Indiana Zydus Cadila pretende exportar vacinas contra covid-19 para o Brasil
Segundo informou o laboratório. "Vamos trabalhar de perto com as autoridades sanitárias para ajudar as pessoas do Brasil a acessarem a vacina"
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de fevereiro de 2021 às 10h58.
A farmacêutica indiana Zydus Cadila deve encerrar até abril testes clínicos na Índia de um imunizante contra a covid-19 - a vacina Zycov-D - e tem tratativas com um laboratório brasileiro para, em breve, trazer doses da vacina ao Brasil. Segundo informou o laboratório. "Vamos trabalhar de perto com as autoridades sanitárias para ajudar as pessoas do Brasil a acessarem a vacina". "Em breve iremos entregar os dados dos testes para as autoridades e aguardamos suas orientações sobre o caminho a seguir", disse a empresa.
Em nota, a farmacêutica afirmou que "negocia com um dos laboratórios mais tradicionais e qualificados do País". O laboratório disse ao Estadão/Broadcast não poder revelar a contraparte brasileira, por enquanto, em função de uma questão contratual.
Atualmente, os estudos na Índia estão na fase 3, que devem determinar qual a eficácia da vacina em proteger humanos contra formas de manifestação da covid-19. Os testes clínicos com a vacina foram iniciados em janeiro e contam com a participação de 30 mil voluntários.
A expectativa do laboratório é produzir 150 milhões de doses da vacina por ano, com espaço para aumentar a produção conforme a demanda. Caso a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprove o uso da vacina, o laboratório diz ser capaz de "entregar milhões de doses" ao Brasil.
A vacina Zycov-D pode ser a primeira baseada em DNA a chegar ao mercado. Entre as vantagens deste tipo de imunizante, a vacina independe do armazenamento em freezers, podendo ser transportada à temperatura ambiente e armazenada desta forma por meses, informou o fabricante.
De acordo com os testes, a vacina permanece estável a 23ºC por três meses, e, para estoque por período mais prolongado, são necessárias temperaturas entre 2ºC a 8ºC. Outros estudos com vacinas baseadas em DNA estão em caminho no mundo para o tratamento de outras doenças como tuberculose, antraz, malária, aids e, inclusive, câncer.
Ao todo, o laboratório recomenda a aplicação de três doses para que a eficácia máxima seja alcançada, ainda que o imunizante desencadeie uma "resposta boa" a partir da segunda dose. Até o momento não há um preço definido por dose, porém o laboratórios afirma que um "valor razoável" será definido próximo ao lançamento da vacina. "A Zydus acredita em fornecer terapias, diagnósticos e vacinas acessíveis, especialmente durante esta pandemia", afirmou.
O laboratório também informa que este tipo de vacina permite uma atualização mais frequente, de acordo com as cepas de vírus em circulação. Segundo comunicou a Zydus Cadila, o laboratório planeja realizar atualizações mensais da vacina. Outro ponto considerado é que o imunizante dispensa o uso de seringas e agulhas descartáveis - insumos escassos no mercado e necessários para a aplicação de outras vacinas - e pode ser injetado por meio de aplicadores que disparam o imunizante através da pele.
Segundo afirmou o presidente do Grupo Zydus, Pankaj Patel, "a vacina demonstrou ser segura, bem tolerada e imunogênica. Com o imunizante na crítica fase 3 nós estamos esperançosos de um resultado positivo e da possibilidade de ajudar as pessoas a se protegerem contra a covid-19". A Zydus Cadila tem 36 fábricas ao redor do mundo, 25 mil funcionários e atualmente mantém contratos de fornecimento de insumos a laboratórios do Brasil, México e Colômbia.