Ministro do turismo depõe no Senado enquanto PSL continua em conflito
Marcelo Álvaro já recusou 3 convites para falar sobre candidaturas-laranja no Congresso, mas na condição de convocado, não poderá faltar ao encontro
Da Redação
Publicado em 22 de outubro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 22 de outubro de 2019 às 10h12.
O depoimento de Marcelo Álvaro Antônio no Senado deve incrementar ainda mais a imensa crise que se apossou de seu partido. No início do mês, o ministro do Turismo foi indiciado pela Polícia Federal (PF) e denunciado pelo Ministério Público (MP) de Minas gerais por um esquema de candidaturas laranjas realizado pelo PSL . No passado, Álvaro já recusou três convites para falar sobre o tema, mas, desta vez, na condição convocado, não poderá faltar ao encontro desta terça-feira 22.
O depoimento deve dividir as atenções nesta terça-feira com o segundo turno da reforma da Previdência no Senado.O pedido de convocação do ministro foi feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e aceito pela Comissão de Fiscalização e Controle do Senado no mesmo dia em que a PF indiciou Álvaro no inquérito da Operação Sufrágio Ostentação, que imputou ao ministro os crimes de falsidade ideológica, associação criminosa e apropriação indébita.
Marcelo Álvaro também foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais, que apresentou denúncia contra o ministro por supostamente utilizar candidaturas de fachada para acessar recursos do fundo eleitoral nas eleições do ano passado. Na época, Álvaro era presidente do PSL mineiro.
Agora, o ministro é denunciado por articular um esquema de candidaturas femininas laranjas. Por lei, cada partido deve garantir o mínimo de 30% de candidatas do sexo feminino. O esquema do PSL, segundo a PF, se baseava em apresentar candidatas sem ter a intenção delas serem eleitas, mas com o intuito de acessar recursos exclusivos do fundo eleitoral.
Mesmo com as denúncias, o presidente Jair Bolsonaro descartou exonerar o ministro até os resultados finais das investigações. “O presidente da República aguardará o desenrolar do processo. O ministro permanece no cargo”, disse o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros. Desde o início das investigações sobre a atuação de Marcelo Álvaro e de seus assessores, Bolsonaro indicou que aguardaria a apuração da PF para definir o futuro do ministro.
Nas últimas semanas, o presidente tomou posição semelhante para justificar a permanência do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), que foi alvo de mandados de busca e apreensão da PF em setembro. Enquanto isso, Álvaro segue negando as acusações.“Por que me afastaria se tenho a consciência tranquila? Não vejo problema nenhum”, declarou.
Tudo acontece em meio a uma imensa crise iniciada pela queda de braço entre Bolsonaro e o ex-líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir. Enquanto o presidente está do outro lado do mundo ㄧ viajou à Ásia para buscar investimentos estrangeiros ㄧ, seu filho conseguiu ontem assumir a liderança da banca na Câmara. Para Bolsonaro, seu filho deve abrir mão da embaixada nos Estados Unidos para “pacificar o partido”. Seja lá o que isso quer dizer.