Índicios da ação do cartel no Uruguai surgiram há 6 anos
Apesar de possuir indícios, as autoridades brasileiras nunca fizeram nenhum pedido de cooperação ao país vizinho
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2014 às 10h25.
Montevidéu - Há quase seis anos, autoridades brasileiras têm indícios de que parte do suposto esquema de corrupção da Alstom e da Siemens passava por empresas uruguaias, mas nunca fizeram nenhum pedido de cooperação ao país vizinho.
O primeiro documento do inquérito sobre a Siemens da Polícia Federal é uma representação de cinco páginas do então líder do PT na Assembleia de São Paulo, Roberto Felício, em agosto de 2008.
Ele relatou ao procurador Rodrigo de Grandis, do Ministério Público Federal, que recebera documentos nos quais se denunciava a prática de atividades ilícitas da Alstom e da Siemens no Metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Tratava-se de dois contratos idênticos feitos pela Siemens com as empresas uruguaias Gantown e Leraway, bem como de cópia da carta anônima enviada ao ombudsman da Siemens na Alemanha - que, como depois se revelou, era de autoria de Everton Rheinheimer, principal delator de corrupção do cartel de trens.
A carta foi dirigida a diversos promotores e procuradores estaduais e federais. Nela, Rheinheimer dizia que, além das empresas brasileiras Procint e Constech, os consultores Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira - este já falecido - usavam as uruguaias Gantown e a Leraway para pagar propina no Brasil.
A reportagem consultou autoridades responsáveis pelo combate à lavagem de dinheiro no Uruguai. Todas afirmaram que a maior parte da cooperação internacional do País é feita com Argentina e Brasil. Todas estranharam que o Brasil nunca tenha pedido cooperação.
"Travas legais como segredos bancários são superadas facilmente com um pedido bem fundamentado. Judicialmente se levanta tudo rapidamente, algumas coisas em questões de horas", afirmou o secretário nacional Antilavagem de Dinheiro do Uruguai, Carlos Díaz.
Questionado, o procurador Rodrigo de Grandis disse que não poderia se manifestar por não ter tido acesso aos autos.
A procuradora Karen Kahn, que esteve à frente do inquérito do caso Siemens até que ele foi enviado em dezembro ao Supremo Tribunal Federal (onde foi desmembrado e retornou ao Ministério Público Federal, ficando a cargo de Rodrigo De Grandis), afirmou que "estava em vias" de pedir essa cooperação, quando o caso foi para o STF.
No fim do ano, ela pediu cooperação à Alemanha e à Inglaterra. O Uruguai "não tem tradição de cooperar com o Brasil", afirmou, mas é "um dos próximos países para a gente cutucar".
O promotor Silvio Marques, do Ministério Público, que conduz as investigações do caso Alstom na esfera paulista, não quis se manifestar alegando que o caso está sob sigilo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Montevidéu - Há quase seis anos, autoridades brasileiras têm indícios de que parte do suposto esquema de corrupção da Alstom e da Siemens passava por empresas uruguaias, mas nunca fizeram nenhum pedido de cooperação ao país vizinho.
O primeiro documento do inquérito sobre a Siemens da Polícia Federal é uma representação de cinco páginas do então líder do PT na Assembleia de São Paulo, Roberto Felício, em agosto de 2008.
Ele relatou ao procurador Rodrigo de Grandis, do Ministério Público Federal, que recebera documentos nos quais se denunciava a prática de atividades ilícitas da Alstom e da Siemens no Metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Tratava-se de dois contratos idênticos feitos pela Siemens com as empresas uruguaias Gantown e Leraway, bem como de cópia da carta anônima enviada ao ombudsman da Siemens na Alemanha - que, como depois se revelou, era de autoria de Everton Rheinheimer, principal delator de corrupção do cartel de trens.
A carta foi dirigida a diversos promotores e procuradores estaduais e federais. Nela, Rheinheimer dizia que, além das empresas brasileiras Procint e Constech, os consultores Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira - este já falecido - usavam as uruguaias Gantown e a Leraway para pagar propina no Brasil.
A reportagem consultou autoridades responsáveis pelo combate à lavagem de dinheiro no Uruguai. Todas afirmaram que a maior parte da cooperação internacional do País é feita com Argentina e Brasil. Todas estranharam que o Brasil nunca tenha pedido cooperação.
"Travas legais como segredos bancários são superadas facilmente com um pedido bem fundamentado. Judicialmente se levanta tudo rapidamente, algumas coisas em questões de horas", afirmou o secretário nacional Antilavagem de Dinheiro do Uruguai, Carlos Díaz.
Questionado, o procurador Rodrigo de Grandis disse que não poderia se manifestar por não ter tido acesso aos autos.
A procuradora Karen Kahn, que esteve à frente do inquérito do caso Siemens até que ele foi enviado em dezembro ao Supremo Tribunal Federal (onde foi desmembrado e retornou ao Ministério Público Federal, ficando a cargo de Rodrigo De Grandis), afirmou que "estava em vias" de pedir essa cooperação, quando o caso foi para o STF.
No fim do ano, ela pediu cooperação à Alemanha e à Inglaterra. O Uruguai "não tem tradição de cooperar com o Brasil", afirmou, mas é "um dos próximos países para a gente cutucar".
O promotor Silvio Marques, do Ministério Público, que conduz as investigações do caso Alstom na esfera paulista, não quis se manifestar alegando que o caso está sob sigilo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.