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Entenda a crise migratória na fronteira entre Brasil e Venezuela

Segundo estimativa da prefeitura de Boa Vista, cerca de 25 mil venezuelanos estão instalados na cidade, o que equivale a 7,5% de sua população total

Venezuelanos: Cerca de 56 mil venezuelanos solicitaram refúgio ou residência no Brasil desde 2015 (Douglas Juarez/Reuters)
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AFP

Publicado em 28 de agosto de 2018 às 11h06.

No Brasil, o estado de Roraima , fronteiriço com a Venezuela , é o que mais tem sentido nos últimos dois anos os impactos da crise no país vizinho, onde faltam medicamentos, atenção sanitária e alimentos.

De acordo com a Polícia Federal (PF), de 2015 a junho de 2018, um total de 56.740 venezuelanos solicitaram refúgio ou residência no Brasil, embora seja difícil precisar quantos permanecem no país.

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Segundo a última estimativa da prefeitura de Boa Vista, capital de Roraima, a 200 km da fronteira, aproximadamente 25.000 venezuelanos estão instalados atualmente na cidade, o que equivale a 7,5% de sua população total, de cerca de 332.000 habitantes.

Muitos foram alojados em uma dezena de refúgios administrados pelo Exército, pela agência da ONU para os Refugiados (Acnur) e ONGs, mas cerca de 10% (2.500) ainda dorme na rua.

Muitos acampam durante meses nas esquinas e nos terrenos baldios, vivendo de doações de comida e roupas. Também é comum ver nos semáforos grupos de homens e mulheres lavando os vidros dos automóveis e oferecendo outros serviços por moedas.

A onda de imigrantes buscando atenção médica e serviços básicos colocou sob pressão os hospitais e escolas da cidade, assim como o saturado mercado de trabalho.

Os hospitais de Roraima registraram mais de 50.000 consultas e atendimentos médicas a venezuelanos em 2017, um número que chegou a 45.000 apenas nos primeiros três meses deste ano, segundo números oficiais.

A disputa por camas de hospital e postos de trabalho, assim como o aumento da delinquência em determinadas regiões de Boa Vista e na fronteiriça Pacaraima geraram tensões com a população local.

Há uma semana, um grupo de moradores de Pacaraima incendiou acampamentos de imigrantes e os expulsaram ao outro lado da fronteira.

"Estamos muito perto do limite. Ninguém vai conseguir suportar se o fluxo continuar, e o governo federal faz de conta que não está acontecendo nada em Roraima", disse à AFP Marcelo Lopes, secretário do Gabinete Institucional do Governo de Roraima.

A solicitação mais urgente das autoridades locais é a realocação dos imigrantes em outros estados brasileiros.

Até agora, apenas 820 venezuelanos foram transferidos e 270 serão trasladados nesta semana.

O ministro de Segurança Pública, Raúl Jungmann, admitiu que o processo de transferências não está funcionando com a rapidez necessária, mas assegurou que o governo federal está empenhado a prestar assistência necessária para continuar acolhendo os imigrantes. E reiterou que não fechará a fronteira.

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