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Em prestação de contas, Moro omitiu que fez palestra remunerada

Novos vazamentos indicam que Moro não informou palestra pra 2 mil pessoas. Ministro disse que foi "puro lapso"

Sergio Moro: "palestra bem paga", disse ao procurador Dallagnol (Adriano Machado/Reuters)

Sergio Moro: "palestra bem paga", disse ao procurador Dallagnol (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2019 às 11h16.

Última atualização em 4 de agosto de 2019 às 11h19.

São Paulo – A omissão de uma palestra remunerada sobre combate à corrupção dada pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, em setembro de 2016, quando era juiz federal, foi revelada na edição de hoje do Jornal Folha de São Paulo, em conjunto com site The Intercept Brasil.

Ao jornal, Moro confirmou que por “puro lapso” não informou que esteve em Novo Hamburgo (RS) e falou sobre combate à corrupção para 2 mil pessoas no dia 24 de setembro de 2016. Na época, Moro era o juiz responsável pelas ações da Lava Jato.

Resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de junho de 2016 passou a obrigar juízes de todas as instâncias a registrar informações sobre palestras e atividades classificadas como docentes. Segundo o Tribunal Regional Federal da 4ª região, Moro declarou participação em 16 eventos externos em 2016, e essa palestra não consta na prestação de contas.

Em mensagens divulgadas pelo jornal, Moro, em 22 de maio de 2017, se lembrava do evento. Ele disse ao procurador Deltan Dallagnol, por meio do aplicativo Telegram, que um executivo do Grupo Sinos (que contratou a palestra em Novo Hamburgo) queria o contato de Dallagnol para fazer um convite:

“Ano passado dei uma palestra lá para eles, bem organizada e bem paga”, diz Moro. “ Passa sim”, responde o procurador, coordenador da força tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba.

A Folha divulgou que Moro recebeu entre 10 mil e 15 mil reais pela palestra, segundo disse uma pessoa que participou da organização do evento.  O Grupo Sinos é dono de uma emissora de rádio e jornais da região de Novo Hamburgo (RS)

Em 15 de março de 2008, o procurador esteve no mesmo teatro em Novo Hamburgo (RS) e palestrou para 600 pessoas. Em mensagem para sua mulher, Dallagnol disse ter cobrado 10 mil reais.  “Ficaram vidrados, aplaudiram no meio e de pé ao fim. Engajados”, diz a mensagem de Dallagnol.

Entenda os vazamentos

Desde o dia 09 de junho, o Intercept vem revelando uma série de conversas privadas que mostram Moro e procuradores, principalmente Deltan Dallagnol, combinando estratégias de investigação e de comunicação com a imprensa no âmbito da Operação Lava Jato.

Segundo as revelações, o ex-juiz sugeriu mudanças nas ordens das operações, antecipou ao menos uma decisão e deu pistas informais de investigações nos casos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O site é de Glenn Greenwald, um jornalista americano vencedor do prêmio Pulitzer por ter revelado, em 2013, um sistema de espionagem em massa dos EUA com base em dados vazados por Edward Snowden.

Como as revelações vieram a público por uma reportagem, ainda será necessária uma extensa investigação, provavelmente conduzida pela Polícia Federal, para confirmar as implicações jurídicas.

O vazamento de informações sigilosas no âmbito da Lava Jato tem sido comum desde o início da operação em 2014.

Fonte do Intercept

Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (26) pela VEJA, a fonte que entregou os diálogos ao jornalista Glenn Greenwald negou que também tenha sido responsável pela invasão ao Telegram do Ministro da Justiça, Sergio Moro.

Em mensagens trocadas em 5 de junho, o Greenwald pergunta à fonte se ela havia lido uma reportagem da Folha de S.Paulo sobre a invasão ao celular do ministro.

O título da matéria dizia que o hacker usou aplicativos do aparelho e trocou mensagens por seis horas. “Posso garantir que não fomos nós”, responde a fonte, em mensagem transcrita de forma literal.

“Nunca trocamos mensagens, só puxamos. Se fizéssemos isso ia ficar muito na cara”, diz a fonte em outra mensagem, antes de criticar o método de ação empregado contra o ministro. “Nós não somos ‘hackers newbies’ [amadores], a notícia não condiz com nosso modo de operar, nós acessamos telegrama com a finalidade de extrair conversas e fazer justiça, trazendo a verdade para o povo”.

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