Brasil

Grupo criado para debater questões indígenas faz reunião

Durante a audiência, os índios vão apresentar o nome dos dez representantes que vão compor o grupo com dez deputados já indicados

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Brasília – O grupo de trabalho criado ontem (17) pela Câmara dos Deputados, para aprofundar e garantir a participação indígena no debate sobre a situação das terras indígenas e os projetos parlamentares que afetam os interesses de índios de todo o país vai promover hoje (18) à tarde a primeira reunião.

Durante a audiência, marcada para começar às 14h na sala da Comissão de Legislação Participativa da Câmara, os índios vão apresentar o nome dos dez representantes que vão compor o grupo com dez deputados já indicados.

A presença dos índios no grupo é vista como uma conquista resultante da pressão política e fruto do acordo feito após os índios ocuparem o plenário da Câmara, na última terça-feira (16), em protesto contra as iniciativas parlamentares e do Poder Executivo que afetam os direitos indígenas e sobre as quais as comunidades indígenas afirmam não ter sido consultadas.

“É um espaço que conquistamos e uma grande oportunidade. É resultado do ato de terça-feira, que fizemos após refletir muito sobre as violências que nosso povo vem sofrendo. Agora vamos acompanhar todos os processos que envolvem nossos direitos para construir junto com os políticos [os projetos] que não nos prejudiquem”, disse o representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e liderança guarani-kaiowá, Otoniel Ricardo.

Além da criação do grupo de trabalho, a pressão dos índios também resultou na suspensão, pelo presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), da instalação da comissão especial criada para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215. A proposta, se aprovada, transfere do Poder Executivo para o Congresso Nacional a palavra final sobre a demarcação e a homologação de terras indígenas e quilombolas.


Na semana passada, o presidente da Câmara havia autorizado o funcionamento da comissão, “em observância ao regimento da Casa”, que determina que toda proposta de emenda constitucional tem que ser encaminhada.

Os índios também apontam como contrárias aos seus interesses o Projeto de Lei (PL) 1.610, de 1996, que aprova a exploração de recursos minerais em terras indígenas; e a PEC 237, deste ano, que torna possível a concessão de terras indígenas a produtores rurais. E também iniciativas do Poder Executivo como a publicação do Decreto 7.957, de março deste ano; a Portaria 303, da Advocacia-Geral da União (AGU), e a Portaria Interministerial 419/11.

Segundo o deputado Padre Ton (PT-RO), presidente da Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, o acordo estabelecido com o presidente da Câmara estabeleceu que o grupo de trabalho tem que ser formado por deputados “favoráveis aos povos indígenas e contrários à PEC 215 e outros que defendem a PEC e que questionam a Funai e a demarcação de terras indígenas”, além dos representantes indígenas.

Coordenador do grupo, o deputado Lincoln Portela (PR-MG), que preside a Comissão Parlamentar de Legislação Participativa, garantiu que as manifestações dos índios serão respeitadas e levadas em consideração. “A participação será paritária entre índios e parlamentares e nós não teremos reuniões fechadas, reuniões onde a imprensa e a sociedade civil organizada não possam participar. Além disso, eu abro a Comissão de Legislação Participativa para que também ali nós possamos trabalhar juntos”.

Além de Lincoln Portela e Padre Ton, fazem parte do grupo os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Sarney Filho (PV-MA), Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG), Domingos Dutra (PT-MA), Edio Lopes (PMDB-RR), Moreira Mendes (PSD-RO) e Ricardo Tripoli (PSDB-SP).

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosIndígenasPolíticaPolítica no Brasil

Mais de Brasil

Ministério Público vai apurar acidente de avião em Ubatuba

'Presidente quer fazer eventuais mudanças ainda este mês', diz Rui Costa sobre reforma ministerial

Prefeito de BH, Fuad Noman volta a ser entubado após apresentar instabilidade respiratória

Lula edita MP que prevê pagamento de R$ 60 mil a pessoas com deficiência causada pelo zika vírus