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Greve dos caminhoneiros deve começar hoje: governo estuda medidas

Categoria promete parar nesta segunda-feira; redução de cobrança do PIS/Cofins sobre o preço do diesel é uma das opções do governo para agradar categoria

Caminhoneiros devem entrar em greve nesta segunda, dia 1º: governo tenta negociação (Rodolfo Buhrer/Reuters)
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Carla Aranha

Publicado em 1 de fevereiro de 2021 às 06h00.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2021 às 08h16.

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A greve dos caminhoneiros deve começar nesta segunda-feira, dia 1º, diante de apelos do presidente Jair Bolsonaro para que a categoria não cruze os braços e acenos de medidas na área econômica para cortar custos do frete rodoviário.

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Os tranportadores autônomos devem anunciar hoje quais serão os principais pontos da paralisação nas estradas. Já se sabe onde os caminhoneiros não poderão parar: na última sexta, a Justiça proibiu obstruções na rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro.

O governo aposta na pulverização da categoria, representada por diversas associações, para o enfraquecimento do movimento grevista. O posicionamento de entidades como a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e a Associação Nacional das Empresas Agenciadoras de Transporte de Cargas (ANATC), contrárias à paralisação, vem sendo visto com certo alívio pelo Palácio do Planalto.

Mesmo assim, as ameaças de uma greve nacional  têm sido levadas a sério. No último sábado, o presidente Jair Bolsonaro voltou a pedir para os caminhoneiros desistirem da ideia de parar o país. Ao mesmo tempo, o governo estuda medidas que possam contentar a categoria.

Uma das ideias é reduzir a cobrança do PIS/Cofins sobre o diesel. O combustível, que sofreu um aumento de 4,4% no dia 26 de janeiro, representa quase a metade do valor do frete.

Para acomodar uma eventual redução do imposto deverá ser necessário compensar a queda na arrecadação com ajustes em outros tributos. Os principais candidatos são o Imposto sobre Produtos Industrializados ( IPI ) ou o Imposto sobre Transições Financeiras ( IOF ), que não precisam de autorização do Congresso. De acordo com o Palácio do Planalto, cada centavo abatido do PIS/Cofins custaria 800 milhões de reais por ano aos cofres públicos.

Como qualquer mudança no IOF pode gerar ruídos junto ao mercado financeiro, que já vem se debruçando sobre o risco fiscal, a opção mais viável, caso o governo persista nos esforços de estender a mão aos caminhoneiros, poderá recair sobre o IPI. Hoje, deficientes físicos, portadores de doenças incapacitantes e pessoas que já passaram por cirurgias cardíacas podem ter isenção da cobrança do IPI sobre os automóveis.

“A legislação preconiza que ao diminuir um imposto é preciso aumentar outro para não haver desiquilíbrio nas contas públicas”, diz Ricardo Castagna, sócio da LacLaw e especialista em direito tributário. “O presidente da República tem autonomia para alterar impostos como o IOF e IPI”. As mudanças podem entrar em vigor assim que forem aprovadas.

A questão é que ajustes em tributos costumam exercer impacto em relação ao cenário macroeconômico. O público hoje isento de pagar IPI sobre automóveis representa cerca de 8% dos compradores de carros no país, segundo dados da Anfavea. “Não há como alterar a cobrança de um imposto sem reflexos em alguma engrenagem da economia”, diz Castagna.

 

 

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