Brasil

Economist: desafios políticos do pré-sal são maiores que os técnicos

Interferência exagerada do governo na gestão da Petrobras e corrupção na gestão dos recursos do pré-sal são alguns dos desafios apontados pela revista

Economist diz que o Brasil pode não ter o mesmo sucesso da Petrobras com o pré-sal (Mário Rodrigues/VEJA São Paulo)

Economist diz que o Brasil pode não ter o mesmo sucesso da Petrobras com o pré-sal (Mário Rodrigues/VEJA São Paulo)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2011 às 16h55.

São Paulo - Reportagem da revista britânica The Economist que chega às bancas nesta quinta-feira (3) afirma que os problemas políticos em torno da exploração do petróleo da camada pré-sal serão muito maiores do que os desafios técnicos para viabilizar a extração do "ouro negro".

As barreiras tecnológicas sozinhas já seriam uma grande dor de cabeça para o país. A Economist lembra que o óleo está em uma região "ultra profunda". Por isso, o solo será perfurado em uma situação em que a pressão sobre o sistema é três vezes maior do que em uma extração de petróleo comum.

Além disso, é grande a probabilidade do sal da camada se movimentar, fechando o orifício já perfurado. Finalmente, o petróleo que será prospectado tem substâncias altamente corrosivas em sua composição, o que requer um sistema especial de tubos e conexões que conduzirão o óleo até a plataforma.

Porém, segundo o texto da revista, os obstáculos políticos para explorar a camada pré-sal são "mais assustadores do que os geológicos". A reportagem diz que a insistência do governo no fato de que a Petrobras será a operadora exclusiva do pré-sal levou a preços inflados e atrasos desnecessários no cronograma da extração do petróleo. "E uma capitalização muito complicada no ano passado diluiu a participação dos acionistas minoritários e trouxe o fantasma da interferência estatal na gestão da empresa", acrescenta.

Sob esta perspectiva, a Economist diz que, mesmo que a Petrobras sobreviva aos duros testes impostos pelo pré-sal, talvez o país como um todo não tenha o mesmo sucesso. A reportagem lembra que o governo brasileiro pretende direcionar suas receitas obtidas com a exploração de petróleo para o fundo soberano, evitando assim uma valorização indesejada do real.

"Eventualmente o dinheiro será gasto para o bem das gerações futuras. Mas muitos políticos locais já se referem ao pré-sal como um pote de ouro no fundo do oceano - uma riqueza vasta capaz de resolver todos os males do Brasil, inclusive o deles. Uma vez que o dinheiro arrecadado com os impostos já é abundante, e frequentemente desperdiçado, não há razão para pensar que as receitas do pré-sal serão gastas de forma mais eficiente", afirma a revista.

A Economist sugere que não seria surpresa se os recursos do fundo virassem alvo de políticos para uso com fins duvidosos. E complementa lembrando que o Brasil ocupa a 69ª posição de 178 países em um ranking da ONG Transparência Internacional que classifica as nações com base na percepção que suas populações tem da corrupção no governo.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCorrupçãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasFraudesGás e combustíveisGovernoIndústria do petróleoPetrobrasPetróleoPré-salThe Economist

Mais de Brasil

SP ainda tem 36 mil casas sem energia neste domingo

Ponte que liga os estados de Tocantins e Maranhão desaba; veja vídeo

Como chegar em Gramado? Veja rotas alternativas após queda de avião

Vai viajar para São Paulo? Ao menos 18 praias estão impróprias para banho; veja lista