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Doleiro tratou de mais R$ 2,7 milhões, diz PF

Trocas de mensagens de Alberto Yousseff de comandar um esquema de lavagem de dinheiro citam mais valores e datas de doações

Brasão da Polícia Federal: o doleiro teria intermediado outros repasses para destinatários ainda não identificados (Polícia Federal/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2014 às 09h42.

Brasília e São Paulo - A Polícia Federal trabalha com novas pistas que podem elevar em mais R$ 2,7 milhões os recursos distribuídos na campanha eleitoral de 2010 com intermediação do doleiro Alberto Yousseff, preso no mês passado pela Operação Lava Jato .

Trocas de mensagens do suspeito de comandar um esquema de lavagem de dinheiro citam mais valores e datas de doações, além do ex-presidente do PP Pedro Corrêa, condenado no processo do mensalão.

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Documentos apreendidos pelos investigadores mostram que, além dos R$ 4,64 milhões encaminhados a deputados e diretórios do PP e ao PMDB de Rondônia sob intermediação de Yousseff, revelados hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo, o doleiro teria intermediado outros repasses para destinatários ainda não identificados. A movimentação financeira será alvo de análise da Procuradoria Eleitoral.

Uma das pistas aponta a existência de um personagem identificado apenas como "Chico Lopez". Em troca de e-mail com Yousseff, o interlocutor lista nove correlações de datas e valores que vão de julho a setembro de 2010, num total de R$ 2,669 milhões. A PF anota que será necessário identificar o destinatário desses recursos.

Cidades

Na lista de comunicações sob suspeita há uma mensagem de outro interlocutor, ainda não identificado pela PF. O título é "número das contas".

O conteúdo traz uma lista de nomes, contas bancárias e valores. Pedro Corrêa aparece nesta relação como beneficiário de R$ 20 mil. Há ainda na relação um ex-funcionário da Câmara e uma servidora do Ministério das Cidades, controlado pelo PP desde o governo Luiz Inácio Lula da Silva.


O total dos recursos que deveriam ser depositados é de R$ 100 mil, mas não se sabe se os funcionários seriam os destinatários ou intermediários desses recursos.

O jornal mostrou hoje que documentos da investigação mostram Yousseff intermediando contribuições da empreiteira Queiroz Galvão e da Jaraguá Empreendimentos, ambas fornecedoras da Petrobrás, ao diretório nacional do PP, às seções regionais da legenda na Bahia e em Pernambuco e aos deputados Nelson Meurer (PR), Roberto Teixeira (PE), Aline Corrêa (SP) e Roberto Britto (BA), além de Pedro Henry (MT), que renunciou ao mandato após ter ordem de prisão expedida pela condenação no processo do mensalão.

O diretório do PMDB de Rondônia, controlado pelo presidente nacional em exercício do partido, senador Valdir Raupp, também aparece na lista. Essas doações correspondem a valores declarados por partidos e candidatos à Justiça Eleitoral.

Além de suspeito de comandar o esquema de lavagem, Yousseff é investigado pela ligação com o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, detido na mesma operação da PF.

O doleiro deu um Land Rover de R$ 250 mil ao ex-diretor e pagou despesas dele com hotel, segundo a apuração. Indicado pelo PP e com trânsito amplo no PMDB e no PT, Costa foi um dos principais operadores da construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e é suspeito de corrupção passiva.

A reportagem voltou a procurar Pedro Corrêa e os deputados e diretórios citados nos e-mails de Yousseff que não haviam sido localizados antes, mas ninguém quis comentar o caso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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