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PM do Maranhão ordena espionagem de opositores nas eleições

Comando da PM afirma que ordem é um "equívoco grave" e que objetivo era apenas levantar dados para planejar policiamento nas eleições

Dino: na Assembleia Legislativa, opositores a Dino reagiram com veemência à ofensiva da polícia (Flávio Dino/Facebook/Divulgação)

Dino: na Assembleia Legislativa, opositores a Dino reagiram com veemência à ofensiva da polícia (Flávio Dino/Facebook/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de abril de 2018 às 11h12.

Última atualização em 20 de abril de 2018 às 11h45.

A Polícia Militar do governo Flávio Dino (PC do B), candidato à reeleição no Maranhão, emitiu nesta quinta-feira, 19, ordem expressa aos batalhões militares para monitorar opositores políticos durante as eleições de 2018.

Documento da Secretaria de Segurança Pública maranhense determina identificação de políticos opositores "ao município" ou ao "Estado" que possam "causar embaraços no pleito eleitoral" e ainda manda transferir policiais envolvidos com política.

A ordem foi emitida pelo Comando de Policiamento do Interior (CPI) aos Batalhões da Polícia Militar e pede um "levantamento eleitoral" das forças de segurança do Estado.

O comandante geral da PM do Maranhão, Jorge Luongo, afirmou que o documento "é um equívoco grave e sem precedentes, não autorizado pelo Comando da Instituição Policial Militar". Segundo a nota, a ideia era "somente catalogar dados informativos e estatísticos" para elaborar o"planejamento do  policiamento das eleições 2018".

"Logo que este equívoco foi identificado, tomou medidas imediatas para corrigir tal erro e tornar sem efeito tais medidas, assim como instaurou um procedimento de apuração legal para as devidas providencias que o caso requer".

Na Assembleia Legislativa, opositores a Dino reagiram com veemência à ofensiva da polícia. "Isso é uma Venezuela, uma Coréia do Norte no Maranhão", afirmou o deputado Souza Neto (PRP).

Segundo o documento, "os comandantes das UPM"s deverão informar as lideranças que fazem oposição ao governo local (ex-prefeito, ex-deputado, ex-vereador) ou ao governo do Estado, em cada cidade, que podem causar embaraços no pleito eleitoral".

No "levantamento eleitoral" exigido pelo Comando a todas as unidades, há uma tabela com quesitos que devem ser preenchidos, como os nomes dos juízes eleitorais de cada comarca, locais de votação, atuais prefeitos e o delegado regional.

No mesmo documento, em uma ala de "informações complementares", constam outros quesitos, como aquele em que devem ser identificados os opositores, e ainda outro.

"Os comandantes da área deverão informar se existem policiais militares envolvidos com políticas, para que no período eleitoral sejam deslocados para outras cidades, a fim de evitarem transtornos no período eleitoral."

Defesa

O comandante geral da polícia militar do maranhão, Jorge Luongo, se manifestou por meio de nota. "A Polícia Militar do Maranhão vem a público esclarecer que o documento que circula nas redes sociais onde supostamente se determina às Unidades do Interior que identifiquem lideranças antagônicas ao Governo Local e Estadual é um equívoco grave e sem precedentes, não autorizado pelo Comando da Instituição Policial Militar, que na sua gênese procurava tão somente catalogar dados informativos e estatísticos que subsidiassem um banco de dados para a elaboração do planejamento do policiamento das eleições 2018".

"Informa que logo que este equívoco foi identificado, tomou medidas imediatas para corrigir tal erro e tornar sem efeito tais medidas, assim como instaurou um procedimento de apuração legal para as devidas providencias que o caso requer".

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