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Sem banheiro ou água, jornalistas relatam restrições em posse de Bolsonaro

Profissionais afirmaram também que foram impossibilitados de entrevistar autoridades durante a cobertura em Brasília

Em nota publicada no Twitter, a Abraji diz que "um governo que restringe o trabalho da imprensa ignora a obrigação constitucional de ser transparente (RICARDO MORAES/Reuters)

Em nota publicada no Twitter, a Abraji diz que "um governo que restringe o trabalho da imprensa ignora a obrigação constitucional de ser transparente (RICARDO MORAES/Reuters)

Janaína Ribeiro

Janaína Ribeiro

Publicado em 1 de janeiro de 2019 às 18h30.

Última atualização em 1 de janeiro de 2019 às 18h45.

Restrições à atuação da imprensa durante a cobertura de posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), foram divulgadas por jornalistas e pela Abraji - Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, nesta terça-feira, 1.

Segundo os relatos, os profissionais ficaram em média sete horas fechados, sem poder se deslocar entre pontos de Brasília, com acesso limitado a água e banheiros.

Sob o título "Um dia de cão", a jornalista da Folha de S.Paulo, Mônica Bergamo, descreveu como "algo jamais visto depois da redemocratização do país, em que a estreia de um novo governo eleito era sempre uma festa acompanhada de perto, e com quase total liberdade de locomoção, pelos profissionais da imprensa".

O salão nobre do Palácio do Planalto foi liberado para um jornalista de cada veículo, porém vetando o acesso às autoridades. Movimentos bruscos a exemplo dos fotógrafos que costumam levantar suas câmeras também foram vetados pela assessoria no novo governo, já que poderia levar a um sniper (atirador de elite) abater o "alvo".

Os jornalistas também teriam de embarcar em um ônibus às 8 horas rumo ao Congresso. A posse presidencial estava marcada para começar às 15 horas (sete horas de espera). Foi vetado a distribuição de cafezinhos e as cadeiras foram retiradas, levando aos profissionais trabalharem sentados no chão. Lanches deveriam ser levados em sacos transparentes, e maçãs deveriam ser cortadas - já que inteiras causariam alguma lesão no presidente "se lançadas".

Em nota publicada no Twitter, a Abraji diz que "um governo que restringe o trabalho da imprensa ignora a obrigação constitucional de ser transparente. Os  brasileiros receberão menos informações sobre a posse presidencial por causa das limitações impostas à circulação de jornalistas em Brasília". 

A jornalista Miriam Leitão também sinalizou seu descontentamento, publicando artigo pelo jornal O Globo. "Cubro posse desde o general João Figueiredo. Nunca houve nada tão restritivo". 

Ainda segundo O Globo, profissionais de imprensa da China e França abandonaram a posse reclamando do tratamento dado aos jornalistas que foram colocados em uma sala sem janelas e apenas com uma televisão. Eles teriam ficaram irritados quando souberam que não conseguiriam capturar imagens da população nas ruas.

Segundo o Itamaraty, quem quisesse sair não poderia voltar.

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