Ibama prevê até dois meses de crise por queimadas e quer contratar aviões contra incêndios
Governo vai discutir novas frentes de combate ao fogo em reunião na Casa Civil
Agência de notícias
Publicado em 26 de agosto de 2024 às 12h20.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ( Ibama ) prevê que focos de incêndio podem se espalhar pelo país até o final de outubro. A expectativa, vista como um cenário pessimista por técnicos do instituto, estenderia a crise das queimadas por mais 60 dias. Uma das estratégias em avaliação é a contratação de aeronaves de pulverização agrícola adaptadas para o combate às queimadas.
Aviões particulares já são usados para conter fogo no Pantanal. O governo gasta, em média, R$ 10 milhões a cada duas semanas com a contratação desse serviço, que tem oferta limitada no país. O envio de aeronaves para regiões com focos de incêndio também depende de estudo prévio de local para pouso e pontos de abastecimento de combustível e água.
— No Pantanal (os focos) já diminuíram bem. Na Amazônia, não diminuiu ainda, em São Paulo tivemos um pouco de chuva ontem, estamos tentando entender nas imagens de satélite o que é foco ativo. A chuva apaga o fogo, mas traz muita fumaça também e dificuldade de identificar pontos ativos — afirma o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.
Também está em discussão a necessidade de contratação de mais brigadistas e equipamentos para combate ao fogo. O Ibama levará ao Palácio do Planalto a necessidade de recursos extras para as ações de combate as queimadas pelo Brasil . Nesta segunda e terça-feira, o núcleo de governo irá se reunir na Casa Civil para definir novas ações de enfrentamento.
O governo enviou aeronave modelo KC-390 Millenium, da Força Aérea Brasileira (FAB), para Ribeirão Preto neste domingo. A aeronave opera por instrumentos, mas devido à dificuldade de teto, não decolou neste domingo e deve começar a voar nesta segunda-feira. O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro, Marcelo Damasceno, está em São Paulo acompanhando os trabalhos. O avião deverá ser usado nesta segunda-feira para combater três focos na região de Ribeirão Preto.
— Estamos com toda nossa estrutura ajudando. A fumaça é muito forte e impede de você ver de cima o ponto do incêndio, o nascedouro do incêndio, Ontem ninguém enxergava nada — disse o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, ao GLOBO.
Desde sábado, o ministro está em contato com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, discutindo estratégias para combate ao fogo no interior do Estado. O governador acionou, ainda no sábado, o Comando Militar do Sudeste e a Defesa Civil, pedindo reforço da ajuda do governo federal.
Nesta segunda-feira, o governador confirmou a prisão de um terceiro suspeito pela realização de incêndios criminosos no estado. Em meio à onda de queimadas, dois homens já haviam sido presos nos municípios de São José do Rio Preto e Batatais, no domingo.
A Casa Civil também estuda a possibilidade de reforçar estruturas de combate e fiscalização em três regiões da Amazônia que concentram maior volume de incêndios, como sul do Amazonas, sul do Pará e ao longo da trans Amazônia.
Em junho, governo criou uma sala de situação para discutir ações de prevenção e controle de incêndios e secas composta por integrantes de vários ministérios. O grupo faz reuniões semanais desde então.