Estamos em tratativa com a prefeitura para ter serviço de moto em SP, diz diretor da 99
Em janeiro de 2023, a 99 e a Uber anunciaram que começariam a operar o serviço de moto na cidade de São Paulo, porém, a prefeitura se posicionou contra à atividade
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 12 de março de 2024 às 16h00.
Última atualização em 12 de março de 2024 às 16h47.
Mais de um ano após suspender o início da operação do serviço de transporte de passageiro com moto na cidade de São Paulo, a 99 afirma que está em tratativas com o poder público para começar a operar no municipio.
"São Paulo é a única grande cidade do Brasil que não abriu o 99Moto. Está no nosso radar desde janeiro de 2023, quando iniciamos no Rio. Mas por discussões com a prefeitura, principalmente questões de legislação, achamos que não era o momento", diz Luis Gamper, diretor de duas rodas na 99, em evento de comemoração de dois anos de operação no Brasil, no Rio de Janeiro.
Em janeiro de 2023, a 99 e a Uber anunciaram que começariam a operar o serviço de transporte com moto na cidade de São Paulo, porém, a prefeitura se posicionou contra à atividade e disse que qualquer empresa que oferecesse o serviço na capital estaria sujeita a sanções administrativas, multa e até perder a licença para operar.
Na época, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) editou um decreto proibindo a modalidade de transporte na cidade. Um grupo de trabalho foi formado para discutir formas de operação de mototáxi de forma segura na capital paulista, mas até o momento não apresentou novidades sobre o tema.
Gamper explicou que, na época, a empresa estava com alta demanda pela abertura da operação em diversas cidades e por isso decidiu discutir com a administração municipal com mais calma. Hoje, a 99 opera em 3.300 munícipios brasileiros, sendo 434 no estado de São Paulo.
"Estamos em tratativas para viabilizar esse negócio na cidade. Acreditamos que será uma das principais cidades da 99Moto. Já estamos operando em todas as cidades ao redor de São Paulo, grande ABC, Guarulhos, Osasco, e temos uma boa demanda. Isso é um indicativo que São Paulo também terá uma boa demanda", afirma o executivo.
De acordo com Gamper, a principal preocupação da prefeitura ao barrar o serviço era a possibilidade da operação de transporte de passageiros com moto aumentar o número de acidentes e, consequentemente, estrangular o sistema de saúde da cidade, como ocorreu na pandemia de covid-19.
"Eles estavam preocupados se a operação não poderia sobrecarregar o sistema de saúde. Eles têm uma visão que moto causa muito acidente, e iria estressar o sistema de saúde com traumas ortopédicos. Hoje, quando olhamos os dados, em termos de negócios, sabemos faz sentido. Não temos um prazo, mas estamos em tratativa com o poder público", diz.
Na apresentação dos dados de dois anos de operação, Gamper afirmou que cerca de 99,99% das corridas de 99Moto são finalizadas sem ocorrências. Segundo a empresa, a viagem de moto da 99 é 14 vezes mais seguras do que as viagens de moto realizadas sem aplicativos. Um levantamento da empresa mostra que o DPVAT paga 57,7 indenizações por milhão de viagens em motos em geral, enquanto o aplicativo recebe uma média de 4,1 pedidos para a modalidade.
Segundo dados doInfosiga, sistema de informações de acidentes de trânsito do governo do estado, a capital registrou 406 mortes de motociclistas. No total, incluindo pedestres e as vítimas de acidentes de carro, foram 987, maior número em oito anos.
A profissão de mototaxista é regulamentada no Brasil pela lei Nº 12.009, de 2009, a mesma que trata do serviço dos motoboys. Em 2018, o então prefeito Bruno Covas (PSDB) também proibiu o transporte de passageiros em motos, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que a lei era inconstitucional e liberou a atividade na cidade, mesmo sem regulamentação.