João Campos e Marília Arraes vão para o segundo turno em Recife
Recife terá uma disputa familiar no segundo turno das eleições municipais
André Martins
Publicado em 15 de novembro de 2020 às 23h01.
Última atualização em 15 de novembro de 2020 às 23h05.
João Campos ( PSB ) e Marília Arraes ( PT ) vão disputar o segundo turno da eleição municipal de Recife . Com 100% das urnas apuradas, o candidato do PSB confirmou as pesquisas e ficou em primeiro com 29,17% dos votos validos, enquanto a candidata do Partidos dos Trabalhadores atingiu 27,95% dos votos validos, confirmando sua participação no segundo turno.
Primos de segundo grau, os dois candidatos são deputados federais pelo estado de Pernambuco. Ambos foram eleitos em 2018, e assim como o resultado de hoje, João ficou à frente de Marília – foi o deputado federal mais votado da história do Estado, com 460.637 votos — enquanto a candidata do PT teve 193.108. Também é a primeira vez que ambos disputam uma eleição para um cargo no executivo.
João Campos tem 26 anos e é filho do ex-governador Eduardo Campos — vítima de acidente aéreo em 2014 — e bisneto do ex-governador Miguel Arraes. João é formado em Engenharia Civil e iniciou cedo a sua trajetória na política. Foi chefe de gabinete do Governo de Pernambuco durante o mandato de Paulo Câmara (PSB) em 2016 e na primeira vez que disputou um cargo público, foi eleito deputado federal em 2018. João é do partido do atual prefeito, Geraldo Júlio, que na última pesquisa de avaliação Ibope divulgada em 10 de novembro, teve sua gestão desaprovada por 57% dos entrevistados. Caso Campos seja eleito, o PSB vencerá a terceira eleição seguida no Recife.
Marília Arraes tem 36 anos e é neta do ex-governador Miguel Arraes. Formada em Direito, era filiada ao PSB, onde foi eleita vereadora por duas vezes, em 2008 e 2012, e foi secretária de Juventude e Qualificação Profissional do atual prefeito Geraldo Júlio em 2011. Em 2014, Arraes rompeu com o PSB por discordância com a cúpula do partido e começou atuar como oposição da gestão de Geraldo Júlio (PSB) na câmara dos vereadores. Em 2016 oficializou a desfiliação do partido e ingressou no PT, onde disputou a eleição daquele mesmo ano, para se eleger como vereadora da cidade pela terceira vez. Caso Marília seja eleita, o PT volta ao poder do município que já governou por 12 anos entre 2001 á 2011.
Além dá prefeitura, os candidatos disputam o legado familiar de Miguel Arraes, que foi prefeito de Recife e governou Pernambuco por três vezes. O resultado também pode refletir decisões na próxima eleição para governador, uma vez que os dois partidos de esquerda fizeram aliança estadual em 2018.
Pandemia e economia
O candidato vencedor vai precisar lidar com o aumento de novos casos do novo coronavírus na cidade. A Secretária de Saúde Municipal anunciou que o número de casos e óbitos estão em queda desde maio — o pior mês da pandemia na cidade, com mais de 11 mil casos com 1.151 mortes — porém hospitais da cidade avisaram que nesse começo de novembro o número de internações aumentou, o que liga um sinal de alerta.
Como a maioria das cidades do país, Recife teve sua economia impactada pela pandemia de covid-19. O novo prefeito precisará fazer mais com menos recursos. Uma vez que a cidade prevê queda de arrecadação de 4,8% comparado a 2020 e um deficit primário de R$ 240 milhões previstos para 2021. Esse deficit já está previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) da cidade, aprovada pelos vereadores.
O segundo turno na capital de Pernambuco acontecerá no dia 29 de novembro.