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Governo interino é a cara de Eduardo Cunha, diz Dilma

As políticas implementadas pelo governo interino são influenciadas pelo deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse a presidente Dilma Rousseff

Eduardo Cunha: "pode ter três ou quatro pessoas indicadas pelo presidente interino e ilegítimo, mas o conjunto da obra é do Eduardo Cunha”, disse a presidente Dilma (Antonio Cruz/ Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2016 às 18h37.

A presidente afastada Dilma Rousseff disse hoje (13) em entrevista à Rádio Itatiaia de Belo Horizonte que as políticas implementadas pelo governo interino são influenciadas pelo deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Segundo ela, a dependência do presidente interino, Michel Temer, ao ex-presidente da Câmara dos Deputados é tão clara que ninguém se surpreendeu com a notícia de que ambos se reuniram reservadamente numa noite de domingo há algumas semanas.

O encontro aconteceu no dia 26 de junho, no Palácio do Jaburu.

“Ninguém pode duvidar que este governo é a cara do Eduardo Cunha. Pode ter três ou quatro pessoas indicadas pelo presidente interino e ilegítimo, mas o conjunto da obra é do Eduardo Cunha”, disse.

Sobre a sucessão na presidência da Câmara, em votação que ocorrerá esta noite, Dilma disse que o processo é uma oportunidade para a Casa se reerguer. A petista espera que o resultado reduza a influência de Eduardo Cunha no Congresso.

“Tenho certeza que a maioria da Câmara é integrada por deputados que têm compromisso com o país. Espero que eles façam valer essa posição. Porque nós teremos segundo turno. E eu torço para que vença aquele que tiver mais idoneidade e mais independência. E que não seja alguém que tenha votado a favor do impeachment.”

Perguntada se está arrependida da aliança com o PMDB, Dilma disse que não. Segunda ela, a legenda tem sua importância na história da democracia brasileira e tem em sua trajetória nomes que precisam ser respeitados como Ulysses Guimarães. No entanto, a presidente afastada lamentou o que considera uma mudança no perfil do PMDB.

“O signo maior da mudança é o deslocamento para a Câmara da força que controlava o PMDB. E dentro dessa força surgiu um elemento muito grave que é a política de Eduardo Cunha”, criticou.

Programas

Dilma também não poupou críticas às políticas adotadas pelo governo interino. Segundo ela, Michel Temer não foi eleito para cumprir o programa que está querendo cumprir.

“Não foi eleito para extinguir o Ministério da Cultura e depois voltar atrás. Não tiveram votos para isso, não passaram pelo crivo das urnas para defender que no Brasil tenha um programa de saúde com exigências menores do que aqueles que a Agência Nacional de Saúde estipula. Não foi eleito para interromper o Minha Casa, Minha Vida ou o Pronatec”, citou.

Segundo Dilma, as pessoas estão perplexas diante das medidas tomadas pelo presidente interino. “Algumas delas são mera continuidade daquilo que nós vínhamos fazendo. Mas outras medidas representam uma grande ruptura com os direitos coletivos e individuais das pessoas.”

Defesa

Na entrevista, Dilma disse que irá ao plenário do Senado fazer sua defesa no processo de impeachment. Na comissão que analisa as denúncias contra ela, a defesa de Dilma foi feita por seu advogado, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, que leu um texto da petista.

“Não fui à comissão porque ali não estão todos os senadores. E eu preciso do voto do conjunto dos senadores”, justificou. Dilma disse que considera o momento duro. “Ao mesmo tempo, acredito muito na minha volta. Estou lutando para persuadir o Senado das razões que estão do meu lado”, disse a presidente afastada.

Dilma voltou a classificar de golpe o processo de impeachment, mas fez uma diferenciação em relação aos acontecimentos políticos de 1964, quando os militares tomaram o poder no país. “Se a democracia fosse uma árvore, no caso da ditadura militar se corta o tronco com um machado. Acaba a democracia, a liberdade de imprensa, o direito de organização, os direitos políticos das pessoas, o habeas corpus, etc”, comparou.

“Agora os estudiosos chamam de golpe branco ou golpe frio, que é um golpe que se dá no confronto entre os dois poderes, o Legislativo e o Executivo. É como se essa árvore fosse atacada por parasitas e esses parasitas contaminam as instituições. Daí a importância de se respeitar as instituições. Você pode não concordar com as instituições, mas elas estão lá”, acrescentou.

