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Escolhas de Doria para secretarias prejudicam alcance do PSDB em SP

De olho na eleição de 2022, o governador tirou o comando de áreas estratégicas das mãos de seu partido

Doria: pela primeira vez, quadros políticos ou técnicos da sigla não estão à frente das secretarias (Wilson Dias/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de janeiro de 2019 às 09h59.

São Paulo — Com a chegada de João Doria ao Palácio dos Bandeirantes, o comando de áreas estratégicas do primeiro e também do segundo escalões do governo saiu das mãos do PSDB, o partido do governador.

Pela primeira vez, quadros políticos ou técnicos da sigla não estão à frente das secretarias e empresas mais importantes do Estado, como as pastas de Governo, Fazenda, Transportes Metropolitanos e Casa Civil, além do Metrô.

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Já de olho na eleição presidencial de 2022, Doria repassou a aliados funções tradicionalmente entregues aos tucanos desde o governo de Mario Covas — eleito em 1994.

Além disso, no plano nacional, Doria tem feito críticas abertas ao PSDB e defendido a "reestruturação" do partido. O governador até lançou o deputado Bruno Araújo (PE), um nome de sua confiança, à presidência do partido na convenção marcada para maio.

A lista no Bandeirantes é encabeçada pelo vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), que acumula a Secretaria de Governo. Nem mesmo durante a gestão Márcio França (PSB) esse posto foi tirado de um tucano. Saulo de Castro ficou no cargo até o fim.

Presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin também deu espaço a partidos que o apoiavam, mas privilegiou correligionários em todas as suas passagens pelo Bandeirantes nos setores considerados mais sensíveis, como Transportes Metropolitanos.

Agora, não só o comando da pasta está com o PP, de Alexandre Baldy, mas a presidência do Metrô também não é mais de um técnico da empresa. O escolhido é Silvani Alves Pereira, ex-secretário executivo do Ministério das Cidades do governo Temer.

Para a Casa Civil, Doria nomeou o ex-ministro Gilberto Kassab (PSD), que se licenciou do cargo para se defender de suspeitas no âmbito da Lava Jato. Executivos da J&F afirmam que pagaram R$ 58 milhões a Kassab, o que ele nega.

Nos governos Alckmin, o posto sempre foi ocupado por políticos tradicionais do partido em São Paulo, como Samuel Moreira, Edson Aparecido e Sidney Beraldo. Quando foi governador, José Serra também colocou seu homem de confiança no cargo: Aloysio Nunes.

Na Fazenda e Planejamento, outra surpresa. Saem os quadros técnicos do partido para dar espaço a Henrique Meirelles (MDB), que não é tucano, mas tem status de "estrela do secretariado".

Outro que chega para acumular cargos é Nelson de Souza, que comandou a Caixa Econômica Federal até dezembro e agora presidirá três empresas estaduais, entre elas, a Emplasa, responsável pelo planejamento metropolitano.

"Isso sem falar que a maioria dos secretários nomeados é de fora. Não sei que estratégia é essa, tenho minhas dúvidas se vai dar certo. Não conhecer as demandas e as pessoas do Estado, como prefeitos e deputados, pode dar problema", disse Pedro Tobias, presidente do diretório paulista do PSDB.

Nomeado para a nova pasta de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi (PSDB) diz que as escolhas seguiram critérios técnicos.

"O PSDB ganhou as eleições de São Paulo e está muito bem representado", disse. Procurado, o governador não quis comentar.

Mesmo que não fossem comandadas anteriormente pelo PSDB, Saúde, Educação e Segurança Pública sempre foram entregues a quadros próximos a governos ou governadores tucanos.

Desde o dia 1.º, no entanto, Educação está sob o comando de Rossieli Soares (ligado ao DEM), Saúde tem em José Henrique Germann um secretário do mercado e Segurança, pela primeira vez, está na responsabilidade de um general. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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