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Greve reflete atraso do país em mobilidade, diz especialista

Brasil reitera seu atraso em mobilidade urbana com a manifestação do transporte público em São Paulo, segundo coordenadora de ONG

Fila de ônibus durante greve em SP: 14 dos 29 terminais de São Paulo estão parados (Marco Prates/EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2014 às 14h22.

São Paulo - Com ônibus parados por causa da manifestação do transporte público em São Paulo , o Brasil reitera seu "atraso" em mobilidade urbana, destacou a coordenadora da ONG Bike é Legal, Renata Falzoni, que falou nesta quarta-feira em evento sobre cidades sustentáveis.

"Automóveis são balas perdidas em um labirinto de facas que é a organização das vias em São Paulo", criticou Falzoni.

No segundo dia de paralisação no transporte público, 14 dos 29 terminais de São Paulo estão parados, de acordo com a SPTrans, e há ônibus estacionados em uma das principais avenidas da cidade, a Rebouças.

Para ela, a situação "caótica" reflete problemas de gestão de políticas públicas e de conscientização comportamental, já que não existe "mobilidade sustentável".

"O Brasil está atrasado (em mobilidade), e a acessibilidade conecta a democracia", reforçou.

Para que a cidade não pare e que as pessoas tenham facilidade de chegar a seus trabalhos, por exemplo, uma solução explicitada por Falzoni é "compactar os bairros", estruturando-os com serviços públicos próximos para que os usuários não tenham que sair da periferia para o centro.

Além disso, a defensora da bicicleta como meio de transporte enfatizou o uso da ferramenta não só como uma forma de lazer, mas como instrumento de locomoção.

"Todo mundo está engarrafado e não olha para fora de suas garrafas, a bicicleta pode ser uma solução, mas tem que parar de ser encarada como brinquedo", afirmou.

Falzoni participou de uma mesa redonda sobre Cidades Sustentáveis organizada pela ONG ambientalista WWF-Brasil, que debateu a mobilidade como um dos focos para a melhoria na gestão das cidades.

"Para termos cidades sustentáveis, precisamos caminhar, usar bicicleta, conectar as cidades, usar o transporte público e promover mudanças com tarifas adequadas para impulsionar o uso de meios alternativos pelas pessoas", finalizou a coordenadora do Bike é Legal.

Única cidade com menos de um milhão de habitantes com BRT, a mineira Uberlândia, com pouco mais de 600 mil pessoas, tem um corredor de 7,5 quilômetros na Avenida João Naves de Ávila há seis anos. Outros municípios brasileiros possuem faixas exclusivas, mas não atendem a todos os critérios de um BRT. Levando o preceito de ser na superfície o que o metrô é abaixo da terra, até mesmo shopping em uma das estações o BRT de Uberlândia tem, o que deve soar familiar para moradores de São Paulo. A imagem ao lado mostra uma das vantagens do sistema: a acessibilidade. Deficientes físicos adentram o coletivo tão rápido quanto os demais passageiros, já que as estações são elevadas.  O corredor deu tão certo que o governo já tem mais quatro projetos aguardando verba do governo federal.
  • 2. São Paulo (SP) - 2007

    2 /3(Wikimedia Commons)

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    Dominante em Curitiba, o uso do BRT em São Paulo não chega nem perto de fazer cosquinha no metrô: os 9,7 quilômetros do primeiro transportam 81 mil pessoas diariamente, segundo a SPTrans, enquanto os 74 quilômetros do transporte subterrâneo dão conta de 4,5 milhões de viagens todos os dias.  Mas quando se trata de avaliação, o único corredor BRT da cidade se sai até melhor. Na última pesquisa da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), 81% dos passageiros acham o Expresso Tiradentes excelente ou bom, índice que cai para 74% no metrô. Os ônibus convencionais ficaram com 40%. O tempo de viagem entre o Terminal Sacomã e o Parque Dom Pedro II foi enormemente encurtado: caiu de 70 para 14 minutos, segundo a SPTrans. Em relação ao BRT “ideal”, o Expresso Tiradente perde apenas porque foi construído em via elevada. “Deveria ser na (altura da) rua, porque tem vantagem do ponto de vista da acessibilidade. Mas em relação a velocidade, o benefício foi plenamente atingido”, afirma Otávio Cunha, da NTU.
  • 3. Rio de Janeiro (RJ) - 2012

    3 /3(Divulgação/Facebook)

  • Como diz a máxima, quem ri por último, ri melhor. Quando se trata de BRT, o Rio de Janeiro pode ter chegado atrasado, mas saiu na frente na nova leva de munícipios onde o sistema está sendo implantado por causa da Copa. O Transoeste foi inaugurado em junho. O Rio segue as regras dos BRTs, a mais importante delas sendo as vias com ultrapassagem, que permitem a existência de linhas expressas e semiexpressas. Quem quer ir de uma ponta a outra o pode fazer sem demoras. Em pesquisa realizada pelo Instituto Mapear, a aprovação chegou a 90%, resultado de quem demorava até 2h30 no trajeto entre Santa Cruz e Barra da Tijuca e agora o faz em 40 minutos. Dentro dos ônibus articulados, uma gravação informa a próxima estação de parada, como em metrôs. Os GPS nos ônibus permitem que se saiba quando chegarão às estações, como em outros BRTs desta galeria. Mas o governo precisará resolver os atropelamentos, que têm sido constantes. Na capital carioca, mais três corredores estão em construção para serem inaugurados até o Mundial de 2014 e as Olimpíadas.
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