São Paulo – Nem mesmo a lembrança de ver suas poupanças congeladas há 3 décadas fez com que os brasileiros colocassem o hoje senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) no topo do ranking dos políticos mais reprovados do Brasil. Segundo levantamento da empresa de pesquisas Ipsos, esse posto pertence hoje ao peemedebista Eduardo Cunha , afastado da presidência da Câmara no início do mês passado. Primeiro político a virar réu no âmbito da operação Lava Jato , Cunha é acusado de ter recebido, ao menos, 5 milhões de dólares de pagamentos em propina para facilitar dois contratos entre o estaleiro Samsung e a Diretoria Internacional da Petrobras . Nesta terça-feira (7), o Conselho de Ética da Câmara deve finalmente votar parecer que sugere a cassação do mandato do peemedebista em um processo que já se estende por mais de sete meses. Ele é acusado de mentir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras ao afirmar, em depoimento, não ter contas no exterior em seu nome. Se aprovado, o relatório será encaminhado para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que deve avaliar os recursos que questionam os procedimentos adotados pelo Conselho de Ética. Caso o colegiado rejeite todos recursos, o processo segue para o plenário da Câmara, que decide pela cassação ou manutenção do mandato do peemedebista. A habilidade do deputado afastado para orquestrar manobras com o intuito de salvar o próprio mandato tira as esperanças, contudo, de quem quer vê-lo longe do poder. Em entrevista exclusiva a EXAME.com nesta segunda, o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, José Carlos Araújo (PR-BA), afirmou que afastamento de Cunha não foi suficiente para impedir que ele atrapalhasse os trabalhos do colegiado.  "Ele continua frequentando a Câmara, telefonando para os deputados, a influência dele está no ar", disse Araújo. Uma classe em xeque A percepção negativa do brasileiro sobre Cunha não é um caso isolado. Segundo o relatório, 78% dos entrevistados afirmaram que não confiam nos políticos em geral. As Forças Armadas, em contrapartida, ganharam um voto de confiança de 41% dos participantes da pesquisa. Não por acaso, o maior temor dos brasileiros para este período de transição de governos é de que tudo continue do mesmo jeito no cenário político.  O levantamento foi realizado entre realizado entre os dias 29 de abril e 14 de maio com 1,2 mil pessoas de 72 cidades. A margem de erro é de 3 pontos percentuais. A pesquisa pediu para os entrevistados avaliarem a atuação de 29 políticos e personalidades. EXAME.com selecionou aqueles cuja taxa de resultado em que o entrevistado disse que não sabia responder foi menor que 30%. Veja quem são eles.
  • 2. Eduardo Cunha (PMDB), presidente afastado da Câmara dos Deputados

    2 /15(Ueslei Marcelino/Reuters)

  • Veja também

    Desaprova78%
    Aprova7%
    Não sabe responder15%
  • 3. Fernando Collor de Mello (PTB-AL), senador

    3 /15(REUTERS/Ueslei Marcelino)

  • Desaprova71%
    Aprova5%
    Não sabe responder24%
  • 4. Renan Calheiros (PMDB-CE), presidente do Senado

    4 /15(Marcos Oliveira/Agência Senado)

    Desaprova70%
    Aprova7%
    Não sabe responder24%
  • 5. Dilma Rousseff (PT), presidente afastada*

    5 /15(Ueslei Marcelino / Reuters)

    Gestão ruim ou péssima69%
    Gestão regular21%
    Gestão ótima ou boa9%
    * A pesquisa perguntou se a gestão da petista era péssima, ruim, regular, ótima ou boa
  • 6. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ex-presidente da República

    6 /15(Adriano Machado/Reuters)

    Desaprova68%
    Aprova27%
    Não sabe responder5%
  • 7. Michel Temer (PMDB), presidente em exercício

    7 /15(Ueslei Marcelino/Reuters)

    Desaprova67%
    Aprova16%
    Não sabe responder16%
  • 8. Aécio Neves (PSDB-MG), senador

    8 /15(Carlos Becerra / AFP)

    Desaprova62%
    Aprova25%
    Não sabe responder14%
  • 9. Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo

    9 /15(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

    Desaprova56%
    Aprova23%
    Não sabe responder21%
  • 10. Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ex-presidente da República

    10 /15(Tânia Rêgo/Agência Brasil)

    Desaprova54%
    Aprova28%
    Não sabe responder18%
  • 11. José Serra (PSDB), ministro das Relações Exteriores

    11 /15(Reuters/Ueslei Marcelino)

    Desaprova54%
    Aprova33%
    Não sabe responder13%
  • 12. Marina Silva (Rede-AC), ex-candidata à presidência da República

    12 /15(Vagner Campos/MSILVA Online)

    Desaprova54%
    Aprova33%
    Não sabe responder14%
  • 13. Sergio Moro, juiz federal da 13ª Vara de Curitiba (PR) responsável pelas ações penais da Lava Jato em 1ª instância

    13 /15(Reuters)

    Desaprova22%
    Aprova58%
    Não sabe responder20%
  • 14. Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF

    14 /15(Nelson Jr./SCO/STF)

    Desaprova21%
    Aprova50%
    Não sabe responder29%
  • 15. Veja agora:

    15 /15(Ueslei Marcelino / Reuters)

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