policiais de São Paulo, determinou a quebra do sigilo de dados telefônicos da jornalista Andreza Matais, editora da Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo. A medida, mantida sob sigilo, foi tomada no dia 8 de novembro.
A jornalista não é suspeita de crime . O objetivo é identificar a fonte de uma série de reportagens de sua autoria, publicada em 2012 pelo jornal Folha de S.Paulo.
No despacho, o juiz informa que atendeu a provocação do delegado da Polícia Civil de São Paulo Rui Ferraz Fontes. A promotora Mônica Magarinos Torralbo Gimenez concordou com a medida.
Antes disso, outros três integrantes do Ministério Público já haviam opinado contra a solicitação em três ocasiões.
O escritório Dias e Carvalho Filho Advogados, que representa a jornalista, requereu nesta terça-feira, 29, ao juiz a reconsideração da decisão, que determinou ao Ministério Público que se manifeste.
"É inaceitável a violação do sigilo da fonte, mesmo que seja por decisão judicial", diz o advogado criminalista Luiz Francisco Carvalho Filho.
A determinação autoriza o acesso da Polícia Civil aos registros de três linhas de celular. Um dos números estava em nome da Folha de S.Paulo na época.
A investigação que originou a quebra do sigilo foi aberta a pedido do ex-vice-presidente do Banco do Brasil Allan Simões Toledo.
Ele foi citado em reportagem que revelou uma sindicância para investigar movimentação atípica de R$ 1 milhão identificada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
No processo, a jornalista alegou que não iria se manifestar para preservar o sigilo da fonte.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.