Brasil

Estados querem aporte de R$ 75 bi para Fundo de Desenvolvimento Regional

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é contra o aumento, mas já foi avisado de que dificilmente o governo terá voto para impedir o aumento do fundo

No texto aprovado na Câmara, o repasse anual previsto é de R$ 40 bilhões (Rmcarvalho/Getty Images)

No texto aprovado na Câmara, o repasse anual previsto é de R$ 40 bilhões (Rmcarvalho/Getty Images)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 19 de outubro de 2023 às 08h29.

Os Estados vão aumentar a pressão e formalizar em carta aos senadores pedido para que o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, cuja criação está prevista na proposta de reforma tributária, receba um aporte anual de R$ 75 bilhões do governo federal. O teor dessa carta está sendo costurado pelo Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é contra o aumento, mas já foi avisado de que dificilmente o governo terá voto para impedir o aumento do fundo. Em evento na terça-feira, 17, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, chegou a dizer que a equipe econômica "não vê com bons olhos, em princípio, um incremento no fundo".

No texto aprovado na Câmara, o repasse anual previsto é de R$ 40 bilhões, valor considerado insuficiente pelos governadores para financiar os investimentos que seriam direcionados para diminuir as desigualdades regionais.

Aporte inicial de R$ 8 bilhões

O aporte começaria em R$ 8 bilhões (a preços de hoje) em 2029, com aumento gradual até o valor anual de R$ 40 bilhões a partir de 2033. A cifra de R$ 75 bilhões já havia sido pleiteada pelos governadores durante as negociações na Câmara, mas não foi aceita.

O movimento cresceu depois que o relator da reforma tributária no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), acenou na semana passada que vai aumentar o valor do fundo para buscar um acordo em torno do modelo de partilha dos recursos entre os Estados, como o Estadão já havia antecipado. Para o relator, quanto maior o valor do fundo, menor a briga entre os governadores - e mais fácil será a aprovação da reforma. Ontem, o relator sinalizou com a possibilidade de esse aumento ser gradual ao longo dos anos.

'Mix' na partilha

Uma das soluções em discussão é fazer um "mix" para a partilha dos recursos, combinando, de um lado, uma fatia maior do dinheiro para os Estados mais pobres e, de outro, uma divisão com base em critérios populacionais - o que beneficiaria os mais ricos, como São Paulo.

Não há consenso ainda sobre o modelo. Um mix levando em conta 50% para cada um dos dois critérios foi apresentado, mas os Estados do Norte e Nordeste não aceitam. Eles querem um modelo em que 80% dos recursos sejam divididos pelo critério de "PIB invertido" (quanto menor, maior o repasse); 10% pelo critério populacional e outros 10% igualmente entre eles. Na negociação, um meio-termo entre esses dois modelos é o mais provável que ocorra, segundo apurou o Estadão.

O relator pretende apresentar o seu parecer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no dia 24 de outubro. A votação no plenário do Senado está prevista para acontecer entre os dias 8 e 9 de novembro.

Acompanhe tudo sobre:Fernando HaddadSenado

Mais de Brasil

Polícia acha meia tonelada de cocaína em contêiner de açúcar no litoral de SP

Lula pede regulação de redes sociais e diz que big techs não podem ganhar dinheiro com mentiras

Comissão da Câmara discute criação de auxílio para pessoas atingidas pelas enchentes no RS

Governo de SP confirma Equatorial como investidora estratégica da Sabesp

Mais na Exame