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Entrevista de Haddad no Jornal Nacional é centrada em corrupção

“A Rede Globo muitas vezes condena por antecipação”, disse Haddad

Fernando Haddad (PT) participa de debate no Jornal nacional nesta sexta-feira, 14 (Globo/Reprodução)

Guilherme Dearo

Publicado em 14 de setembro de 2018 às 09h00.

Última atualização em 14 de setembro de 2018 às 22h23.

São Paulo — Fernando Haddad , candidato do PT à Presidência da República, teve embates duros na noite desta sexta-feira (14) no Jornal Nacional, da TV Globo.

A maior parte dos 27 minutos de entrevista foi centrada no tema da corrupção e o candidato colocou a própria emissora no foco em alguns momentos.

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Perguntado sobre o grande número de petistas investigados, inclusive a ex-presidente Dilma Rousseff, Haddad disse que "a Rede Globo é investigada”, sugerindo que investigação não significa culpa.

“A Rede Globo muitas vezes condena por antecipação”, disse Haddad. Posteriormente, perguntou a Bonner: "Qual é a pessoa que está na vida pública que não está investigada?".

A entrevista começou com Haddad dando "boa noite ao presidente Lula" e Renata Vasconcellos afirmando de que o PT nunca fez uma autocrítica em relação ao seu envolvimento em escândalos de corrupção como o mensalão e o petrolão.

Haddad disse que os esquemas na Petrobras remontam ao período da ditadura militar e focou no fortalecimento, durante as gestões petistas, de instituições como a Polícia Federal e o Ministério Público.

"Se você não fortalece os mecanismos de combate à corrupção, você não descobre a corrupção”, disse ele.

Haddad também teve que responder por afirmações de membros do PT de que haveria algum tipo de conspiração no Judiciário contra o partido e o ex-presidente Lula.

Bonner perguntou como isso seria possível sendo que a maioria dos desembargadores, membros do Supremo Tribunal Federal e do próprio Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que condenou Lula, foram indicados por governos petistas.

“O que você testemunha é que nós nunca partidarizamos o Judiciário”, disse Haddad, completando que “tanto o Judiciário pode errar que os recursos estão previstos na Constituição. Se fosse infalível, bastava ter juiz de primeira instância”.

A entrevista também entrou na denúncia contra Haddad feita recentemente na Operação Lava Jato, baseada em delação de Ricardo Pessoa, da UTC.

Haddad disse que virou alvo porque contrariou interesses da empresa ao cancelar o projeto de um túnel quando era prefeito.

Ele apontou que o timing da denúncia, longe do fato e perto da eleição, está sendo investigado pela corregedoria do próprio MP - assim como o de outros políticos.

Renata perguntou então sobre a questão dos "postes", candidatos pouco conhecidos apontados por padrinhos políticos, e os motivos para ele não ter sido reeleito prefeito de São Paulo em 2016.

Haddad rejeitou o rótulo, listando feitos da sua gestão no Ministério da Educação de 2005 a 2012. Sobre sua derrota na prefeitura, disse que 2016 foi "um ano muito atípico" na cidade por causa do "clima antipetista".

Segundo ele, "o eleitor foi induzido ao erro" pois "o demônio do país virou o PT". Questionado sobre promessas não cumpridas na cidade, ele citou o contexto da "maior recessão da história".

Neste momento e posteriormente, comentando a responsabilidade pela crise econômica que se iniciou no governo petista, Haddad citou uma entrevista de Tasso Jereissatti, ex-presidente nacional do PSDB, publicada ontem.

Nela, Tasso critica a atuação do PSDB a partir de 2015 em pontos como o questionamento do resultado das eleições de 2014, o apoio às chamadas pautas-bomba, que aumentavam gastos, assim como a participação no governo Temer.

"A culpa é do PSDB porque o presidente do PSDB assumiu a culpa ontem", disse Haddad. Bonner apontou que 2014 já foi um ano de déficit público e economia estagnada.

Em suas considerações finais, Haddad disse que o PT governou por “12 anos de normalidade democrática” e que “o povo é parte da solução, o povo não é problema”.

Semana de entrevistas

A "semana de entrevistas" do telejornal aconteceu duas semanas atrás, quando quatro candidatos foram entrevistados por William Bonner e Renata Vasconcellos: Ciro Gomes, Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin e Marina Silva.

Naquela semana, o dia reservado ao PT, sexta-feira dia 31 de agosto, não contou com entrevistas. Ainda candidato oficial, o ex-presidente Lula estava preso em Curitiba e, obviamente, não foi ao gravar no Rio de Janeiro. Já Fernando Haddad ainda não era o candidato oficial do partido, que ainda insistia que Lula era a única opção.

No último dia 11, o partido confirmou o ex-prefeito de São Paulo como candidato. Manuela D'Ávila será sua vice.

Em cada dia de entrevista no jornal, os candidatos tiveram27 minutos, além de um minuto extra ao final para falar livremente.

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