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Juiz lembra "pressão" do ex-ministro Geddel sobre Calero

Em novembro do ano passado, o então ministro Calero denunciou supostas pressões do peemedebista para que a Pasta liberasse uma construção

Geddel: o ex-ministro foi preso na tarde desta segunda-feira, 3, na Bahia, no âmbito da Operação Cui Bono (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de julho de 2017 às 19h08.

São Paulo - Na decisão que mandou prender o ex-ministro Geddel Vieira Lima o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal, reacendeu um capítulo recente do governo Temer , envolvendo o embate entre o aliado muito próximo do presidente e o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero.

O magistrado destacou a "pressão" de Geddel sobre o ex-ministro para conseguir a liberação das obras de um apartamento de luxo em área histórica de Salvador. Segundo o magistrado, Geddel "tenta persuadir pessoas".

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A prisão de Geddel não está relacionada ao empreendimento de alto padrão La Vue Ladeira da Barra, onde o ex-ministro tem um apartamento. O caso provocou uma crise no Governo Temer.

Em novembro do ano passado, o então ministro Calero denunciou supostas pressões do peemedebista para que a Pasta liberasse a construção. Geddel acabou deixando o governo.

O ex-ministro foi preso na tarde desta segunda-feira, 3, na Bahia, no âmbito da Operação Cui Bono, por supostamente tentar obstruir investigação que apura irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal. Ao mandar capturar Geddel, o juiz citou o episódio do apartamento em Salvador.

"Não é a primeira vez que Geddel Vieira tenta persuadir pessoas ou pressioná-las, conforme explana a autoridade policial ao mencionar episódio ocorrido há pouco tempo, embora não relacionado com os fatos: 'Outrossim, Geddel Vieira Lima já deu exemplo de ser capaz de utilizar sua influência política para tentar seu favorecimento indevido, como ocorreu recentemente no episódio que envolveu o ex-ministro Marcelo Calero, em que Geddel, então secretário de Governo da República, valeu-se de sua pública e notória influência para obter decisão administrativa que beneficiaria empreendimento em que havia adquirido imóvel particular, nada impedindo que volte a exercê-la, agora em questão até mais grave'", destacou o magistrado.

A prisão de Geddel é de caráter preventivo e tem como fundamento informações fornecidas em depoimentos recentes do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva. Os executivos da controladora da JBS falaram em suas delações premiadas.

No pedido enviado à Justiça, a Procuradoria da República, no Distrito Federal, afirmaram que o político tem agido para atrapalhar as investigações.

O objetivo de Geddel seria evitar que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração com o Ministério Público Federal.

Para isso, segundo os investigadores, tem atuado para assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, além de "monitorar" o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo.

O juiz Vallisney aponta para risco "iminente" se Geddel ficar solto.

"O risco é iminente de prejuízo ao processo e ao inquérito, sobretudo no estágio das investigações desta Operação Cui Bono e na fase instrutória judicial do processo em que são réus presos Eduardo Consentino da Cunha, Lúcio Bolonha Funaro e Henrique Eduardo Alves, além dos réus soltos Fábio Ferreira Cleto e Alexandre Margotto", anotou o magistrado.

"É que em liberdade, Geddel Vieira Lima, pelas atitudes que vem tomando recentemente, pode dar continuidade a tentativas de influenciar testemunhas que irão depor na fase de inquérito da Operação Cui Bono, bem como contra pessoas próximas aos coinvestigados e réus."

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