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Empresário aponta propina a pai do deputado Hugo Motta

Nabor Wanderley da Nóbrega Filho, pai do peemedebista, é candidato a prefeito do cidade de Patos (PB) pelo PMDB


	Dinheiro: pai do deputado teria recebido 10% em propina sobre obra da prefeitura do município de Patos
 (Adriano Machado/Bloomberg)

Dinheiro: pai do deputado teria recebido 10% em propina sobre obra da prefeitura do município de Patos (Adriano Machado/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2016 às 14h40.

Brasília - O empresário José Aloysio da Costa Machado Neto, um dos donos da Soconstrói, empresa investigada na operação Desumanidade, afirmou em proposta de delação premiada que o pai do deputado Hugo Motta (PMDB-PB) recebeu 10% em propina sobre obra da prefeitura do município de Patos.

Nabor Wanderley da Nóbrega Filho, pai do peemedebista, é candidato a prefeito do cidade pelo PMDB. De acordo com o depoimento, a propina saiu de um contrato de terraplanagem de ruas de Patos.

Nabor é o candidato do grupo político da família Motta à Prefeitura de Patos. Sua candidatura havia sido impugnada pela Justiça, mas ele recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba e o relator do caso, Ricardo Costa Freitas, votou pela liberação da chapa para disputar o pleito. A decisão final está prevista para a próxima semana.

"Hugo Motta já era deputado federal nesta época. Nabor ganha as eleições e todas as obras vão ser executadas por Segundo Madruga, as empresas eram emprestadas, 10% do valor das obras iriam para o grupo político comandado por Nabor - o grupo envolve Nabor, Hugo Motta, Chica Motta, Ilanna Motta e outros menores", explicou o empresário em sua proposta de delação.

O empresário também afirmou que Segundo Madruga, prefeito da cidade vizinha de Emas (PB), e cunhado de Hugo Motta, se reuniu com Nabor Wanderley para determinar que a obra de terraplanagem ficaria a cargo da empresa de fachada Suport.

"Isto ocorreu em 2010, o contrato tinha o valor de 1 milhão e 96 mil. Que no caso em específico a fraude se deu pela especificidade e direcionamento do Edital", afirmou o empresário. Ao Ministério Público Federal, o empresário declarou que os editais da Prefeitura de Patos são confeccionados com algumas exigências e restrições para beneficiar algumas empresas.

José Aloysio da Costa Machado Neto disse que Segundo Madruga, cunhado de Motta, solicitou o acervo técnico da empresa para que o presidente da licitação e Secretário de Planejamento à época, identificado como Corcino, enquadrasse ao edital.

"Hugo Motta havia determinado a Corcino que o Edital deveria atender a empresa. Que o primeiro edital que Corcino fez não atendia ao acervo do colaborador (José Aloysio da Costa Machado Neto) então Hugo chamou a atenção dele para que fosse elaborado um novo Edital atendendo ao acervo para que a empresa pudesse vencer. A Suport participou e venceu", revelou o empresário.

Em depoimento gravado em vídeo em 4 de agosto deste ano, José Aloysio da Costa Machado Neto declarou que em determinado momento o dinheiro destinado ao pai de Hugo Motta era transferido direto da conta da Suport para a empresa Engemaia (Junior Maia), para arcar com débitos de Nabor.

"Nabor geralmente recebia em espécie, mas no final a parte de Nabor ia diretamente para a Engemaia (Junior Maia). Esta construtora ainda existe e o sócio é vivo", afirmou o empresário.

Integrantes da família de Hugo Motta foram alvos de duas operações do Ministério Público Federal da Paraíba. A Desumanidade investiga desvios na construção de Unidades Básicas de Saúde em Patos e a Veiculação apura fraude na locação de veículos em três cidades cujos prefeitos são parentes dos Motta.

A Veiculação prendeu Ilanna Motta, mãe de Hugo Motta, Segundo Madruga, seu cunhado, e Rene Caroca, casado com sua mãe, e conduziu coercitivamente Chica Motta, avó do peemedebista. A Procuradoria da República, na Paraíba, mapeou repasses para mãe e cunhado de ex-presidente da CPI da Petrobrás.

Familiares do deputado Hugo Motta (PMDB-PB) teriam recebido valores desviados do Fundo Nacional de Saúde que seriam utilizados na construção de uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

Nabor Wanderley diz desconhecer a proposta de delação citada nesta matéria. "Julgo muito estranha essa proposta de delação e conclusões totalmente inverídicas às vésperas da eleição, claramente com o intuito de influenciar o pleito, já que não conheço os dados mencionados", argumentou.

Wanderley afirma ainda que jamais solicitou recursos ou interferiu em processos licitatórios de quaisquer órgãos públicos da Paraíba. "Confio na Justiça e no Ministério Público Federal e coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos, na certeza de que a verdade sempre vence. No momento oportuno, toda a verdade será esclarecida e tomarei as providencias judiciais cabíveis contra os autores das inverdades."

Por sua vez, o advogado Solon Benevides, que representa os integrantes da família Motta, afirmou ao Estado que os fatos não podem ser objeto de análise pública porque estão sob sigilo. Segundo ele, a prefeita Chica Motta mandou abrir uma sindicância para apurar as possíveis irregularidades.

"No curso da instrução vamos provar que as acusações não tem procedência", afirmou Benevides. O Estado não conseguiu contato com a defesa de Segundo Madruga.

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